Henri passeava pelo jardim com Louise, ouvindo pacientemente tudo o que aquela garota encantadora da província lhe contava. Louise olhou para Henri.
– Estou falando demais?
Henri segurou a mão dela enquanto a sentava em um banco.
– Não. Moças que falam demais não me aborrecem.
– De onde tirou isso?
– Minha mãe. Ela falava muito e não me aborrecia. Ela era como você, e isso é um elogio... – Henri sorriu tristemente.
Louise segurou a mão dele. Henri estava de cabeça baixa, encarando os próprios sapatos e fungando baixinho.
– Não gosto de ver ninguém triste...
– Me perdoe...
– Está tudo bem, Henri.
Louise pegou um lenço esverdeado e bordado com suas iniciais e deu a ele.
– Tome.
– M-merci...
Henri passou o lenço pelos olhos que começavam a lacrimejar.
– Merci. Merci Beaucop...
– De nada.
Henri terminou de enxugar os olhos e beijou a mão dela em um gesto cavalheiresco. Ela corou.
– Você é fofa.
– Você também. O que você quer ser quando você crescer?
Henri deu um sorriso maroto e fez um gesto teatral. Bradou:
– Um poeta! Um músico! Um amante! Um artista!
Louise bateu palmas e disse:
– Amo arte... não sabia que tocava.
Henri suspirou.
– Mas sonhos são apenas sonhos...
– Por que diz isso?
– Meu pai. Diz que arte é coisa de mulheres e que homens melosos (Que fazem versos, música ou teatro), não são homens de verdade. Também diz que não cria o filho para ser um maricas. Ele quer que eu seja um advogado ou um médico. Segundo ele, essas são profissões respeitáveis que dão dinheiro e... – Ele suspirou. – ... segundo ele não é tão maricas quanto a escrita de versos. Mas eu ainda quero ser um poeta publicado, nem que seja sob pseudônimo! E você? O que quer fazer?
Louise pensou um pouco.
– Talvez nada...
– NADA?!
– Você sabe muito bem da falta de oportunidades que as mulheres têm. Eu escrevo, também, mas nunca pensei em publicar meus textos. Afinal... quem os leria?
– Eu.
Louise sorriu.
– E, talvez, meu pai e meu irmão. Nada e ninguém além dessas pessoas. O mundo pertence aos homens, Henri. Mas não são todos: O mundo pertence, apenas, aos homens ricos e poderosos. Os pobres não importam: O resto nunca importa.
Henri estava de queixo caído.
– De onde... de onde tirou isso?!
– Da vida...
***
Julien andava distraído pelo palacete quando esbarrou em Carl. O prussiano o encarou, franzindo o nariz.