Quisiera Ser - Juliantina

Capítulo 6

Depois de passar o resto do dia pensando porque eu estava tão estranha em relação a Valentina, tive que admitir para mim mesma que não era uma boa ideia ficar martelando algumas coisas. Por que há uma diferença quando é ela. Eu tive anos para descobrir uma resposta e se não tive até agora, provavelmente continuará sendo um mistério. Um mistério tão secreto quanto a nova Valentina em minha vida. Eu não sabia mais o que ela sentia, eu não sabia mais se ela gostava das mesmas coisas, era quase uma nova pessoa. Nem mesmo podia saber se os meus sentimentos eram iguais.

E na verdade, naquela altura, me dei conta que não estava muito incomodada com isso.

O fato é que existia uma grande bola em minha cabeça, cheia de nós que aumenta cada vez mais a confusão. Porque no fundo eu quero saber o funcionamento interno desta coisa entre Valentina. Eu quero ter uma resposta e saber exatamente porque está diferente, mas no fundo, eu não sei como lidar com isso. Eu nunca fui boa em resolver meus dramas internos, nem mesmo boa com palavras.

E depois de todas as conclusões sem sentido, eu me dei conta que não era uma boa ideia estar presa dentro da minha própria cabeça, estar sozinha com meus pensamentos não é de todo atraente.

"Juliana você está bem?" Mateo virou a cabeça em minha direção, talvez rápido demais, com um mini sorriso estampado em seu rosto.

E foi assim que eu decidi parar de tentar achar algum sentido nas coisas e ligar pra Mateo. Para minha sorte ele não estava ocupado e conseguimos pôr as novidades em dia. E talvez a ideia de ter alguém para conversar sobre minha confusão interna era mais atraente do que olhar a parede do quarto.

"Sim, sim estou totalmente bem". Respondi, mas ele continuou olhando para mim. Desconfiado. Como ele sabe que minha cabeça está uma montanha russa? Se fosse qualquer outro dia, eu poderia rolar os olhos e fazer uma observação sarcástica, mas era Mateo, eu sabia que podia me abrir com ele e talvez era por isso que ele estava aqui. Qual era o ponto de mentir quando eu havia chamado ele porque sabia que podia contar a verdade? Não que estivesse mentindo, só estava um pouco confusa. Um pouco no escuro, talvez?

"Mesmo?" Ele perguntou novamente. "Porque você está agindo como se alguém tivesse jogado uma colher de crack no seu café". É obvio que ele está exagerando, apesar disso aquela conversa estava me deixando um pouco nervosa. Mais do que o habitual. "Olha, se é por causa do casamento e porque você não quer usar salto alto, eu já disse que você pode ir com aquele seu all star velho". Ele se aproximou colocando a mão em meu braço. "Se houver algo, mas você não quer falar, estou aqui. Nós podemos apenas sentar e você pode me ridicularizar por estar completamente apaixonado por Eva como você sempre faz". Ele piscou seu melhor sorriso, o tipo de sorriso que me confortava em qualquer situação, aquilo me trouxe um pouco de alivio.

Minha amizade com Mateo era desse tipo, leve e sem complicações, eu podia conversar sobre tudo sem me preocupar com nenhum julgamento, porque esse era o tipo de pessoa que ele era e talvez fosse por isso que meu cérebro entrou em modo autodestruição e decidiu se abrir.

"Você tem que prometer que não vai surtar". Avisei olhando para ele um pouco séria demais. Ele ergueu as sobrancelhas, mas deu um pequeno aceno de acordo e eu tive que lamber os lábios enquanto procurava as palavras certas.

"Ok, então, eu meio que não consigo tirar certas coisas da minha cabeça, do tipo que envolve eu e mais alguém e uma grande bola de neve cheia de complicação, talvez?" Tropecei um pouco nas palavras esperando que ele entendesse meu raciocínio porque eu não seria capaz de repetir.

"Isso tem alguma coisa a ver com Valentina?"

"É tão obvio assim?" Reclamei me sentindo um pouco estupida por ser tão óbvia.