Capítulo 15

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POV VALENTINA


Eu sabia que não estava sendo completamente sincera com Juliana, mas eu não podia dar mais que uma resposta real e aceitável, do contrário, eu sabia que ela iria surtar.

Era complicado.

No fundo, tudo aquilo era complicado.

Meus pensamentos, meus sentimentos estavam embaralhados e eu não queria criar qualquer expectativa, mas é inevitável que tudo gire de volta ao ponto que eu tento evitar. Porque quando fecho os olhos, eu vejo Juliana. Pálida e pequena, as faces coradas e os lábios se separando em um suspiro. Eu ainda posso ouvir o tom áspero da sua voz da outra noite, eu ainda posso senti-la sob a ponta dos meus dedos, macia e suave enquanto pressionava e empurrava seu corpo contra o meu. Aquilo atinge meu estômago como uma pedra pesada, uma sensação quente e viva, um desespero que começava a tomar conta. Tocar Juliana, da maneira como toquei, foi inesperadamente excitante. Eu sentia tanta falta do seu corpo. Abriu partes de mim que não eram tão fáceis de ver e eu só conseguia pensar o quanto queria mais daquilo.

Isso era complicado.

Eu estava tentando ter controle sobre tudo, mas Juliana sempre foi algo em minha vida que eu não tinha influência, apenas era, apenas acontecia. E eu não podia permitir perder a noção do espaço e do que estava acontecendo, porque eu sei que podemos surtar a qualquer momento. Talvez os primeiros sinais disso já estavam flutuando na superfície. Eu nunca vi Juliana preocupada antes, não como agora, não com o trabalho e não com perguntas daquele tipo. Ela podia usar seu sarcasmo e deixar para lá, mas havia uma sombra perdida em suas costas, pendurada. Tão cautelosa como Juliana sempre é (ou geralmente) para poupar seus sentimentos. Ela não perguntaria se não tivesse algo martelando sua cabeça e a ideia de que pode estar sentindo a menor fração de ansiedade, que ela possa estar preocupada com o que estava acontecendo entre nós (porque eu sei como a cabeça dela funciona) é suficiente para me fazer vibrar com preocupação.

Porque no final das contas, eu tinha decidido apenas aproveitar aquilo e fui totalmente sincera em minha resposta, apenas ocultei alguns fatos. Depois que ela partiu pra L.A. eu nunca quis que alguém continuasse fazendo muito barulho na minha vida e mesmo com tudo o que está acontecendo agora, eu só queria aproveitar. Aproveitar como na outra noite, como agora que estávamos na penumbra e uma sensação alegre se instala dentro de mim quando Juliana perde totalmente o filtro e diz a primeira coisa que vem na cabeça.

"Isso é fofo". Eu volto para aquele momento apertando minhas mãos um pouco mais forte sobre ela sentindo toda a pressão que os meus pensamentos estavam causando.

"Morrita. Pare com isso". Eu me aproximo dela juntando nossos lábios.

Eu adorava ver o jeito que ela ficava nervosa quando não conseguia se segurar. E enquanto eu a beijo eu tento passar qualquer coisa que talvez eu não fosse capaz de lhe dizer naquele momento. Porque eu podia beijá-la, eu podia deslizar minhas mãos até alcançar seu rosto e fazê-la suspirar. Eu podia arrastar minha língua sobre a sua e apertar seus cabelos com um pouco mais de força.

Eu simplesmente podia.

E eu estava satisfeita com essa perspectiva. Pelo menos por agora, até eu manter sobre controle o que tentava crescer desesperadamente dentro de mim e que eu continuava escondendo e ignorando.

(...)

Comecei a sentir o vento mais gélido e o cheiro que a brisa trazia era fresco e característico. Depois que o primeiro som estourou no céu ali perto, Juliana me olhou com um olhar confuso.

"É melhor nós irmos, eu acho que vai chover". Na verdade, eu tinha certeza disso, mas não quis deixar muito explicito porque ainda estávamos no topo da montanha e tinha algum caminho para percorrer até o carro.

Quisiera Ser - JuliantinaOnde histórias criam vida. Descubra agora