Nove anos atrás...
Era a primeira vez que saia para fazer um assalto. Segundo César a adrenalina e a emoção não tem preço.
César era o irmão mais velho da minha namorada, Carla. Ele tem vinte e cinco e já até esteve preso por algum tempo, sei que meus pais morreriam se soubessem da minha relação com os irmãos.
Não que eu me importasse.
Foi com Carla que tive minha primeira viagem com um cigarro de maconha e com César a primeira vez que cheirei uma carreira. Eu fiquei muito louco! Estava na festa de aniversário do meu cunhado. Uma festa regada a funk, bebida e muita droga.
Passei a noite em claro, a manhã na cama transando e ainda cheguei ligado em casa quando o dia começava a virar noite outra vez. Foi nesse dia que meus pais descobriram que eu estava usando algum tipo de entorpecente.
Foi uma discussão muito séria. Minha mãe chorando meu pai querendo me bater. Uma confusão bem grande. Mas eu estava no controle, não era um viciado como eles pensavam!
César e seus amigos queriam roubar um carro importado. A ideia parecia perfeita, dar um rolê com um carro granfino e depois larga-lo em qualquer lugar.
O problema é; as coisas nunca saem como o planejado...
"_Vamos roubar aquele BMW. Já andou em alguma coisa assim? - César me pergunta enquanto seguimos o carro preto. - Quando ele parar em frente a sua casa chique damos o bote. - ele avisa.
_Segura essa moleque, seja firme! - Nego doido diz ao me entregar uma arma.
Eu tremo só de olhar, foi só pegar no objeto frio para me sentir ainda mais nervoso. Não via mais nada além do ferro frio na minha mão suada.
_Esse filho da puta deve morar em algum condomínio chique, deve ter até segurança na porra do condomínio. Vamo pega esse cara no próximo sinal. Vamo fazer a limpa e deixar ele na rua... - meu cunhado continua ditando as próximas etapas.
_Bora! Bora! - César grita. - sai do carro correndo como foi combinado.
_Tem criança no carro, minha filha, minha filha está carro, por favor... - Um senhor de olhos azuis pede.
César manda o negão tirar a menina do carro, a garotinha de uns dez anos se agarra ao pai que a coloca atrás de seu corpo.
_Podem levar o carro, podem levar tudo. - o velho continua dizendo enquanto esconde a menina atrás de seu corpo. Ela me olha curiosa, seus grandes olhos castanhos brilham, ela é uma graça.
_Me dá o celular. - o chefe pede.
O senhor tira a carteira e o celular do bolso e entrega tudo ao César. Enquanto estou apontando a arma para ele. A menina continua me olhando curiosa apesar de parecer temer meus companheiros cada vez que um deles chega perto.
_Está tudo bem minha filha, esses jovens só vão levar o carro, eles não vão nos ferir. - o senhor tenta acalmar a garotinha de lindos olhos castanhos. Ele se afasta de vagar, minhas mãos tremem sem parar, estou com medo de deixar essa merda cair.
Aperto mais forte o cabo da arma.
_Essa porra tem rastreador!? - nego doido pergunta enquanto revira o carro.
_Tem. - o velho responde e percebo que ele só se dá conta de que não deveria ter dito a verdade depois.
_Caralho César, vamos deixar essa parada aí.
_Onde está a porra do rastreador velho!? - o chefe pergunta muito puto.
_Debaixo do banco do passageiro. - ele responde escondendo a menina atrás de si outra vez.
Minhas mãos agora começam a escorrer suor. Aperto a arma que estou apontando para o velho para que ele não reaja, com mais força do já estive. Estou enjoado, com medo, tremendo, suando, meu coração parece que sairá pela minha boca a qualquer momento.
Aperto a arma com mais força e passo o dedo no gatilho.
_Levem, podem levar. Pode levar tudo, só nos deixem aqui, por favor. - o homem pede enquanto tenta esconder a pequena atrás dele uma outra vez.
A menina é curiosa e seus olhos ficam o tempo todo me procurando, ela está chorando um pouco. Gosto de crianças, sempre gostei delas, acho que o fato de gostar delas as fazem gostar de mim.
_Marcos! - o grito é do meu comparsa é seguido de um estampido, uma reação mínima pelo susto.
A menina grita quando homem cai no chão, César se abaixa para olhar o que tinha acontecido. Ele não precisava dizer eu já sabia, mesmo assim as palavras saíram de sua boca.
_Você atirou nele! Vou acabar sendo preso por causa dessa merda! Porra! Você é louco!? Tem ideia da merda que fez?
_Caralho o velho morreu! Tá morto! Já era, vamos embora, vamos embora cara. - negão arrasta todos nós para ir até o carro.
Ele pega a direção nos levando para longe, a última coisa que vejo é uma menina chorando, seus olhos cheios de lágrimas enquanto seu pequeno corpo está agarrado sobre o que um dia foi seu pai.
Quando chegamos no lugar onde o que conseguimos seria dividido estava rolando uma festinha, minha namorada estava jogada em algum lugar fumando maconha com os amigos, eu não queria o dinheiro do nosso "trabalho", não queria nada que me lembrasse a morte daquele homem.
Não lembro o tanto que fumei e menos ainda quantas carreiras grossas aspirei para dentro do meu corpo. Só me lembro de achar engraçado em algum momento o fato de estava morrendo..
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Sei que essa é uma cena muito forte e triste. Infelizmente é uma realidade na vida de milhares de brasileiros que infelizmente perdem suas vidas por muito pouco ou quase nada.
Agradeço a você está lendo, espero que esteja gostando do meu trabalho.
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O Poder Do Amor
RomanceEu nunca imaginei que a veria de novo. Me apaixonar por ela foi um grande erro. Contar a verdade sobre nosso passado foi a pior a escolha desde o que eu decidi mudar. Saber que eu a perdi por ter contado a verdade foi como ver meu pior pesadelo se...