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— Isto é absurdo. — Katniss praguejou. — Tens noção do que estás a dizer? Isto muda o caso completamente. E tudo por aquilo que pode ser um simples devaneio. — Levantou-se e sacudiu a terra das calças.

— Não é um devaneio, eu sei o que vi, eu sei o que estou a dizer.

— Desculpa Walker, mas não contes comigo. Isto é uma loucura, é impossível. — dizia ela. — E mesmo que estivesses certo, imagina! Tu próprio o disseste, não conheces esse homem de lado nenhum, era como procurar uma agulha num palheiro. E não podemos ir falar com a polícia porque eles mesmos ocultaram possíveis provas. — E virou costas para se afastar dele, no entanto, o rapaz levantou-se e acompanhou-a ao longo do passeio à beira do rio.

— Sei que é improvável, mas e se eu estiver certo? Não irias querer fazer justiça, pela tua irmã?

— A justiça está feita Caleb. — Ela contrariou, embora relutante.

— Não está Katniss. Sei o que vi e acredito que este homem tem algo a ver com o caso. E, se realmente tiver, então o assassino da tua irmã está vivo e a gozar a sua vida.

Katniss não respondeu de imediato. Abrandou o passo e caminharam com alguma distância um do outro, adentrando pelas ruas movimentadas de Brooklyn.

O tempo ainda estava ameno e o céu começava a escurecer calmamente. As pessoas passavam por eles na azáfama habitual dos Nova Iorquinos e ouviam-se conversas soltas aqui e ali.

— O que pretendes fazer quando o encontrares? — questionou e o silêncio por parte do jovem foi a única resposta que obteve. — Se me pediste para ser o teu álibi, não é coisa boa. — constatou.

— Ainda não tenho essa parte planeada. — Desconversou.

— Ambos sabemos que isso é uma grande mentira. Se queres a minha ajuda, então eu preciso de saber de tudo.

— Estás a concordar em ajudar? — Ele perguntou surpreendido.

— Estou a dar-te o benefício da dúvida, ainda não concordei com nada. Quero saber o que vais fazer para o encontrar. Acho que, pelo menos nessa parte, vou ter interesse em participar.

— Desculpa em desiludir-te Sanchez, mas trabalho sozinho, sou um lobo solitário.

— Dois cérebros pensam melhor que um. — Ela avisou.

— Não contes com isso.

— Anda lá Caleb, sabias para o que vinhas quando me puseste nessa equação. Conta-me como vai a tua pesquisa.

— Não vai. — Suspirou derrotado; sabia que ela tinha razão. — Até agora tentei concentrar-me no caso em si e não em encontrá-lo, entendes? Acho que este é o primeiro passo a dar. — A rapariga parou numa passadeira e ele seguiu-lhe o exemplo.

— Então é nisso que nos vamos focar amanhã. — O sinal ficou verde. — Aposto que já tens o meu número, basta me ligares. — E atravessou a estrada, deixando-o sozinho.

A noite passou sem pressas.

Katniss virava-se para um lado, virava-se para o outro, e não conseguia adormecer. O dia tinha corrido terrivelmente mal e as revelações tinham sido arrebatadoras.

Caleb tinha razão, a vida pode mudar num pequeno período de tempo e este era um desses momentos.

E se houvesse realmente uma segunda pessoa no crime? Essa ideia martelava na sua mente causando fraturas, sentia o coração a estalar.

Porque haveria a polícia de apagar provas? Tinha sido uma decisão conjunta ou havia algo mais? Era muito improvável, mas e se fosse verdade?

Estava realmente pronta para acreditar nos delírios de um desconhecido e seguir com isto para a frente?

Almas CondenadasOnde histórias criam vida. Descubra agora