Capítulo 12

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  O ditado sobre algo estar ruim sempre poder piorar é real, e tenho comprovações empíricas. Minha última semana passou sendo preenchida por excessivas idas à biblioteca, na tentativa de esquecer os sentimentos tão confusos. Para minha frustração, Hal estava inclinada a me fazer resolver a situação que era minha vida amorosa, ou pelo menos, me fazer sair para distrair a cabeça. 

   Barbie havia nos convidado para uma festa que estava organizando em sua casa, mesmo que ela prefira usar o termo "reunião para poucas pessoas". Realmente eram poucos convidados, todos rostos conhecidos, incluindo o de Zendaya e Alexa. Se Hal tinha o objetivo de me fazer distrair a cabeça, seria um desejo totalmente fracassado.

— Ah Annabella, não fique brava comigo. — Hal sussurrou, enquanto me oferecia um copo de cerveja. Todo álcool seria bem vindo para aguentar o casal meloso, aquelas duas não faziam questão de encontrar um quarto. 

— Não estou brava com você, estou brava comigo por ser tão idiota. Não sei por qual motivo achei que a ela ficaria aguardando eu me decidir. — Soltei, contrariada. Hal deu uma risadinha bêbada e me puxou para o outro lado da festa, tirando do meu campo de visão a boca idiota da Alexa Damie no pescoço da Zendaya. 

   Fiz o possível para interagir entre as pessoas que conhecia, felizmente obtive êxito. Jacob Elordi e Barbie me fizeram dar boas risadas, os dois eram amigos de longa data, tinham várias histórias para contar. Contudo, mesmo na companhia de vários conhecidos, não estava tendo sucesso em bloquear da minha mente a presença de Zendaya. O jardim da república que Barbie morava era enorme, quando senti o ar frio da noite no meu rosto, foi reconfortante. 

— Tá chato lá dentro, né? — A voz de Zendaya soou vinda das minhas costas, me assustando.

— Você não parecia entediada. — Soltei, incapaz de conter minha insatisfação. Não viraria na direção dela, ficaria muito evidente o quanto eu estava irritada.

— Reparando muito em mim? — Sabia que ela tinha um sorriso debochado mesmo sem olhar, aquilo me fez revirar os olhos.

— Você pode me deixar em paz? 

— Parece irritada, Bella. Posso saber o motivo?

— Agora voltei a ser Bella? — Ela se aproximou de mim, parando ao meu lado. Permaneci com os olhos para frente, mas sabia que Zendaya me observava. 

— Sempre foi Bella, eu gosto de te chamar assim. 

— Pode parar, eu prefiro que as pessoas que fazem parte da minha vida me chamem assim.

— Tudo bem. — Ela respondeu simplesmente.

— Não entendo como você lida com seus sentimentos. — Soltei, apressada. — Faz parecer tão simples. Há poucos dias queria estar comigo, e com apenas um desentendimento, as coisas mudaram.

— Não mudaram, eu ainda quero estar com você. 

— Diga isso para a Alexa que estava com a língua dentro da sua garganta há poucos minutos. — Falei, fazendo Zendaya soltar uma risadinha, aquele som era bom de ouvir. Acabei sorrindo junto.

— O que esperava que eu fizesse? Você deixou bem claro que queria seu namorado sem graça. 

— Talvez estivesse enganada, já que não tenho mais um namorado. — Finalmente olhei na direção de Zendaya. O sorriso que estava em seu rosto foi substituído por uma expressão mais séria. — Eu disse que estava interessada por outra pessoa, especificamente por uma garota, Gregg quer que eu escolha o que fazer. 

— Uau. Seria mais fácil ter antipatia por esse cara se ele fosse um cuzão. — Sorri ao ouvir. — Mas já decidiu o que quer? 

— Todos os sinais no meu corpo e no meu coração me levam até você. — Admiti, corajosa pela quantidade de bebida alcoólica ingerida. — Mas depois dessa noite, não acredito que seja a escolha mais inteligente. 

— Bella. — Zendaya segurou minha mão e entrelaçou nossos dedos, parecia tão certo. Me senti tão... em casa. Os olhos dela pareciam tão sinceros, capazes de transmitir tantos sentimentos bons. 

— Zendaya! — A voz bêbada de Alexa chamou vinda da porta. Recuei e quebrei o contato visual, aquilo com certeza era o universo me mandando cair fora. — Estou te procurando para me despedir, vou dormir na casa do Jacob. Ah, oi Annabella. — Me cumprimentou animadamente, retribuí com um aceno de cabeça quando passei por ela. 

   Voltar para a festa não me pareceu uma opção tão convidativa, então andei até o ponto de ônibus mais próximo, pelo menos havia aprendido a usar o transporte coletivo. Novamente fui interrompida por Zendaya, no meu momento reflexivo. A diferença era que dessa vez ela estava dentro da sua BMW. 

— Bella, posso pelo menos te oferecer carona? Não é seguro ficar sozinha aqui.

— Você está bêbada? 

— Não, já sabe que sou mais da maconha, mas não fumei nada essa noite. — Realmente não havia visto Zendaya fumando, tampouco bebendo. Aceitei a carona, me sentia exausta demais para discutir. 

  O trajeto foi silencioso, mesmo com as incontáveis tentativas de Zendaya para jogar conversa fora, eu não estava facilitando a tarefa com meu mau humor. Quando o carro estacionou nos alojamentos, me preparei para descer, mas fui impedida. 

— Eu sei que vacilei feio essa noite, e não acho que está disposta a ouvir meu lado da história nesse momento, mas queria que ficasse com uma coisa. — Zendaya falou, em seguida pegou um caderno pequeno no banco de trás. Após folhear as páginas escritas, puxou uma delas e me entregou. A caligrafia não era das melhores, mas legível. 

— Boa noite, Zendaya. — Falei, segurando a folha. Tentei parecer indiferente, mas não via a hora de chegar no quarto e ler o que estava escrito. 

— Boa noite, Bella. — Ela estava bem apreensiva, então desci do carro antes que aquela folha fosse tirada das minhas mãos. 

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