Minha vida é uma peça e eu a escrevi para ser um herói. Acontece que nos atos de heroísmo, eu não sei o que fazer e fico paralizado. Minha própria bengala brutalmente me puxa para trás das cortinas. E ficar atrás das cortinas é o que sei, o que faço de melhor. Eu sempre quis ser herói mas nunca vi um herói como eu na tv. Nunca pulou do vazio nenhum herói parecido comigo para me ensinar a ser herói. Mas eu, por puro egoísmo, fiz meu amor verdadeiro esperar um herói de mim, e tão épica foi minha falha que me tornei sua maior decepção. Eu não sou um herói e ele sabe disso. Sou um fracasso travestido de herói, esperando alguém me forçar para fora da banalidade, mesmo que seja para me tornar um vilão. E mesmo assim, meu amor viu beleza em mim. Quer me tirar daqui, ir pelas estradas de ouro e saltar do último andar para o vale das flores eternas. Quer me levar para sentir o cheiro das rosas e me beijar. Ele sabe que sou um anjo torto mas não sabe dentro de mim existem, também, demônios peçonhentos, prontos para fazê-lo sangrar. O pouco de felicidade que me resta é saber que conheci o melhor homem da minha vida e deixei-o ir para as terras da felicidade que seriam inalcançáveis se ele tivesse me levado junto.
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Procura-se Eu
RandomLivro de crônicas (ou algum outro gênero textual alternativo que eu desconheço)