Procura-se Eu

Você Já Pensou Em Morrer?

Você já pensou em morrer? Eu já. Os seres humanos estão habituados a sempre atribuir funções uns aos outros. Algo que contribua com o maldito sistema, e fazem disso o propósito da vida deles. Eu não sirvo para gerar renda para essa roda d'água na qual o rico está sempre por cima. Eu sirvo para quebrar essa roda com palavras, sons e ritmos. A única lei que me agrada seguir é a lei do metrônomo. Eu sempre acreditei na luta para que seis ricos não valham mais que cem milhões de pobres. Para que mais muros sejam derrubados e menos, erguidos. Para que pessoas não precisem amar somente escondidos nas sombras. Para que pessoas sejam tratadas igualmente, independentemente da sua raça, cor, religião, gênero, sexualidade e preferências. Por isso, eu sempre me senti orgulhoso. Sempre senti minha alma elevada e minha mente livre de ódio. Sempre senti que esse é o meu propósito de vida. Com o tempo, tudo isso foi sendo destruído dentro de mim. Meus olhos começaram a sangrar ao ver legiões transformando em ídolo aquele que prega e enaltece tudo o que eu combato. Chamam-me de vagabundo e entitulam-o mito. Você acha que minha situação é compensadora? Nunca será. A revolução nunca é totalmente satisfatória e dificilmente será concluída. Mas ela é necessária para que sempre esteja claro que nós não aceitamos a injustiça. Há uma guerra constante em cada um dos meus neurônios, mas todos eles apontam para o mesmo caminho: o de espinhos, buracos e pedras. É difícil sentir os fuzis da sua própria família apontados para o seu coração como o exército de um ditador aponta para os que almejam liberdade, prontos para extinguir qualquer resquício de autoridade, independência e senso crítico que você apresentar. É estranho como os ignorantes vivem bem e são estimulados a dar suas opiniões, mas o culto é linchado ao simplesmente discordar delas. A ignorância, talvez, seja uma benção. Ser ignorante, vil e ter amor pelo ódio e pelo dinheiro é ser cidadão de bem.