Prometeia me disse que me pertenciam todas as estrelas que eu podia ver no céu quando eu era criança. Disse que a Lua estava a um palmo de distância de minhas mãos. Que minhas criações seriam admiradas e celebradas. Cresci com seus sussurros e risos. Eu sorria de volta. Enxergava a vida como uma pedra, pronta para ser atirada por mim ao lago de paz e prosperidade. Mas ao passo em que a pedra deixou a ponta dos dedos de Prometeia e encontrou minha pele, ela esfarelou. Pequenos estilhaços passaram-me por entre os dedos. Eu a deixei cair. Prometeia ri mas dessa vez não é junto a mim. Seu sorriso me humilhava. Eu, artista autodeclarado, não fui capaz de transitar pelo apocalipse. Eu era engraçado para ela. Prometeia achava que eu era só um fanático incógnita fingindo ser artista. E eu sou. Não sou original. Sou cópia. Sou plágio. Minha voz não é minha, meus sonhos não são meus. São sonhos que eu aprendi.
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Procura-se Eu
DiversosLivro de crônicas (ou algum outro gênero textual alternativo que eu desconheço)