PRÓLOGO

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Oi gente, vou tentar adaptar uma história que já tinha pronta aqui, ai podemos ter capítulos mais rápidos, espero que curtam =D


JULIANA POV

Eu estraguei tudo. De novo. Isso era o que eu fazia, afastava todos de perto de mim, todos que se importavam comigo e tudo porque meu cérebro não conseguia raciocinar de uma maneira normal. Mas eu queria concertar as coisas, não porque Eva ou Betty me disseram, era porque eu precisava fazer aquilo, por mim, por nós.

Procurei Valentina em todo lugar, passei pelos convidados, esbarrei em alguns, mas o caminho parecia ficar cada vez mais longo. Onde ela estava?

"Juliana". Quando Betty chamou minha atenção eu lhe dei as costas e continuei meu caminho ignorando-a. "Você precisa se acalmar antes de qualquer coisa". O tom de voz dela me repreendia. Obvio, a culpa era minha.

"Betty pare de me dizer o que eu tenho que fazer". Virei para ela parando meu caminho, elevando um pouco minha voz. "Eu só quero acertar as coisas".

Mas o que ela não sabia é que meus pensamentos trabalhavam a todo vapor, eu não estava calma, eu estava desesperada, eu fizera uma besteira tão grande e estupida que naquele momento, meu único objetivo era buscar Valentina e jogar todo o sentimento para fora. O problema é que quando ela está por perto, eu me perco em seus olhos tentando dizer o que eu sinto, meu cérebro cria mil perguntas e nenhuma resposta o que me deixa mais e mais confusa.

E de repente, ela estava ali, de costas, tentando fugir de mim e das ironias que estávamos trocando com tanto furor. Quando seus cabelos esvoaçaram para longe de mim eu corri em sua direção, dessa vez eu não deixaria que ela escapasse. Quando entrou em uma sala deserta, fui logo atrás, batendo a porta e buscando seu braço com um pouco mais de força do que deveria e obriguei ela a me olhar. Com um forte suspiro ela me encarou com raiva.

"Porque Juliana?" Seus olhos estavam brilhantes, a pergunta foi sufocante e pareceu um último suspiro de suas forças. "Eu estou cansada, eu estou tão cansada disso..."

"Porque, Droga..." Gemi levando as mãos aos cabelos inquieta, tentando nas minhas ultimas forças segurar o sentimento que guardara no fundo mais escondido e protegido do meu peito. Mas eu já não queria mais guardar, porque escondê-lo significava que eu estava perdendo Valentina e apenas a possibilidade, me matava por dentro. Não sei se fora a bebida que eu tomara anteriormente, ou a batida errônea do meu coração que me dera coragem para tudo acontecer em um instante. "Porque eu nunca deixei de amar você...". Uma lagrima solitária escorreu dos meus olhos, soltei as palavras com toda a raiva e com toda a culpa que inchava meu peito. "Porque eu quero você, porque eu preciso de você...". E com todo o desejo que eu sentia a tanto tempo.

Eu não estava esperando por isso. Tudo isso. A surpresa tentou torcer-me com uma mistura de alegria e adrenalina, e a lenta dissipação disso deixou todo o sentimento drenado. E por um instante, o tempo pareceu parar. Uma baforada de ar pareceu soltar-se de meus pulmões e uma carga estranha saiu do meu corpo. Eu não tinha muita consciência do que aquelas palavras fariam, minha boca trabalhou antes que meu cérebro pudesse raciocinar o real significado daquilo e, quando Valentina pareceu congelar a minha frente, eu não tive mais certeza de nada. Queria alcança-la, segurar seus ombros e sacudi-la até que ela reagisse, até que ela me desse um sinal que eu estava fazendo a coisa certa por uma única vez na minha vida. Mas seus olhos estavam em choque, paralisados e brilhantes e eu não consegui decifrá-la.

"Val..." Minha voz saiu tão fraca que eu não tive certeza se ela me ouvira. Naquele momento eu senti medo.

"Juliana, eu..." sua voz pairou no ar, naquele momento tinha confusão ali e eu me culpei por ter jogado aquela carga para cima dela daquela maneira. Um minuto, que mais parecia uma hora, percorreu até eu ouvir sua voz novamente. "Juliana, por favor, vá embora...." Ela respondeu afundando uma mão em seus cabelos. Aquilo me destruiu por dentro. Eu respirei fundo sentindo meu interior se apertar com força, meu corpo se moveu impaciente diante da perspectiva de deixa-la.

Eu tentei alcança-la com um passo, mas ao mesmo tempo ela retrocedeu afastando-se de mim. "Você não pode Valentina, por favor..." Antes que eu conseguisse continuar a frase ela me cortou.

"Juliana" Sua voz era tão baixa quanto a minha, seus olhos estavam quentes e indecisos. "Nesse momento as duas estão magoadas. Não temos que discutir mais, é melhor você ir embora".

Na minha cabeça, havia duas possibilidades: Uma simples e feliz, em que ela me perdoava e eu a alcançaria, tomaria seu corpo em meus braços e poderia enlaçar seu calor. A outra, por outro lado, não era tão feliz e eu não sabia exatamente o que esperar, mas eu tinha certeza que era a segunda opção que ela tomara. E aquilo era algo que eu não esperava, despedaçava meu coração a cada baforada.

"Valentina..."

"Apenas vá Juliana" cortou-me impaciente, agora com raiva na voz.

E eu sabia que naquele momento eu não poderia fazer mais nada, as lagrimas começaram a correr por meus olhos, esperei por mais um instante para ver se ela se arrependera da decisão, mas foi em vão. Ela se mantinha firme me deixando sem opções. Me virei e deixei a sala.

Meu peito estava apertado e o caminho a minha frente estava borrado. Passei por muitas pessoas, ouvi alguém chamar meu nome na multidão, provavelmente Eva ou Betty, mas não parei nem olhei para o lado.

Alcancei meu carro em um instante, saí tão rápido que não me dera conta como abri a porta ou como estava encarando o volante sem pregar meu olhar a nada em especifico. Eu estava sufocando e essa angustia queria sair. E eu deixei, levei as mãos aos cabelos afundando os dedos e deixando que o choro se tornasse livre e soluçante. Por Deus, o que eu fizera? Estragara tudo com meu egoísmo, afastara todos a quem amava, afastara Valentina, justo ela que sempre estivera do meu lado, que aceitara meus erros, que estava perto de mim sempre que eu precisava dela. E fora assim, no final das contas, que eu tropecei, que eu me perdi nos seus profundos e amáveis olhos, foi assim que eu me apaixonei por ela, fora com suas risadas e seu jeito doce, suas loucuras e paixões pelas coisas mais simples. Demorei tempo demais para aceitar que nunca havia superado nossa história. E agora ela não seria capaz de me perdoar, porque eu estraguei tudo, quebrei sua confiança, quebrei o significado do que eu via em seus olhos a algum tempo e negara em minha mente. E agora era tarde demais.

Puxei o telefone no meu bolso enquanto tentava acalmar o choro que ainda saia com força. Rapidamente meus dedos trabalharam em uma mensagem de texto. "Droga" Bati com força no volante, era inútil. Eu precisava me acalmar. Respirei fundo. Não podia deixar aquele momento passar, eu tinha muito medo de piorar a situação e perder Valentina para sempre.

Esperei os intermináveis bips da ligação caírem na caixa postal. Quando chegou minha vez de falar, respirei fundo trazendo toda a coragem que ainda havia em mim. "Val, eu sei, eu estraguei tudo..." Minha voz estava fraca, dava para sentir os tremores do choro que queria voltar a tomar conta, mas eu não podia me entregar."Eu sempre estrago tudo, eu sou uma completa egoísta, eu sempre afasto as pessoas por que..." Respirei fundo. "Porque eu tenho medo". Admitir isso em voz alta pareceu aliviar um peso de cem toneladas do meu peito. Eu sempre fora fechada o suficiente, até mesmo para confessar para mim mesma que eu tinha problemas. "Porque eu tive medo de perder você, de perder o que tínhamos, porque eu sou tão egoísta que eu não quero ficar sozinha, não sem você, sem o que construímos, nem mesmo sem o seu estupido gato..." Aquilo me fizera rir, mesmo que Valentina não fosse ouvir, tornara tudo real. "Por favor, me perdoa, eu sou uma idiota e mereço todo seu ódio, e isso me torna mais idiota porque eu fui egoísta o suficiente para perceber tarde demais que tudo o que eu queria era você..."E de repente as palavras sumiram, meus lábios ficaram abertos, minha mão livre tentou trabalhar em algo sem sucesso. E como minhas palavras, o tempo da mensagem se esgotara. O bip alertou algo dentro de mim que eu não sabia que estava ali. Eu me dei conta que tinha tanto para dizer, aquela mensagem não era de longe o que eu queria falar a ela.

E ela não queria ouvir, ela me mandara embora, não fora capaz de me encarar, apenas queria que eu fosse embora. E assim eu fiz, porque não tinha mais forças para ser rejeitada, porque o medo daquela rejeição tomava conta de mim. E foi esse medo que me fez ligar o carro, engatar a marcha e seguir em frente.

Quisiera Ser - JuliantinaOnde histórias criam vida. Descubra agora