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— É credível, não estou a ver falhas. — Katniss discordou e Caleb suspirou.

— Katniss, o chefe não chamou a polícia, pagou-lhe dois salários, e tu sabes que aquele restaurante não era barato.

— Por isso mesmo, eram amigos e, por ter sido despedido, pode ter ganho rancor.

— Não acredito nisso, nem tu. — Caleb alegou. — Ouve Katniss, eu entendo. É tudo tão mais simples se pensarmos que este segundo homem não existe. Mas eu vi-o, eu vi o olhar cínico que me deu e recuso-me a aceitar que o caso está encerrado.

— Então, porque haveria o Raul de se sacrificar pelos ideais de outro?

— Homens como o Raul são fáceis de manipular.

— E o que ganhou o outro com tudo isto?

— É isso que temos de descobrir. Quem é e o que beneficiou.

— Qual achas ser o motivo dele? — A jovem perguntou, encarando-o, e ele hesitou.

— Eu não sei. — Olhou-a e desviou o olhar logo de seguida. — Tenho esta teoria maluca de que não era o local que importava, não era o gerente.

— Então era o que?

— Katniss, já pensaste se a tua irmã estaria envolvida nalguma coisa? — Katniss franziu a testa de imediato e remexeu-se no lugar, virando-se mais de frente para ele.

— Onde é que queres chegar? — Caleb parou para pensar, sabia que acusar a sua irmã de algo era um mau caminho a atravessar, mas tinha de a pôr a ver a sua perspetiva.

— A Sophia tinha inimigos?

— A Sophia era uma boa pessoa, ninguém a odiava. — Caleb notou-lhe um pequeno tremor na voz.

— Ex-namorados? — Abriu o seu bloco de notas e agarrou a caneta. — Nomes? Redes sociais? Que tipo de relações tiveram?

— O que é que tens tu a ver com isso? E o que é que importa? — Caleb suspirou, sabia que Katniss iria ser difícil enquanto não começasse a acreditar nele. Agora, de certo modo, arrependia-se de lhe pedir ajuda sem ao menos saber de tudo, não tinha sido o momento ideal.

— Conheci o ex-namorado dela, o Brad. — A jovem franziu a testa. — Estava a perguntar-te pelos outros para saber se também eram relevantes. O Brad pareceu-me ser.

— Como sabes do Brad? — Questionou sentindo o coração a apertar-se.

E então, uma dúvida inquietante passou-lhe pela mente seguida de tantas outras: Caleb conhecia bem Sophia? Saberia mais sobre ela para além do que revelara até agora? O quanto podia confiar nele?

Katniss não sabia como esconder isso, o seu rosto era um verdadeiro espelho e os seus olhos duvidosos alarmaram o rapaz. O que não precisava agora era de uma parceira que desconfiasse dele.

— A Sophia calhou de me dizer. — E, vendo que não ficara satisfeita com a vaga resposta, prosseguiu, passando-lhe o bloco de notas para a mão onde estavam escritos factos sobre o ex-casal. — Eu não a conhecia, fui sincero. Sabia quem ela era, mas as nossas interações eram poucas e superficiais.

— Então explica-me como é que ela te calhou de dizer. — Foi inevitável para Katniss a voz não lhe sair como gelo. Caleb entendeu, estava a falar da sua falecida irmã. Que indelicado.

— Um dia cheguei a casa mais cedo da faculdade. O Tom estava na sala a ver televisão muito alto, como era habitual, e apanhei a Sophia na cozinha a fazer o lanche enquanto chorava. Foi constrangedor, mas não podia ignorar, falei com ela. Contou-me que ela e o namorado tinham terminado porque descobriu que ele consumia droga. Tive de jurar que não contava a ninguém, mas aqui estou eu a quebrar a promessa.

Almas CondenadasOnde histórias criam vida. Descubra agora