Capítulo 7

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— O Império Contra-Ataca ou A Vingança dos Sith? — Gregg perguntou, enquanto navegava pela Netflix. Havíamos resolvido assistir um filme no meu dormitório, já que finalmente nossos horários combinaram. 

— O Império Contra-Ataca, com toda certeza. Não estou com paciência para ver a fraqueza do Anakin Skywalker hoje. — Respondi, enquanto tirava a pipoca do microondas. 

— Não seja tão dura com ele, Annabella. O cara estava assustado, eu até entendo a situação. —Gregg conseguia exercer empatia até por um dos maiores vilões do universo cinematográfico. 

— Se isso justifica se aliar ao lado negro da força, além de estabelecer uma ditadura no Império intergalático, tudo bem. — Gregg desistiu da discussão com um dar de ombros. Uma dos nossos passatempos era rever os filmes de Star Wars, havíamos decorado as falas. Por algum motivo, a saga nunca nos enjoou.

   Assistimos o filme deitados na minha cama, sem muito assunto entre as cenas. Era estranho pensar que se Zendaya estivesse presente, já teria feito vários comentários insolentes e que provavelmente me fariam rir. Não daria lugar para o sentimento de culpa por estar pensando em uma amiga, enquanto estava na companhia do meu namorado, era a coisa mais normal do mundo. Eu acho.

— Incrível, como sempre. Eu gostaria muito de poder apagar esses filmes da mente, para ter a mesma sensação de quando vi pela primeira vez. — Meu namorado com gostos geek falou, assim que os créditos subiram na tela.

— Você sempre fala isso quando assistimos Star Wars, Star Strek, Harry Potter, ou qualquer anime. — Comentei, arrancando um sorriso de Gregg. Ele tinha dentes perfeitamente alinhados. 

— É um ritual soltar essa frase, vai que meu desejo se realiza algum dia. — Gregg envolveu o braço em volta da minha cintura, depois de colocar meu notebook de lado. — Senti tanto a sua falta esses dias, mais que o normal.

— Você precisa arrumar um tempinho pra mim na sua agenda. — Respondi, tentando manter o foco durante a sequência de beijos que estava recebendo no pescoço. 

— É verdade, sinto muito por isso. Prometo que é só enquanto me adapto aos novos compromissos. — Gregg já estava tirando sua camisa, expondo seu abdômen musculoso. Realmente, ele não deixava a desejar em tantos aspectos. 

— Estou brincando, eu realmente entendo. — Aproveitei para trazer seu corpo forte pra cima do meu, sem dar oportunidade de réplica. 

   Os acontecimentos sucessores foram intensos, como todas as vezes anteriores em que Gregg e eu passávamos as noites juntos. Descansando com seus braços em volta do meu corpo, os sentimentos de conforto e segurança me invadiram, e era o suficiente para anular qualquer pensamento diferente, mesmo que temporariamente. 

Gregg acordou bem mais cedo que eu na manhã seguinte, deixou um bilhete explicando que precisava malhar antes de se organizar para os compromissos do dia. Meu celular tocando me obrigou a parar de enrolar na cama, era o contato da minha mãe que aparecia no visor.

— Bom dia, mamãe. 

— Já era tempo de levantar, Bella. Foi o Gregg que atendeu da primeira vez, aquele medroso não quis te acordar. — Minha mãe riu do outro lado da linha. — Ele dormiu com você então?

— Ele não é medroso, só sabe que não gosto de ser acordada. — Meu humor não era nada bom quando acontecia. — Sim mamãe, Gregg dormiu aqui.

— Vocês usaram proteção, Bella? — Ela questionou rápido. O maior medo da minha mãe era que eu passasse por uma gravidez indesejada.

— Sim, não precisa se preocupar com isso. — Não queria ficar falando sobre minha vida sexual com ela, era desconfortável. Minha matriarca adorava esse fato para me atormentar. 

— Claro que me preocupo, sou jovem demais para ser vovó. — Ela zombou, me arrancando um sorriso. — Ainda nem aproveitei da minha bebê o suficiente. 

— Não sou mais um bebê, mas será que se eu chorar como um, consigo fazer você vir até aqui me dar um colinho? 

— Não brinca com isso, estou morrendo de saudade. — Sabia que ela estava sorrindo de orelha a orelha. — Como estão as coisas? Conseguiu se enturmar?

— Como eu te disse por mensagem, estou realmente amando tudo, mesmo a quantidade de trabalhos para fazer. Conheci algumas pessoas muito incríveis também. — O rosto de Zendaya me veio à mente, não consegui evitar. — Também fumei maconha. 

— Annabella Avery Thorne. — Minha mãe soltou, prendi meu riso. — Não vou te dar uma bronca, mas peço que tome cuidado.

— Fica tranquila, não pretendo conseguir um certificado de maconheira, só quis experimentar.

— Melhor ainda. — Ela fez uma pequena pausa antes de continuar. — Mas então, como foi? É verdade que o usuário tem alucinações? — A curiosidade da minha mãe me fez dar boas risadas.

— Não, mamãe. É só uma sensação relaxante, como se o mundo ao redor estivesse passando enquanto você fica tranquila. — Ela deu um risinho ao me ouvir. — Deveria provar.

— Obrigada pela sugestão Bella, mas eu passo. E as pessoas incríveis que conheceu?

— Tem uma garota que é apaixonada pelas roupas que você compra pra mim, ela quer te conhecer em breve. Além de um cara que está no ano de conclusão, mas ele é bem legal. E outra garota, a Zendaya, que está perto de se formar também. Acho que dos três, ela é a mais incrível.

— O que ela tem de tão especial? — A minha relação com minha mãe sempre envolveu muito diálogo, não tínhamos muitos segredos, mas eu não estava disposta a falar profundamente sobre minhas recentes sensações.

 — Zendaya é uma das pessoas mais confiantes que já conheci, ela exala isso. Fora que me faz sorrir o tempo todo, mesmo sem ter a intenção. Quando estamos conversando, nunca parece o suficiente. Não sei explicar direito mamãe, mas ela tem uma energia muito boa. — Quando me obriguei a parar de falar, fiquei surpresa com a quantidade de outras informações eu ainda tinha em mente para contar sobre minha nova amiga. A inteligência, a beleza, o senso de humor ácido, a sensação de agitação e curiosidade que me atormentava... o fato dela se relacionar com garotas. 

— Isso é ótimo, filha. Até eu fiquei com vontade de ser amiga dessa garota. — Minha mãe respondeu, sem tom de acusação ou desconfiança. 

   O restante da ligação se perdeu no assunto sobre minhas acomodações no alojamento e as disciplinas do semestre. Tinha muita saudade de casa, mas sabia que era um período necessário para meu crescimento. 

O restante da semana sucedeu sem mais festas para mim, e estaria mentindo se dissesse que não esperei encontrar minha nova amiga pelos corredores, mas não dei a sorte. 


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