Capítulo 23

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Eu queria ter ido embora.

"Juliana espera". Mateo está me balançando como se eu precisasse acordar. "Você precisa conversar e entrar em um consenso". Ele faz uma pausa esperando algum sinal que viesse de mim. "Viver se escondendo e reprimindo esse sentimento só vai te fazer mal".

Eu quase fui embora.

E mesmo que Mateo tivesse me impedido, o medo dominava meus sentimentos, mas eu considerei seu conselho, digo, contar a Valentina o que eu estava sentindo, por mais estupido que isso possa parecer, só que as minhas tentativas não foram muito bem-sucedidas durante aquela noite.

A começar porque eu estava morrendo de ciúmes, o álcool em meu sangue pareceu ferver cada neurônio e explodir uma raiva dentro de mim que nem eu mesma conhecia. Em segundo, porque o jeito que Valentina me provocava, me atraia, desconcentrava todo meu pensamento.

Eu simplesmente não consegui raciocinar diante dela.

(1ª tentativa)

"Eu sinto seu medo Juliana". A voz dela é quase um sussurro. "Não é como se você não gostasse que eu te tocasse".

"Eu quero você Valentina", minha voz é firme, mas por dentro eu estou derretendo, "mas do jeito que está é complicado demais".

Os lábios dela estavam tão próximos que meu corpo quis mostrar por si só o quanto precisava do seu toque, mas eu fui fraca, porque era complicado demais. Tão complicado quanto esconder o meu ciúme, a minha raiva e a minha ânsia por ela. Aparentemente tudo estava exposto para quem quisesse ver.

"Juliana, qual é", Betty me encurrala apesar das minhas tentativas de desviá-la. "Todo mundo já sabe que vocês estão se pegando de novo".

(2ª tentativa)

"Porque eu sinto sua falta, você não enxerga o quanto eu te quero?"

Se eu fosse literalmente responder à pergunta, eu diria que não, mas naquele momento eu fiquei tão entorpecida que eu apenas corri até ela, trouxe-a para meus braços e deixei qualquer sentimento de lado, eu fui movida apenas pelo desejo. Desejo que me cegou completamente, que me fez entrar em um mundo culminante e vivo, que corroía meu corpo de dentro para fora em uma ânsia que eu não queria que parasse.

Que eu nunca quis que parasse.

E mesmo agora, quando eu estava tão entregue entre suas caricias, eu não sabia muito bem o que estava acontecendo. Valentina me guiava de uma maneira tão doce, tão sensual, que eu fui seguindo, entrando naquele clima quente e deixando meu corpo tomar atitude independentemente das consequências. Como eu sentia falta daquilo, meu corpo sabia por si só como se mover com ela.

"Valentina, o que..." Eu resmungo quando ela me puxa de novo para o topo das escadas do loft.

Ela corta minha queixa com um beijo, uma pressão insistente nos lábios que parece me arrastar. Eu não assimilei muita coisa depois, eu ouço a porta bater e de repente Valentina está prendendo minhas mãos na parede, acima da cabeça, meu corpo sente o material gelado e o corpo quente em dois extremos. Eu solto um bufo de ar enquanto ela se move, inclinando a cabeça para uma posição mais eficiente para atacar minha boca. Dessa vez, ela beija lentamente, deslizando a língua entre os lábios, persuadindo um punhado de sons saírem de mim a cada movimento. Meus quadris se movem contra ela em resposta, meu jeans atrita contra o seu vestido fazendo Valentina empurrar de volta com pressa. Ela abandona meus pulsos e arrasta as pontas dos dedos ao longo dos meus braços e suspira com aprovação quando meu corpo se arrepia.

Eu sabia que existia uma troca entre nossos corpos, uma energia que eu não conseguia controlar e nem mesmo sabia a força, que a cada segundo parecia crescer com cada contato, como um combustível ilimitado.

Quisiera Ser - JuliantinaOnde histórias criam vida. Descubra agora