Segredos

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"Três coisas que não podem ser escondidas por muito tempo: o sol, a lua e a verdade"

Teen Wolf

GRAÉCIA

Se todos os servos, trabalhadores e monárquicos juntassem seus entardeceres e formassem um só, nenhum deles chegaria perto de ser mais entediosos que os meus. Eu não tinha muito o que fazer no castelo, tudo relacionado a política ou ao MEU povo, eu era proibida severamente pela minha irmã, de ouvir qualquer coisa. Tendo assim como meu único lazer , perambular pelas passagens do castelo todo santo dia. O que por um lado era bom, pois se não fosse assim, eu certamente não teria descoberto as várias passagens e lugares secretos que o castelo tem, que provavelmente foi construído a centenas de anos antes de eu pisar nesse mundo. O meu erro foi ter contado sobre as minhas descobertas para Marcus, que acabou contado para Alyssa e que acabou fechando todas essas passagens. Quando o questionei do porque de Marcus ter me traído e contado o meu segredo ele apenas disse '' Acredite Graécia, é para te proteger''. E eram o que todos sempre diziam PROTEGER, PROTEGER E PROTEGER. Eles não percebem que eu não quero e não preciso da proteção deles e de ninguém mais. Eu me cuidei muito bem sozinha por vários anos, não vejo do porque ser diferente agora. 

Eram cerca de três horas da tarde, Alyssa com certeza estava em uma das salas de reunião discutindo sobre esses tais assuntos ultra-secretos que era proibida de escutar. Eu caminhava sozinha pela ala oeste do castelo onde se encontrava o salão principal - onde que em breve ocorreria o dia da coração de Alyssa - Faltava apenas uma semana para ela completar seus vinte e um anos, onde então assumiria seu lugar de direito. Uma semana onde finalmente após anos, Alyssa será obrigada a abrir os portões do reino para todos contemplarem sua nova rainha. Eu estava tão, mais tão animada, finalmente veria e conversaria com pessoas de verdade, além daqueles que habitavam no castelo, eu estaria com o meu povo. Eu não queria lembrar que apesar disso, no dia seguinte todos já teriam ido embora e Alyssa teria fechado os portões novamente, aquele seria o meu dia e eu teria que aproveita-lo.
Enquanto eu caminhava, flutuando em todos os meus desvaneios ouvi vozes graves e masculinas discutindo com uma voz feminina leve porém autoritária - Com toda certeza era Alyssa -, eles deveriam ter escolhido essa sala de reunião para seus encontros e debates diário. Eu não tinha a menor intenção de ouvir, apenas foi coincidência, pelo menos foi o que disse para mim mesma, enquanto me aproximava da porta para tentar ouvir através dela. Quando encostei minha orelha na madeira firme e fria da porta, os sons começaram a ficar mais audiveis, baixos mas ainda sim as palavras que formavam nas bocas falantes do outro lado do vão da porta, era audível aos meus ouvidos. Fiquei em silêncio e imovel esperando reorganizar minha cabeça para os sons começaram a fazer sentido, e a primeira voz que reconheci foi do Lorde Montgomery,  que foi designado como nosso tutor após a morte de nossos pais, dizia:
- ..... você não pode esconder tudo dela por muito mais tempo - eles estavam falando de mim? - Ela está quase com dezenove anos, e será a proxima na linha de sucessão - com certeza estavam falando de mim -....  ela merece saber os perigos que aflingem o seu reino.
Pude ouvi Alyssa pigarraear ao dizer, com a voz fria como o gelo que se pregavam as terras de serafin em épocas de inverno:
- Ela é minha irmã, irei fazer de tudo para mante-la protegida.
Montgomery respondeu com o mesmo tom frio, e nem um pouco mais amistoso que o de minha ir... Alyssa.
-O maior perigo que ela corre é a ignorância sobre o próprio reino.
Como Alyssa não disse nada, nosso tutor continuou.
-Alteza...  - tentou ela com a voz mais calma - a princesa Graécia não é mais uma criança de doze anos que precisa ser protegida. - tentei pressionar meus ouvidos para chegarem mais perto para tentar ouvir se havia outras vozes lá dentro, e havia. Apesar de baixo, consegui ouvir as vozes de outros monárquicos, conversando entre si, provavelmente  sobre a situação que se encontravam.
Estava tão concentrada em ouvir toda a conversa que não observei o que, ou melhor quem, se aproximava de mim, até está a um metro de onde estava. Fui despertada por um falso ataque de tosse, que por surpresa acabei me sobresaltando e me virando para dar de cara com um rapaz, não aquilo não era um rapaz, certamente era um homem, um de quase dois metros de altura, com olhos verdes e cabelos tão pretos como o céu noturno que habitava tada noite sob nossas cabeças. E ele era simplesmente lindo. Fiz minha melhor tentativa de não ficar embabascada ao fita-lo. Porquê eu nunca tinha o visto? Provavelmente era novo, um dos três guardas que todo ano era contratado da forma mais sigilosa possível.
Como eu continuei olhando para ele sem dizer nada, apenas encarando aqueles olhos verdes penetrantes ele disse:
- Algum problema alteza?- questionou ele.
- Eu? Eu ... eu não - que droga estava agindo feito uma idiota.
Tive que respirar fundo três vezes e organizar as palavras antes de dizer:
- Eu estava apenas caminhando pelo  castelo e bom...Bom isso não é da sua conta.
Bem, e não era. Ele era apenas um guarda, a vida dela não era da sua conta. Não totalmente.
Ele riu, uma risada rouca e grave que concerteza iria fazer qualquer mulher se desintegrar deixando apenas o pó.
- Ao que me parece princesa - pude perceber que ele deu um ênfase desnecessário na última palavra. Como ele sabia que eu era a princesa e não a futura rainha eu não sabia, talvez todos que começarem a trabalhar no castelo recebia instruções de quem era princesa e quem era a futura rainha. O que pelos meus olhos não era muito difícil já que as minhas características e as de Alyssa são completamente diferente - a senhorita estava ouvindo atrás da porta.
- Não estava não.
Ele levantou uma de suas sobrancelhas grossas e negras, em um ato zombeteiro como se duvidando da minha afirmação.
Apenas dei de ombros.
- Suponho que a rainha esteja nessa sala junto com os monárquicos,onde fui instruído a ficar de guarda.
- Bem - respondi me sentindo ousada - se estivesse aqui fazendo o seu trabalho ao invés de ficar rondando pelo castelo fazendo sabe-se lá o que, eu não teria tempo para ficar ouvindo atrás da porta e assim você teria fazendo seu trabalho com mais eficiência,certo?
- RÁ - ele gritou como se vitorioso- então assume que estava bisbilhotando atrás da porta.
Droga.
- Eu não assumo nada. - respondi com desdém. Que homem mais inoportuno.
-E aliás - ele disse - eu não estava aqui pois foi a troca de turno.
Eu o encarei.
- Não precisa me explicar nada- respondi - como também não preciso explicar nenhuma de minhas ações com você e agora se puder me dar licença.
Falei me afastando dele.
Ele abriu um espaço, fazendo uma reverência zombatoria dizendo.
- Até mais, princesa.
Eu me afastei, apressando os passos para chegarem logo ao meu quarto. Quando finalmente encontrei a porta, entrei em meu quarto e fechei a porta atrás de mim resmungando.
Mas que serzinho inoportuno.

Um conto de invernoOnde histórias criam vida. Descubra agora