Capítulo 4

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Minha semana foi confusa não consigo me concentrar em nada direito, meus pensamentos sempre vão até ele, uma e outra, de novo e novamente. Dizem que "não se pode impedir que um pássaro pouse em sua cabeça, mas que se pode impedi-lo se fazer o ninho," eu não consigo impedir, parece que o passarinho está conseguindo fazer seu ninho mesmo que eu o espante a todo momento.

No domingo pela manhã minha mãe presente estava no culto, o que não é muito comum. Depois que meu pai se foi minha mãe não tem ido mais igreja. Eu fui ajudar Dalila com as crianças um pouco antes de subir, sempre gostei de crianças, elas são puras e divertidas.

Saio da sala de vagar enquanto Dalila chama a atenção dos pequenos para que não me vejam saindo. A sala fica no fim do corredor, nos fundos está o bebedouro e a cozinha onde geralmente fazemos algum lanche para arrecadar dinheiro para uniformes e vestidos e qualquer outra coisa que o ministério de dança ou de teatro precisem.

Como naqueles filmes clichês recebo um esbarrão, não deveria ser surpresa quando Marcos me segura firme para que eu não caia. Sorrio para ele com vergonha da minha falta de jeito. A situação fica ainda mais constrangedora quando ele não diz nada e fica me olhando como se quisesse um pedaço meu. E apesar de saber o que está acontecendo eu tento não pensar nisso.

_Eu... Hã... - o que eu tinha que fazer?

_Você? - ele diz chegando perto de mais, ele está olhando diretamente para os meus lábios e sinto que ele quer me beijar não se isso vai ser legal, com certeza não aqui.

_Eu... - Porque me sinto assim? Meu coração está batendo forte, minhas mãos soam e eu não consigo pensar direito! Me sinto uma idiota. - Eu... - Esse não é o lugar para você começar com isso Débora!  - Eu... - Corra! Minha mente grita.

_Eu quero beijar você! Estou me esforçando para não fazer isso aqui. - Ele diz com um lindo sorriso e deve ser pecado alguém sorrir desse jeito.

Uma luz se acende na minha mente e a curiosidade faz a vez para me tirar dessa situação.

_Por que? - pergunto - Por que está se esforçando para não me beijar?  - isso é praticamente um ultraje, eu não sou beijável?

_ Porque eu não sei se é isso que quer, apesar de parecer que sim, porque estamos numa igreja e isso tudo é muito novo então... Será que é pecado? - ele sorri como uma criança levada e olha para meus lábios de novo.

Não sei se é pecado beijar na igreja, mas você com certeza é um pecado!

O clima volta a ficar estranho e pesado, eu começo a torcer para que alguém chegue. Estou me sentindo fraca a ponto de querer muito esse beijo e isso está errado, muito errado. Meu corpo treme de ansiedade e essa sensação nova me confundi e me dá medo.

Um barulho na cozinha faz Marcos se afastar de mim e sinto um alívio enorme, solto a respiração que nem sabia estar prendendo. Uau! Ele volta a sorrir. E me olha como se estivesse me analisando.

_Podemos almoçar juntos?

_Sim... Acho que sim... É... Claro! Podemos... Sim... - que patética!

_ Depois que isso acabar então. - ele diz e se vira indo embora.

_Certo! -  almoço, o que pode acontecer em um almoço, vai estar de dia e... Um almoço. Ele vai querer me beijar!? Com certeza que vai me beijar. Eu quero ser beijada por ele? Não, eu não quero... Sim, eu quero muito, droga! Meu Deus! Me ajuda. - penso sozinha sem conseguir me mover.

_O que está fazendo aí? - Camila pergunta confusa.

_Oi Mila... Nada a tia está pensando, acho tenho um parafuso a menos. - respondo a garotinha linda que olha confusa.

_Tá bom... - ela responde me olhando como se eu realmente fosse maluca.

...

Para meu completo alívio ou preocupação total, Igor e Carol vieram, Marcos também trouxe seus pais para almoçarem. Dona Amanda e senhor Afonso. Os dois me olham encantados e acho que gosto dessa sensação de admiração.

_Então você é da igreja? - a mulher me pergunta com um sorriso.

_Sim... - Não sou da igreja eu vou a igreja e sou de Cristo, mas, prefiro não comentar, sei que é difícil entender a minha lógica. - Eu fui criada em um berço cristão, graças a Deus.

_Ah... - a mulher sorri em um expressão de quase adoração. - Isso parece ser maravilhoso!

_Eu gosto. - dou de ombros ciente que muitos jovens na minha idade não gostam da vida na igreja. Já eu acho que nasci para estar lá.

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O Poder Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora