Proteção

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Verão de 2019
Isabela

Finalmente sexta feira! A semana havia se passado até rápido, mas havia sido boa. Me levantei bem disposta, hoje o sol se fazia presente e adentrava meu quarto com sua luz.
Me levantei e rapidamente me arrumei, vestindo um vestido branco com bolsos e um tênis da mesma cor. Coloco meus materiais na mochila e pego meu capacete e a bicicleta, descendo do apartamento e cumprimentando o porteiro. Vou em direção a faculdade pedalando, enquanto aproveitava o sol. Vejo Julio caminhando e paro um pouco a sua frente, tirando o capacete e levando a bicicleta ao meu lado. Vejo ele se aproximar de mim e colocar a mão em meu ombro. Nos cumprimentamos e fomos andando até a faculdade conversando.

— Então, Isabela, além do lance das tintas e pinturas, do que mais você gosta?

— Bem, eu gosto de música, de dança..

— Que legal! Vamos cantar um dia juntos?

— Olha, cantar é a minha forma de me comunicar com uma importante pessoa pra mim. Não consigo cantar pra mais ninguém.

— Isso é muito bonito, Isabela. Olha, se um dia você quiser..

— E você, Julio, o que faz?

— Bem, eu escrevo, componho, toco piano e violão.

— Uau, é bem bonito. Uma vez, ouvi alguém tocar no piano uma música muito importante pra mim, eu acreditei que era minha irmã, mas não pode ser ela. Então, alguém deve conhecer alguma música parecida.

— Bem, compartilhamos talvez do mesmo sentimento. Eu estava tocando uma vez e ouvi uma voz incrível que acompanhava a música que eu tocava. Estou a procura da garota que é dona dessa voz.

— Bem, espero que possa encontrá-la.

Entramos juntos pátio a dentro rindo e falando sobre coisas aleatórias. Julio me levou até meu armário e depois se despediu de mim, ele havia me contado que moravamos bem perto e que ele estudava no segundo prédio, também disse que sempre que eu quisesse eu poderia ir até a sala dele. Era bom ter um amigo aqui. Subi as escadas carregando meus livros até a sala e tive uma das aulas mais maçantes da semana. Não sei se era o fato de ser sexta, mas parece que levou uma eternidade pra acabar. Finalmente havia batido o sinal do intervalo, havia combinado de comer com Julio e fui direto pra cafeteria, fiquei um tempo o esperando chegar enquanto o refeitório ficava lotado. Eu levava dois cafés nas mãos, um pra mim e outro pra Julio enquanto esperava que pudesse o encontrar em direção a saída. Me distraio e sinto o impacto da mão de alguém em mim e o líquido quente escorrendo por meu peito e corpo.

~ Mara POV

Quando bateu o sinal do intervalo, me apressei em descer com as meninas até a cafeteria. Estávamos conversando sobre como talvez seria a festa e logo vi Julio cruzando o corredor apressado. Fui em sua direção e o peguei pela mão.

— Oi, amor!

— Mara, sério? de novo?

— O que foi, meu bebê? - elevo minha mão a seu rosto e aperto sua bochecha e logo sinto um leve tapa em minha mão.

— Eu já disse que a gente não tem mais nada, para de forçar intimidade comigo. Por favor, supera.

Julio agarrou minha mão com força e a largou de forma bruta, saindo em direção a cafeteria. Respiro fundo sentindo o ódio exalando de mim e caminho rápido, ultrapassando Julio e entro no refeitório com as meninas. Vejo que em minha frente, Isabela vinha segurando dois cafés e usando um vestido branco. Percebo que ela estava distraída e vou em sua direção, derrubando os dois cafés nela. A garota se suja e um sorriso vitorioso se forma em meu rosto ao ver que toda a cafeteria prestava atenção no que havia acontecido.

— Droga, você não vê por onde anda garota?

— Mas foi você quem esbarrou em mim!

— Eu? Esbarrar em você? Eu não me sujaria encostando numa suja como você. Eu nem se quer...

— Olha aqui, quem você pensa que é pra falar assim comigo?

Isabela me interrompe, coisa que ninguém faz. Assim que abro a boca pra rebater, nesse momento, vejo Julio passar do meu lado retirando seu casaco. Ele caminha em direção a garota e para de costas pra mim, colocando o casaco envolta dos ombros de Isabela e passa o braço ao redor de seu corpo e abraçar, tirando ela dali. Ouço mil sussurros sobre os dois e cerro os punhos, batendo o pé, enfurecida.

— O que todos vocês estão olhando? Procurem o que fazer! - digo gritando com todos do refeitório, que voltam ao que estavam fazendo antes.

~ Julio POV

Vim para a faculdade acompanhado de Isabela, que havia me encontrado na metade do caminho. A vi descer de sua bicicleta com um vestido branco e um sorriso lindo. Seu cabelo estava solto e era uma das coisas que a tornava linda.
Combinamos de nos ver no intervalo pra comer algo e após as aulas, demorei um pouco pra descer.
Depois do desagradável encontro com Mara no corredor, minha cabeça era pura raiva. Adentrei o refeitório e logo da porta podia ver a confusão formada: Aileen e Carmín atrás, Mara no meio e alguém na frente de Mara, discutindo com ela. Ouvia as pessoas comentando sobre até que um amigo me contou que a Mara esbarrou de propósito na Isabela. Sem pensar duas vezes caminho até a confusão, afastando Aileen e Carmín e tiro meu casaco, passando a frente de Mara e envolvendo Isabela dentro do casaco, visto que Mara havia derrubado o café e sujado o vestido branco de Isabela. A abraço e sussurro baixinho em seu ouvido.

"Vem comigo."

Passo o braço por seus ombros e a tiro do refeitório, assim que saio ouço Mara gritando lá dentro e a ignoro. Levo Isabela pra quadra, aonde poderiamos ficar sozinhos. Sento a garota em uma cadeira da arquibancada e agacho a sua frente.

— O que aconteceu?

— Eu havia comprado café pra gente e de repente aquela garota esbarrou em mim e começou a gritar comigo e ficou sem reação quando eu gritei com ela. Eu não tenho sangue de barata, Julio.

— Hey, Isa, calma. Olha, a Mara é obssessiva, eu havia te dito. Não é nada com você.

— Ela devia tomar conta da vida dela, isso sim.

— Calma, estressadinha. Espera.

Me levanto e sento no banco atrás do dela, pegando seu cabelo e prendendo num rabo de cavalo com um prendedor que eu levava no pulso. Me levanto e desço, me agachando a sua frente de novo.

— Fica com o casaco, depois você me dá ele, ok?

— Obrigada por isso, Julio. Você é um bom amigo.

— Você também é uma boa amiga, agora, vem.

Me levanto e estico a mão pra ela, a ajudando a se levantar. Caminhamos conversando e rindo até o prédio dela e a levo até a sala, aonde ela teria as últimas aulas. Digo que iria esperar por ela nos armários pra irmos pra casa e assim o faço. Quando a aula termina, eu estava lá esperando por ela ao lado de seu armário. A vi descer usando meu casaco e ainda com o cabelo preso. A garota sorriu pra  mim e pegou sua mochila e a bicicleta, saímos conversando e o mesmo trajeto foi feito, a acompanhei até o café e depois disso ela foi pra casa. Mandei uma mensagem perguntando se ela havia chegado bem e ela me respondeu que sim.
Espero que ela descanse bem, hoje foi um dia e tanto pra ela.

Quando o Verão chegaOnde histórias criam vida. Descubra agora