Capítulo I - Reconhecimento

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Anna Suzuki POVs

Fazia um ano que eu estava tentando atrair a atenção da Polícia Militar para tentar descobrir mais sobre o desaparecimento dos meus amigos: Levi, Isabel e Farlan.
— Anna! – Mine gritou – A polícia veio!! – sorriu.
— Dessa vez você vai conseguir, Anna!! – Tatsumi encorajou.
Mine e Tatsumi tinham a minha idade e tinham suas diferenças com a polícia, que prendeu seus pais na prisão mais imunda e dissimulada da superfície – por não terem cidadania – ao invés de os mandarem para o subterrâneo, como mandam as leis.
— Vamos mostrar pra esses otários quem manda aqui embaixo!! – gritei de volta e preparei meu DMT.
Eram cinco caras pelo que contei, todos com capas. Não era do feitio da polícia usar capas, mas não iria questionar isso agora.
Dois caras vieram atrás de mim, dois atrás de Tatsumi e um atrás de Mine. Hora do show.
Despistei um dos caras com manobras absurdamente exageradas e comecei uma corrida nos telhados contra o outro cara. Por sorte, ele não conhecia tão bem o subterrâneo e acabou entrando numa viela com alguns "caras da pesada" que seriam o suficiente para distraí-lo por um tempinho.
Corria sobre os telhados e vi um outro oficial correndo no telhado ao lado numa direção oposta a minha, provavelmente ele estava retornando à formação de ataque.

"Será que já capturaram os dois?"

Pensei um pouco angustiada, os caras da Polícia Militar não eram tão bons assim, não tinha como.
Devido à velocidade em que o homem estava correndo seu capuz caiu e meu queixo também.

"Levi?!"

Assim que o vi eu deixei de prestar atenção no que estava à minha frente e quase errei uma manobra com o DMT. Quase.
Parecia que hoje os policiais estavam mais ágeis e mais espertos, não é possível que esses caras realmente sejam da Polícia Militar.
Vi Levi parar de correr com um solavanco, virar o rosto bruscamente e olhar para mim com a mesma cara de espanto que eu tinha feito há segundos atrás.
Essa distração foi o suficiente para que outros três soldados tentassem me emboscar. Não tinha tempo pra ficar admirando Levi, tinha que fugir agora.
Voltei a correr na direção oposta à que Levi estava correndo antes, mas infelizmente, em uma das minhas manobras durante a fuga um soldado me empurrou e eu acabei sendo jogada para longe por causa do impulso que eu havia pegado com o DMT. Honestamente, fiquei contente por não ter quebrado ou deslocado nem um osso.
Um soldado apareceu atrás de mim e antes que eu pudesse reagir ele amarrou minhas mãos com uma corda, imitando o mesmo processo que faria com uma algema.
— Capturei a que faltava! – disse alto para que um soldado em cima do teto de uma casa pudesse ouví-lo – Avise Erwin e peça para ele trazer os outros dois! – o outro soldado apenas assentiu em afirmação e saiu.
Então eles realmente haviam sido capturados. Que merda!!
O que me irritava era que eu havia me sujado um bocado depois de toda essa confusão, e depois de um tempo de convivência com Levi é quase obrigatório você também pegar aversão à sujeira.
De repente, um homem alto e loiro se aproxima com outros dois soldados que seguravam Mine e Tatsumi do mesmo jeito que o soldado atrás de mim o fazia.
— Tatsumi! Mine! – gritei e tentei me desvencilhar do homem atrás de mim para alcançá-los.
— Fica quieta, ladra de merda – o cara atrás de mim falou e eu aproveitei que ele se descuidou para pisar no seu pé com toda a força que eu tinha.
Ele gemeu de dor e eu consegui afrouxar o aperto da corda em minhas mãos, não o suficiente para me libertar, mas sim para ganhar um pouco mais de mobilidade.
Me virei e usei minha perna direita para lhe dar uma joelhada no estômago e depois usei minha perna esquerda para lhe dar uma rasteira, fazendo ele cair de cara no chão.
Tentei novamente correr até meus amigos quando senti a corda em minhas mãos ficar mais apertada e em seguida fui puxada para trás novamente, dessa vez caí de joelhos no chão.
Calma, Anna – puta que pariu, eu reconheceria essa voz até no fim do mundo. Levi colocou a mão direita no pouco espaço causado pela corda entre as minhas mãos e a mão esquerda em meu ombro.
— Conhece ela, Levi? – o cara loiro perguntou. Não ouvi ele responder, mas tenho quase certeza que ele assentiu em afirmação.
— Seria melhor que eu conversasse com ela a sós, Comandante – ele sugeriu – ela não vai falar nada com vocês aqui – nisso eu não podia discordar.
— Está certo – o comandante disse – vão até algum outro lugar, esperaremos aqui – ele disse e Levi concordou com a cabeça.
Ele me levou até uma viela em que costumávamos passar quando éramos menores e desatou o nó da corda que me mantinha presa.
— Não tem medo que eu fuja? – perguntei enquanto escorava as costas na parede e massageava meus pulsos, que estavam doloridos por causa da corda.
— Eu sei que não vai fugir, pelo menos não de mim – disse enquanto enrolava a corda que antes me prendia.
— Como pôde se juntar à polícia, Levi? – perguntei indignada, e como resposta recebi um peteleco na testa seguido de um tapa na lateral da cabeça.
— Você ficou burra por acaso, pirralha? – odiava quando ele me chamava assim – Eu não entrei pra polícia – disse e me mostrou um emblema de asas em sua capa.

"As Tropas de Exploração?!"

— Então você tá me dizendo que ao invés de um corrupto você virou um suicida? – perguntei arqueando as sombrancelhas.
— Você não mudou nada, pirralha – disse e revirou os olhos – viemos aqui para fazer uma proposta.
— Que tipo de proposta? – inclinei meu rosto para olhá-lo, já que ele era alguns centímentros mais alto do que eu.
— Você e seus amiguinhos – ele deu ênfase na palavra – querem se juntar ao Reconhecimento ou querem ser presos? – disse cínico.
— Se essas são as opções eu prefiro ter uma morte digna fora da muralhas – respondi e ele suavizou a expressão de tédio que sempre tinha.
— Acha que os outros dois dariam a mesma resposta?
— Acho – conhecia Tatsumi e Mine há tempo o suficiente pra saber que eles iriam preferir morrer fora das muralhas do que apodrecer numa prisão e morrer dentro dela.
— Ótimo, vamos voltar então – disse e segurou meu pulso com um aperto forte para que eu andasse junto dele. Agradeci mentalmente por ele não ter me amarrado com aquela corda de novo.
— Levi, uma coisa – disse e ele se virou para mim com uma expressão tediosa e fria – você esteve na superfície, não é?
— Se eu tive que sair das muralhas é óbvio que eu estive, pirralha burra – revirei os olhos – por que essa pergunta?
— O céu – comecei – é tão bonito quanto dizem que é? – perguntei curiosa.
— Suba e veja por si mesma, pirralha – disse de forma ríspida mas quando ele se virou eu pude ver sua expressão mudar, acho que vi... tristeza?
Quis saber o motivo, mas resolvi não questionar, ele devia ter suas razões.
Voltamos ao lugar onde estavam Tatsumi, Mine e os outros caras.
— Ela aceitou – Levi disse ao cara loiro – disse também que os outros dois aceitariam.
Olhei para Tatsumi e Mine e recebi olhares de curiosidade em troca.
— Desculpe, mas aceitaríamos o que? – Tatsumi perguntou.
— Se juntar às Tropas de Exploração – o loiro disse.
— Por que aceitaríamos? – Mine se intrometeu com uma expressão nada amigável.
— Porque se não aceitarem vocês serão presos e apodrecerão na cadeia até o último dia de suas vidas – o loiro respondeu calmamente.
Vi Tatsumi e Mine se entreolharem, aquela história de prisão mexia com eles.
— Aceitamos então – Mine se pronunciou e Tatsumi apenas concordou com a cabeça.
— Ótimo, agora nós vamos para o QG do Reconhecimento oficializar sua entrada e analisar suas habilidades e fraquezas – o tal Comandante disse e deu as costas para nós, começando a se dirigir para alguma passagem para a superfície.
Levi passou a segurar meus dois pulsos atrás de mim com sua mão direita e tinha sua mão esquerda no meu ombro, me guiando.
Vi o cara que eu dei uma joelhada passar por mim e por Levi direcionar um olhar extremamente raivoso à mim e murmurar "eu te mato depois" ou algo do gênero. Apenas ri com escárnio e rolei os olhos pra ele.
— Aliás – Levi sussurrou em meu ouvido para que só eu pudesse ouvir – obrigado por bater naquele idiota, já queria fazer isso há um bom tempo – senti ele sorrir cínico atrás de mim e afrouxar um pouco o aperto em meus pulsos.
— Algum motivo especial, Levizinho? perguntei usando o apelido que dei a ele quando éramos mais novos enquanto sorria de lado.
— Ele deixou meu escritório desarrumado duas vezes – disse sombriamente.
Tive que me controlar para não rir, mesmo depois de tanto tempo ele continuava um maníaco por limpeza.

"Você também não mudou nada, Levizinho"

Suddenly LeviOnde histórias criam vida. Descubra agora