Prólogo

410 21 10
                                    

Nada se ouvia naquele porão escuro além dos suspiros e bufadas de Lilith Forbes, que se encontrava em um nível de frustração que pensou que não atingiria antes dos vinte

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Nada se ouvia naquele porão escuro além dos suspiros e bufadas de Lilith Forbes, que se encontrava em um nível de frustração que pensou que não atingiria antes dos vinte. Irritada com os pais e consigo mesma, trancada no escuro e empoeirado porão, lhe faltava pouco para perder a própria lucidez.
Ficarei louca antes mesmo de me formar, constatou consigo mesma ao ouvir seu estômago dando sinais de fome.

Seu pai a dissera que a mesma ficaria ali, pensando em seus maus atos, até que implorasse para sair de sede, fome ou frio.
Ao se lembrar do tom mesquinho de seu pai e da maneira em que sua mãos a machucaram ao trazê-la a força até o porão, a morena começou a socar a porta, pronunciando todos os palavrões que buscara em seu vocabulário, mas era possível sentir o desespero em suas palavras.
Ela odiava essa maldita pressão que despejavam em suas costas, odiava que a obrigassem seguir um modelo de pessoa que ela claramente não era, odiava seus pais por tornarem sua vida em um verdadeiro inferno.
Se naquele lugar houvesse janelas, com certeza os vidros já estariam estilhaçados.
Bom, talvez seja por isso que ele tenha te botado em um porão, constatou a morena.

Depois de ter seus dedos totalmente doloridos e quase sangrando de tanto esmurrar a porta, Lilith desistiu da tentativa falha de fazer seus pais terem piedade da mesma.

Em sua mente vários questionamentos se embaralhavam, mas o que se sobressaía era o que levava seus pais a acharem que a castigando daquela maneira, iria ajudá-la. Depois de sair daquele quarto e, principalmente, daquela casa, não seria apenas um cigarro que a pegariam tragando, e sim o maço inteiro. Com pensamentos de ódio direcionados aos seus pais e frustrações perante sua vida, Lilith adormeceu no chão do escuro quarto, encostada na porta.

Naquela mesma noite, Jack Colehan finalmente chegava à Springdale. Mais especificamente, à casa de sua irmã. O garoto de cabelos castanhos desceu de sua moto e tocou a campainha. Aaliyah abriu a porta ansiosa, já sabendo de quem se tratava. Seu irmão caçula finalmente chegara pra passar uma temporada com ela. Depois de ter alguns pequenos problemas com comportamento e notas em Toronto, seus pais decidiram que dar um voto de confiança poderia fazer o garoto rebelde criar algo parecido com responsabilidade. Talvez, por ver que não teria tudo com tanta facilidade quanto tinha quando morava com seus pais.
Aaliyah, é claro que aceitou seu querido irmão em sua casa.

— Meu Deus, você cresceu tanto! Não acredito que perdi sua transição da fase adolescente espinhento para rebelde sem causa! —Aaliyah tagarelava enquanto sufocava seu irmão, ou pelo menos achava que sufocava, pois o caçula já tinha o dobro de seu tamanho.

— Eu também senti sua falta, Aali. E você não perdeu muita coisa já que pulei essa parte de adolescente espinhento. — Jack apertou sua irmã em seus braços enquanto bagunçava seus cabelos. — Mas agora seria legal se me deixasse entrar, a noite não está das mais quentes hoje.

— Até parece! — revirou os olhos desacreditada com o irmão. Ele continuava o mesmo convencido — Não acredito, Jack. Só trouxe uma mochila? — perguntou com descrença puxando seu irmão para dentro.

Não era possível que alguém pudesse trazer roupas para uma temporada e seus demais pertences pessoais em apenas uma mochila.

— Não teria como trazer uma mala na minha moto, e trouxe apenas o essencial. Se eu precisar de algo mais eu posso comprar por aqui, já que vou ficar por um bom tempo. — Jack diz enquanto caminhava pela sala, observando a aconchegante casa de sua irmã.

— Pode subir se quiser descansar, a viajem deve ter sido cansativa. Seu quarto é a última porta à direita. O quarto é simples, mas tem um banheiro lá, acho que vai gostar — Aaliyah dizia enquanto se sentava no sofá e voltava a atenção para a série que assistia antes.

— Vou subir então, Aali. Depois nos falamos. — Jack disse subindo apressado.

Abriu a porta que sua irmã havia dito para o mesmo e se deparou com um quarto mediano, com um armário, uma cama de solteiro, uma escrivaninha ao lado e uma porta que, provavelmente, daria ao tal banheiro que Aaliyah havia lhe falado. Jogou a mochila no chão e foi até a janela, abrindo a persiana.

Observou com curiosidade a janela que dava de frente para seu quarto, um pouco mais a cima. Não tinha como não olhar, era a única luz em meio a escuridão da madrugada. Cortinas vermelhas abertas, luzes acesas, armário aberto, mas ninguém ocupava o quarto, pelo o que até aonde seus olhos viam. Era madrugada, todos já deveriam estar dormindo, era como se a pessoa que ocupava aquele quarto tivesse interrompido o que estava fazendo e saído de lá, deixando tudo de forma estranha. Certamente, a pessoa que era dona daquele quarto havia saído de manhã e bem apressada. Pois se tivesse saído já tarde, teria ao menos fechado as cortinas, e se estivesse com menos pressa, teria fechado o armário ou ao menos apagado as luzes. Colehan achou melhor deixar a vida dos vizinhos pra lá, já que não lhe dizia respeito e, muito menos lhe interessava, mas seu fascínio por séries de detetive e criminais o encorajou a checar mais algumas vezes.

Depois de tomar um longo banho, deitou em sua nova cama e apagou. Provavelmente, acordarei no outro dia depois do almoço, pensou consigo mesmo.
Amanhã era um novo dia e no próximo, ele já teria que voltar ao inferno, muito conhecido também como colegial.

 𝑩𝒂𝒅 𝑹𝒆𝒑𝒖𝒕𝒂𝒕𝒊𝒐𝒏Onde histórias criam vida. Descubra agora