strawberries & cigarettes; chensung.

ten; 열

jisung's p.o.v

    Subimos para o quarto. Estávamos sentados na cama e Zhong não parava de reclamar do irmão.

     De verdade, nunca vi Chenle reclamar e xingar tanto. Eu sabia que Renjun faria uma coisa dessas, era extremamente provável.

     Pelo visto, o baixinho do meu lado realmente não entendia que o irmão tinha apenas 10 anos e não entendia muito bem do que aquilo se tratava.

   — Chenle, deixa pra lá. Seus pais aceitaram na boa.

   — Eu sei, Jisung. Mas o Renjun prometeu pra mim que não ia contar. E ainda levou meu dinheiro

   Assim que ele terminou a frase, ouvimos batidas na porta. Lele pediu para que a pessoa entrasse, mas só viu um bilhetinho passando por de baixo da porta.

   O mesmo se levantou para buscar

   — Ah pronto agora eu choro

    Me levantei para ver do que se tratava.

    Renjun enviou para Chenle uma cartinha, escrito: "Desculpa, eu não fiz por mal... Não queria que você reagisse assim. Pensei que fosse melhor avisar pra mamãe e pro papai antes. Te amo :(
Assinado: Renjun!"

     Na parte de trás do bilhete, estavam os 35 reais prometidos.

   Coloquei minha mão no ombro do menor em minha frente. Que olhou pra mim com um rostinho triste, e abriu a porta. Lá estava Renjun, com seus 1,58 de altura, olhando para cima com os olhinhos cheios de lágrimas.

    Chenle deu um abraço no irmãozinho. Ficaram ali por bastante tempo.

    — Eu também te amo. não faz mais um negócio desses, é sério.

    Renjun fez que sim com a cabeça, e com sua mãozinha, puxou a barra do meu moletom. Como forma de dizer para que eu me juntasse ao abraço.

    Meus braços eram longos (ou os dois meninos eram bem pequenos, tem essa possibilidade) então acabei cobrindo ambos.

   Logo, o abraço foi desatado. Renjun olhou para mim e disse as seguintes palavras:

   — Sem querer eu te envolvi, também te devo desculpas.

   Passei minha mão por sua cabeça e baguncei seus cabelos. "Está tudo bem", respondi.

   O pequeno enxugou as lágrimas e sorriu, indo embora.

— Vou dormir antes que eu comece a chorar igual um desgraçado.

— Chenle????? É oito da noite.

— Top top, dormir cedinho.

O pequeno se jogou na cama, ocupando 70% do espaço.

A única coisa que passava na minha cabeça era "????????????" POR QUE ELE FOI DORMIR DE OITO HORAS????? Agora eu vou ficar zanzando nesse quarto até umas 4h da manhã. Sozinho.

Mais uma pra lista de "dias em que o Chenle foi dormir mais cedo que eu e tive que ficar ouvindo música até às cinco".

Será que se eu mexer no playstation dele, ele me bate? Vou tentar

Abortar missão. Ele jogou um sapato em mim. O maluco não tava dormindo?

— Lele deixa eu mexer no teu playstation...

— Deixo, mas pede antes. — Ditou o menor com uma voz sonolenta e abafada, por estar com a cara enfiada nos travesseiros.

...

O relógio marcava 4h42 da manhã, Zhong estava num sono muito profundo. Era o momento perfeito para ir embora. Precisava de um tempo só para mim, para por meus pensamentos em ordem. Tenho medo de estar enganado, e acabar magoando Chenle. Eu não mereço ele. Nunca conheci alguém tão perfeito quanto o mesmo, eu não estou brincando. Ele consegue ser legal, gentil, inteligente, entre outras coisas. Eu poderia passar uma tarde inteira apenas citando as qualidades desse chinês, que por algum motivo acabou se tornando a pessoa mais importante da minha vida.

Pensei em deixar uma cartinha para ele antes de sair, mas nunca fui bom com palavras. Não queria deixá-lo preocupado, então escrevi "Saí por um tempo, preciso de um tempo para raciocinar direito"
Espero que entenda.

A cada passo que eu dava para descer aqueles degraus era uma língua diferente na qual eu estava rezando. Para o meu bem, ninguém acordou.

Peguei uma chave que estava em cima da mesa e abri a porta, tranquei e depois coloquei na caixa do correio.

O céu ainda estava um pouco escuro e frio. Estava bastante gelado na verdade.

O Chenle vai me odiar? Talvez. Fugi da casa dele porque não queria admitir (para eu mesmo) que estou completamente apaixonado? Sim. Não sou bom em demonstrar sentimentos. Eu realmente espero que algum dia meu pequeno ache alguém que lhe dê o carinho que merece. Infelizmente essa pessoa não sou eu.

Fui para a casa da minha tia, era lá que minha mãe estava. Sinceramente, acho que ela só aceitou por conta do momento em que eu falei.

Provavelmente ela acha que sou gay. Minha mãe não conhece muito sobre essas coisas então provavelmente não sabe a existência da bissexualidade. Enfim, vou deixá-la achar o que quiser, contanto que ela me aceite e me apoie.

Bati na porta e logo vi duas mulheres desesperadas correndo para atender. A mulher mais velha e minha tia me abraçaram com muita força, cheguei a ficar sem ar

— Filho onde você estava? Fiquei preocupada

— Na casa de Chenle, mãe.

— Esses dias todos??

Fiz que sim e ela sorriu sacudindo a cabeça.

Aparentemente minha tia também já sabia de tudo. Haja paciência.

— Tava na casa do namoradinho, Sung?

— Ele ainda não é meu namorado tia.

— Gostei que você colocou o "ainda" na frase. Significa que um dia vai ser — Riu, enquanto bagunçava o meu cabelo.

— Me conta como foi — Disse minha mãe, muito curiosa por sinal.

— A gente ouviu música e jogou vídeo games, o de sempre.

— Ele tá achando que a gente é palhaça — Minha tia se intrometeu na conversa.

Eu já estava parecendo um um pimentão agora minha cara foi no chão e voltou. O que eu fiz pra merecer Jesus Cristo...

— Prefiro não comentar — Foi só eu ter dito isso que as duas caíram numa gargalhada maliciosa.

Peguei minhas coisas e fui pro quarto. Meus primos estavam dormindo na sala ao lado, teria que ficar quieto e não fazer barulho. Não ia ser difícil, é o melhor que sei fazer.

Pensamentos duvidosos invadiam minha cabeça. Questionamentos nos quais me influenciavam a querer nunca mais olhar para Chenle. Por vergonha e também por ser melhor para ele.

Não quero magoá-lo. Não quero magoá-lo. Não quero magoá-lo. Não quero magoá-lo. Não quero magoá-lo. Não quero magoá-lo.

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Demorei mas cheguei...

Aguenta coração! Vai ficar tudo bem, juro.

Até os próximos capítulos!!