7. Lunch Time

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Quando duas pessoas se encontram há, na verdade, seis pessoas presentes: cada pessoa como se vê a si mesma, cada pessoa como a outra a vê e cada pessoa como realmente é. ~ William James

P.O.V. Kara Danvers
Fomos ao outro lado da cidade, chegamos a um restaurante que facilmente seria confundido com um restaurante frequentado por mortais e não pela Elite, o Rico's tinha dessa de que menos seria mais.
Sua faixada branca com detalhes azul marinho e uma pequena placa de madeira, escondia de quase todos o seu grande potencial.
– Meninas, vocês ficam aqui. – Lex Luthor chamou a atenção olhando para trás. – Infelizmente, minhas obrigações como CEO estão me chamando de volta. – Vi Lena olhar para ele com um olhar que tive pena da alma dele.
– Então até breve, Senhor Luthor! – Respondi saindo do carro e colocando as mãos no meu bolso.
– Que isso Kara, você é praticamente família agora. – Riu e sorri sem jeito me sentindo envergonhada.
Lena desceu do carro e então Lex partiu nos deixando na calçada, constrangidas pela presença uma da outra.
– Vamos entrar? – Lena perguntou rompendo o silêncio e eu assenti.
A recepcionista sorriu ao ver Lena, ela sorriu de volta e me incomodei, haviam salas com uma mesa apenas e uma porta para os fundos.
– Privacidade seria muito bom, mas acho que você vai gostar mais do outro ambiente. – Lena me puxou para a porta dos fundos e abriu para mim.
Haviam Bangalôs abertos por todos os lados e árvore ao redor, luzes como as de natal, minha época favorita do ano.
Árvores e mais árvores e alguns poucos casais, me levou por um caminho de tijolinhos muito bem colocados para um bangalô.
Na CatCo. tínhamos uma coluna destinada aos lugares para se ir e descontrair, vejo agora que tudo o que havia na descrição do Rico's era ainda mais.
Lena puxou a cadeira para mim e me sentei, no fundo tocava versões acústicas de músicas atuais, Lena sentou-se a minha frente.
– Venho aqui pelo ambiente. – Explicou o sorriso da recepcionista.
– É um excelente ambiente. – Concordei com ela olhando para baixo. – Tenho uma pergunta, mais para uma dúvida.
– Pergunte, adoraria tirar sua dúvida. – O garçom se aproximou e deixei que Lena fizesse os pedidos uma vez que nunca havia estado ali.
– Bom... – Comecei assim que o garçom se afastou. – O que vai acontecer com o aplicativo do meu celular quando a matéria for publicada?
– Sua versão já é a versão completa, não teria como ser retirada a menos que você desinstalasse. – Disse simplesmente dando de ombros.
– Essas são as empanadas. – O garçom chegou com um tipo de pastelzinho colocando em minha frente. – Licença. – Outro garçom chegou com vinho e nos serviu.
O almoço foi descontraído, Lena tentava me apresentar a todos os tipos de culturas presentes naquele restaurante enquanto conversávamos.
– Olha, uma vez estive no México, por trabalho, L-Corp tinha algumas pendências lá. – Começou a contar brincando com sua taça já quase vazia. – Então quis sair e conhecer mais a cidade, tive a oportunidade de ir a um bar, meu espanhol um pouco enferrujado na época, mas tinha essa bebida, Mezcal, e no fundo da garrafa uma larva, comecei a beber com uns amigos que fiz. – Eu não conseguia tirar os olhos da boca dela, Lena Luthor com certeza tinha um dos sorrisos mais incríveis que eu já havia visto. – Então a garrafa chegou ao fim, e a larva estava lá, me disseram que eu teria que comer porque fui eu quem tomou a última dose.
– E você comeu? – Perguntei sentindo meu estômago embrulhar, anotado em minha mente, nunca tomar Mezcal.
– Felizmente fui salva por um deles que comeu por mim, eu não teria coragem. – Riu esvaziando sua taça.
– Você é bem viajada. – Tomei um pouco do vinho sentindo minhas bochechas esquentarem. – Acho que o mais longe de National City foi para Midvale, de onde vim.
– Veio de Midvale? Como é lá? – Perguntou curiosa sem deixar aquele sorriso sumir. – Falei muito sobre mim, quero conhecer mais você.
– Midvale é uma cidadezinha, meu quarto tinha uma vista para as docas e eu gostava de sair, ir para a clareira para olhar as estrelas, acho que não tem muito de Midvale para dizer, minha irmã e eu nós mudamos para cá uns anos atrás, comecei na CatCo. e ela foi para a polícia.
– Irmã policial? Completo opostos. – Me perdi em seus olhos azuis e sorriso sem graça.
– Eu diria que você e Lex Luthor também são opostos, ele está em todas as mídias sociais, se nosso encontro no parque não tivesse acontecido, não estaríamos nesse almoço, eu não saberia quem é Lena Luthor. – Senti meu celular vibrar e fazer o barulho característico para minha chefe. – Licença, preciso responder, é a Cat Grant.
“Kiera, Reunião hoje às 16h não se atrase, louca para ver seu rascunho do Virtual Love da L-Corp.”
Olhei a hora no celular, já passava das 14h e meu rascunho não estava nem de longe bom o suficiente para ser apresentado, olhei para Lena e mordi meu lábio de nervoso.
Estava dividida entre deixar Lena no meio do nosso almoço amigável/encontro e terminar o rascunho ou mostrar o rascunho bruto para Cat e ficar mais um tempo na companhia de Lena.
– Deixa eu adivinhar. – Ela disse fazendo um sinal discreto para quem nos serviu. – O dever chama?
– Infelizmente. – Sorri sem graça. – Adorei sua companhia, obrigada pelo almoço.
P.O.V. Lena Luthor.
Lex e sua ideia de um almoço com Kara me renderam as melhores horas daquele mês, quem diria que seria tão interessante conhecer mais, pessoalmente, daquela mulher.
Kara tinha uma áurea hipnotizante ao seu redor, creio que até a pior das pessoas ainda se encantaria com ela.
Passamos todo o almoço fazendo uma viagem gastronômica entre países latinos me divertia com as reações de Kara ao aprovar, fechando os olhos e sorrindo enquanto mastigava, e ao desaprovar sorrindo sem graça enquanto bebia mais um pouco do vinho que escolhi para nós.
Suas bochechas coravam com muita frequência sempre que um comentário ou outro a deixava sem jeito.
Quando seu celular tocou senti que deveria encerrar o almoço, até porque depois da mensagem a vi morder os lábios nervosamente.
– Deixe-me adivinhar, o dever chama? – Sinalizei aí garçom que veio com a conta, dei o meu cartão e ele se retirou.
– Infelizmente. – Seu sorriso havia perdido todo o brilho. – Adorei a companhia, obrigada pelo almoço.
– Eu quem deveria agradecer por companhia tão agradável, eu até acho que deveríamos repetir. –  esse almoço em algum momento. – O motorista de Lex já aguardava na porta do restaurante, abri a porta para ela e dei a volta para também entrar. – Quer ficar na L-CORP ou diretamente na CatCo?
– Se não for muito incômodo, prefiro ficar já na CatCo. – Deu um sorrisinho de canto e abaixou a cabeça, haveria algo nela que a tornasse menos atraente? Ou pelo menos menos linda?
– Não é incomodo algum. – Sorri de volta e avisei ao motorista que a deixaríamos na CatCo. – Você poderia me passar seu número? – Senti minhas bochechas queimarem ao fazer o pedido.
– Claro, me empreste seu celular. – Ela anotou rapidamente o número em meu celular e senti meu estômago formigar em antecipação as conversas que eu imaginava ter com ela em minha cabeça.
Kara me devolveu o celular e passamos os próximos 5 minutos de viagem falando um pouco sobre nós, Kara mantinha o olhar interessado mesmo enquanto eu contava a trajetória de pesquisas da L-Corp, minhas noites no laboratório e minhas frustrações.
Ela ainda se recusava a falar muito de si mesma e a cada vez que ela tinha oportunidade de falar, fazia uma narrativa rápida de alguma história e mudava rapidamente o tópico do assunto me fazendo falar mais.
– Fiz Jornalismo porque tenho um primo que é repórter, achei que era legal o modo de vida dele e quis seguir seus passos. Mas e Lena Luthor no tempo da faculdade? – Perguntou de volta.
– Tenho 3 doutorados, na verdade estou terminando o terceiro, fiz engenharia mecatrônica, Bioquímica e Sistemas de informação, gosto muito de estudar e aprender e colocar em prática na L-CORP. – O carro parou em frente a CatCo. e desejei que aquilo se estendesse por mais algum tempo.
– Bom, acho que eu fico aqui. – Riu e me olhou nos olhos. – Obrigada de novo pelo almoço e pelas aulas de culinária Latina.
– Você é uma ótima companhia, Senhorita Danvers, deveríamos fazer isso mais vezes. – Não sei por quanto tempo fiquei ali admirando seus olhos, mas quando avancei um pouco para a frente para beijá-la seu celular tocou.
– Eu devo ir. – Sorriu, beijou o canto de meus lábios e saiu me deixando com um sorriso irritante na boca.
Pedi ao motorista que retornasse para L-CORP, deveria terminar o aplicativo e colocá-lo à disposição antes do final de semana e faltavam alguns pouquíssimos detalhes, como por exemplo me deixar invisível para que eu conversasse apenas com Kara.
Senti o choque em meu pulso e abri o celular.
Kara D: Sua versão real é tão agradável quanto você.
Lena L: Devo ficar com ciúmes?
Kara D: Uma vez que acho muito improvável alguém como ela estar interessada em alguém como eu, acho que você não tem nada a temer.
Lena L: Alguém como ela? Quem em sã consciência não gostaria de ter você por perto? Eu com certeza gostaria.
Kara D: Ela é alguém poderosa demais e eu ainda não estou no nível dela.
Lena L: Você nem mesmo está no meu nível, você está um nível acima de todos nós, fala sério! Você é perfeita.
Kara D: Ah é?
Lena L: Com certeza, devo dizer até mesmo que eu adoraria uma namorada como você, que tal namorar comigo?
Kara D: Gostaria que fosse real, então eu diria sim, você é muito fofa.
Lena L: Mas eu sou real, estou conversando com você.
Kara D: Real em um aplicativo.
Lena L: Está decidido, você é minha namorada.
Chegando à L-Corp, fui direto aos laboratórios de informática e comecei a programar eu mesma a versão onde eu ficaria escondida para conversar com Kara.
Horas e horas na frente do computador e abas e mais abas de comando, digitava depressa com cuidado toda a programação nova do aplicativo, quando terminei pedi para Eve, testar e tentar me encontrar, 30 minutos depois e ela ainda não havia me achado, considerei o sucesso, peguei meu celular real e mandei uma mensagem para Kara.
L. Luthor: Adorei nosso almoço.
K. Danvers: Eu também! Você é uma companhia muito agradável, não teria como ser ruim.
L. Luthor: Diz a pessoa que me ouviu tagarelar por horas.
K. Danvers: Bom, quero retribuir o almoço, que tal uma parada no Big Belly Burger mais tarde?
L. Luthor: Kara Danvers, Você acaba de conquistar meu estômago! Meu Hambúrguer favorito vem de lá.
K. Danvers: Então cominado, às 19h no Big Belly.
L. Luthor: Estarei lá.
Passei a tarde trabalhando tanto no aplicativo e seu design final quanto nos outros projetos com Nano robôs.
A tecnologia nano era uma novidade na L-CORP esperávamos estar progredindo o suficiente para testar nas pessoas, os nano robôs seriam utilizados para tratar doenças no nosso organismo.
Acabei minha ronda nós laboratórios por volta das 17:30 e apesar de ter uma reunião com Lex, pedi que minha secretária remarcasse, fui embora para casa para me arrumar um pouco melhor para ir ao Big Belly.
Em casa  escolhi um vestido simples e amarrei meu cabelo.
Às 19h em ponto estava estacionando meu carro perto do Big Belly Burger, apenas atravessei a rua e entrei no restaurante.
Dando de cara com Kara e uma Ruiva em uma das mesas, Kara sorria e conversava distraidamente com a ruiva, senti meu maxilar enrijecer com a cena de Kara sorrindo para a mulher desconhecida, respirei fundo uma, duas, três vezes até me considerar um pouco mais calma.
Kara não tinha namorada, tinha? Se tivesse por que ela iria flertar de volta com o aplicativo? Ou por que falaria de mim para o aplicativo? Mas e se ela estivesse falando de outra pessoa esse tempo todo?
Muitas perguntas estavam se passando pela minha cabeça quando decidi me mover, ficar ali na porta tanto tempo não seria bom, quanto mais tempo eu teria ali na porta, mais tempo ela teria para conversar a sós com a ruiva.

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Capítulo especial de 1 mês de fic.

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