Marcus

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GRAÉCIA

"A dor. Você só tem que sobreviver a ela, esperar que ela vá embora sozinha, esperar que a ferida que a causou, sare. Não há soluções, respostas fáceis. Você só respira fundo e espera que ela vá diminuindo. Na maior parte do tempo, a dor pode ser administrada, mas às vezes ela te pega quando você menos espera, te acerta abaixo da cintura e não te deixa levantar. Você tem que lutar através da dor, porque a verdade é que você não consegue escapar dela e a vida sempre te causa mais",

Grey's Anatomy

Eu estava debruçada sobre a escrivaninha de meu quarto, meus pés estavam descalços e meus dedos da mão estavam sujos de tinta, havia tirado todos os utensílios que pendiam o meu cabelo o amarrando em um coque frouxo abaixo da nuca, duas mechas de cabelos que voltara a formar pequenos cachos, insistia em ficar em frente ao meu olho, enquanto eu lutava para deixa-lo atrás da orelha. A carta seria endereçada a Lilian Portman, uma das plebeias que viviam em volta do reino, minha única amiga dentro ou fora do castelo. Acho que trocar cartas com Lilian me ajudou a superar o impacto da morte dos meus pais, eu poderia conversa com ela sobre isso porque saberia que ela entenderia, afinal os pais dela também haviam morrido. Apesar de que a mãe dela morreu de uma das doenças que assolaram o reino, não faz muito tempo, e segundo ela, seu pai logo depois morreu de tristeza. Não que eu ache que Lilian tenha sofrido menos que eu, as pessoas tendem a achar que uma morte quando é esperada é menos dolorosa, e na verdade antes de Lilian eu também pensava dessa forma ignorante, mas a verdade é que ela sofreu do mesmo jeito e intensidade que eu, sua mãe ficou enferma por quase duas semanas até que sucumbiu a morte, seu pai não demorou uma semana para ter o mesmo destino. Toda essa troca de carta me fez entender de que aquele ditado que " O tempo cura tudo " é duvidoso. O que cura a dor são as pessoas que estão do seu lado e que não deixarão você cair em sua própria angústia, e caso isso ocorra elas te levantaram e te ajudaram a prosseguir. Por muito tempo eu esperei isso de Alyssa e hoje eu sei o quanto fui ingenua por torcer por algo da parte dela.

Olho de volta para carta que Lilian me mandou, sua escrita havia alguns erros de ortografia, mas quem reparasse com paciência perceberia que apesar de uma caligrafia um pouco trémula Lilian tinha um traço perfeito, ela só precisava de treinamento.

Querida Graécia

Recebi seu presente e fique '' extaseada'' com ele , e antes que possa me perguntar em sua próxima carta, SIM, as luvas tiveram um caimento perfeito, ouso dizer que foram feitas para mim. E quanto ao vestido, por alguns centímetros ficou largos , mas nada do que uma linha e agulha não resolvam. Posso perguntar como uma garota plebeia tem condições de mandar essas vestimentas de tão boa qualidade, para uma amiga ( acho que podemos nos considerar isso já, não é? ). Não que eu esteja reclamando é claro, todas as garotas do orfanato ficaram com inveja de minhas belas luvas, sinta-se a vontade para mandar mais presentes como esse a qualquer instante. E respondendo a sua pergunta da carta anterior, o orfanato não está pior do que eu achei que seria, quase todas as garotas daqui parecem raposas raivosas, mas suas cartas semanais me traz uma paz que não imaginei que sentiria por um bom tempo. Apesar de contar os dias para os meus dezoito anos e assim me ver finalmente livre de toda a negatividade desse local, e quem sabe assim irei poder visitar minha querida amiga eu sua cidade, onde dizia que morava mesmo? Acho que é Camu... alguma coisa, poderia relembrar-me em sua próxima carta, mamãe me chamava de cabeça de vento pois as '' veses'' ela me pedia para fazer coisas e quando eu pensava em fazer já havia esquecido do que era para fazer, já aconteceu isso com você? Você esta indo fazer algo e quando chegar ao local destinado esquece o que precisa ser feito. Ou bom talvez realmente seja só eu. Queria continuar a escrever mas como percebe a folha está acabando e não terei Shin para escrever em mais uma folha, então espero ansiosamente a sua carta

Um conto de invernoOnde histórias criam vida. Descubra agora