➳ CAPÍTULO 4: SOB AS ESTRELAS

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          A ÚNICA COISA QUE ME  restou a fazer foi segui-la, então assim eu fiz. Corri pela capela com o máximo de velocidade que consegui, sentindo meu peito queimar e meu corpo inteiro doer a cada passo. No momento em que alcancei o lado exterior, a brisa gélida da escuridão noturna me atingiu como um tapa. Ela estava bem ali, na minha frente, apenas a alguns passos de distância. E eu não conseguia alcançá-la. O que diria eu, afinal?

          — Não precisa fazer isso — disse Lorena. Sua voz soou tão triste que, eu sabia, nada a faria se sentir melhor.

          — Eu sei — respirei profundamente e caminhei, com certa dificuldade, até ela. Lorena me lançou um olhar rápido e sentei-me ao seu lado. — Mas quando amamos, não fazemos algo porque é necessário ou porque é uma obrigação, fazemos pois o amor deixa as pessoas terrivelmente loucas e imprudentes. — ela riu, ainda com o choro preso na garganta. — Senti falta dessa risada.

          

         — Então por que foi embora? — perguntou, girando o corpo em minha direção.

          Seus olhos angelicais me fitaram e eu esqueci-me do motivo, esqueci de tudo e todos. Naquele momento, seu rosto macio em contato com a minha pele, seu cheiro adocicado e seus lábios eram tudo o que importava. Então, incumbindo-me da necessidade de fraquejar por míseros segundos, eu a beijei. E me esqueci do que é certo ou errado, do que é bom ou ruim, esqueci-me que sou praticamente uma mulher morta, pois, naquele instante, nunca me senti mais viva.

        Ao partirmos o beijo, ainda chorando, ela me abraçou.

          — Depois que Georgina morreu, você foi embora. Você... — ela parou de falar e eu apertei-a ainda mais contra meu corpo.

          — Está tudo bem — sussurrei.

          Seu cabelo estava preso em um penteado elaborado, e tudo o que eu queria fazer era soltá-lo e sentir cada fio dourado próximo do meu rosto; tocá-lo,ansiava por tocá-lo e acariciar cada centímetro. Fazia tanto tempo que não sentia seu corpo tão perto do meu; sua voz, sua respiração, tudo estava me deixando extasiada, completa, como se eu não precisasse de mais nada no mundo exceto ela.

          — Sei o quanto a morte dela lhe fez mal. Ela era sua melhor amiga, mas achei que era sua melhor amiga também, achei que me amava e... eu não posso, eu não posso me casar com outra pessoa que não seja você. — ela afastou nossos corpos e encarou-me com seus imensos, e cheios-de-amor, olhos azuis.

          Por dentro, ao ouvir aquelas palavras, algo dentro de mim se partiu. Eu havia a machucado tanto, com o meu afastamento e minha falsa indiferença. Tentei protegê-la, blindá-la de uma dor inevitável e tudo o que fiz foi lhe causar mais problemas. Nada faria com que as lágrimas derramadas e o tempo passado voltassem a ser o que outrora fora, nada nos tornaria completas outra vez.

Espaço Entre Estrelas | LGBTQ+ (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora