Capítulo II - Treinamento

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Anna Suzuki POVs

Chegamos no QG do Reconhecimento e eu tinha que admitir que era tudo bem diferente do que eu esperava.
— Vocês dormirão aqui – Hange, a oficial que estava nos apresentando o QG, disse a mim e à Mine.
Hange era bem animada para falar a verdade, era bem diferente do tipo frio e sério que eu imaginei os oficiasi daqui. Gostei dela.
Eu e Mine entramos no dormitório e só aquele cômodo em específico se assemelhava ao que eu tinha imaginado. Era empoeirado, tinha camas estilo beliche, duas janelas, uma pequena estante, alguns criados-mudos e um pequeno guarda-roupa.
— A cama de cima é minha! – Mine anunciou enquanto subia na beliche e eu apenas concordei com a cabeça, já que de qualquer jeito eu escolheria a cama de baixo.
Passei o dedo na madeira da cama, e por Deus, como aquilo estava sujo! Se Levi estivesse aqui ou ele estaria tendo um ataque ou já estaria com os produtos de limpeza ao seu lado.
Deixei minhas coisas em cima da cama e fui para o banheiro me trocar, já que daqui a pouco teríamos um treinamento de combate corpo a corpo para testar nossas habilidades.
Saí do banheiro e me dirigi ao refeitório para comer alguma coisa, já fazia um tempinho desde que eu comi alguma coisa decente.
Peguei um pão que estava numa cesta e praticamente o devorei, céus, aquilo estava tão bom!
— Não vá se empanturrar se não estiver pronta pra vomitar, pirralha – ouvi aquela voz tediosa de sempre e rolei os olhos – o treino é em cinco minutos – avisou sério e eu concordei com a cabeça.
Ele deixou o QG ao mesmo tempo em que ouvi Mine descer as escadas para o refeitório.
— Pronta pro treino, Anna? – perguntou enquanto dava uma mordida em um pedaço de pão.
— Claro que ela está! – ouvi Tatsumi dizer e então virar um corredor que dava para o refeitório – Ela é a melhor de nós! – disse e se aproximou para comer uma fruta.
Ri baixo com o elogio e concordei com a cabeça. Eu podia ser a melhor entre nós três, mas eu duvidava que seria fácil derrubar os outros soldados.
Conversamos sobre algumas banalidades por um certo tempo até que Erwin, o Comandante, viesse até nós.
— Queiram me acompanhar – disse e se virou, saindo assim do QG.
Eu, Tatsumi e Mine o seguimos até estarmos próximos aos estábulos, onde haviam outros vários oficiais, entre eles estavam Hange e Levi.
"Vocês deverão demonstrar suas habilidades corpo a corpo em combate agora, para isso, selecionamos alguns oficiais com treinamento consideravelmente bom"
Erwin apontou para Levi e outros quatro caras, entre eles o cara em quem eu bati no subterrâneo.
Erwin continuou falando e basicamente deveríamos imobilizar o oponente ou fazer ele se encontrar em uma situação sem saída, onde um de nós levasse uma vantagem absurda.
— Cadetes, se apresentem! – Erwin mandou e nós assentimos.
— Sou Mine Dupain – Mine disse e ofereceu seu coração.
— Tatsumi Freits – foi a vez de Tatsumi, que também ofereceu seu coração.
Todos olharam para mim e eu cruzei os braços e bufei, eu realmente não queria fazer aquilo, mas parece que não haveria jeito.
— Me chamo Anna Suzuki – disse fria e ofereci meu coração.
— Pois bem, Cadete Suzuki, você será a primeira a lutar – disse o Comandante e eu o olhei um pouco surpresa – o Cabo Akihiko lutará contra você – falou e apontou para um ruivo.
Nós nos aproximamos e ele me olhou com tranquilidade, como se me subestimasse. Esperamos o sinal de Erwin até que ele abaixou a mão, indicando que poderíamos começar.
Me coloquei em posição de ataque e encarei o homem a minha frente.
— Vou pegar leve com você, garotinha – o cara disse com presunção e eu aproveitei esse seu momento de descuido para me aproximar dele sem que ele percebesse e em seguida dar um soco em seu estômago.
Ele arregalou os olhos e soltou um gemido baixo de dor. Ele tentou me dar uma rasteira, mas fui mais rápida e chutei sua perna direita, o fazendo perder o equilíbrio e me dar a oportunidade de sair do seu campo de ataque e ir para trás dele. Acertei um golpe em seu pescoço, ele caiu no chão com isso e eu consegui prensar ele no solo com um pé em suas costas e puxar seu braço direito para trás, fazendo menção de quebrá-lo.
— Já basta! – Erwin disse e eu o soltei.
O ruivo murmurou alguns xingamentos e eu ri com escárnio enquanto ele se levantava.
"Soldado Ayama, aproxime-se!" O cara em quem eu havia batido se aproximou. Erwin abaixou a mão e eu me coloquei em posição de ataque novamente.
Ele se aproximou e eu tentei dar uma joelhada em sua barriga, mas ele foi mais rápido e empurrou meus ombros, me derrubando.
— Não vou cair no mesmo truque, pirralha! – disse e aquilo me tirou do sério.
Usei minha mão direita para me apoiar no chão e ganhar equilíbrio o suficiente para levantar minhas pernas e dar um pontapé no queixo dele. Ele se desequilibrou e, ainda deitada com as costas no chão, dei um chute forte em sua barriga e ele caiu, o que me deu tempo o suficiente para me levantar e pressionar meu pé direito contra sua barriga, o fazendo grunhir.
— Chega! – Erwin parou a luta e o Ayama se levantou murmurando palavras incompreensíveis mas que provavelmente tinham alguma coisa a ver com o fato de eu ter derrubado ele duas vezes seguidas.
Vi Ayama se dirigir até onde os outros oficiais estavam, mas antes que ele pudesse retomar seu lugar, Levi parou ele com uma mão em seu ombro e sussurrou algo que claramente deixou o cara tenso, visto que ele enrijeceu sua postura e voltou ao seu lugar mais devagar do que o normal para uma pessoa comum.
— Comandante – Hange falou e Erwin direcionou o olhar a ela – não seria melhor deixarmos os outros dois lutarem agora? – perguntou com aquele seu jeito alegre de ser enquanto acenava a mão freneticamente no ar.
— Precisamente – Erwin concordou com a cabeça – Cadete Dupain, sua vez! – Mine começou a andar até onde eu estava e eu comecei a me afastar dali.
— Boa sorte – sussurrei enquanto passava por Mine.
— Obrigada – sussurrou de volta e sorriu. Retribuí o sorriso e parei ao lado de Tatsumi para observar a luta entre Mine e um cara com cabelo castanho desarrumado.
Mine não era tão boa quando se tratava de sua defesa pessoal, então acabou se deixando atingir por vários golpes, sendo derrubada duas vezes. Quando Erwin mandou ela levantar, senti um ar diferente em volta dela, como se ela finalmente fosse derrubar o cara.
Dito e feito, depois de receber dois golpes do homem ela finalmente conseguiu acertar uma rasteira nele, o derrubando e sentando em sua barriga com o punho fechado apontando para o rosto dele, o imobilizando.
— Basta! – Erwin disse e os dois se separaram – Cadete Freits, aproxime-se! – Erwin ordenou e Tatsumi foi até onde ele estava.
Como eu imaginei, Tatsumi foi derrubado por ser impulsivo. Ele não prestava tanta atenção nas brechas que o soldado contra quem ele estava lutando proporcionava. Por sorte, e talvez um pouco mais de atenção, Tatsumi conseguiu derrubá-lo na segunda vez.
Ele podia ser extremamente impulsivo, mas aprendia rápido, essa era sem dúvida uma de suas maiores qualidades.
Cabo Levi, aproxime-se! – o Comandante mandou e agora eu redobrei a minha atenção.
Não foram nem 10 segundos de luta quando Tatsumi foi derrubado. Ele se levantou assim que Erwin ordenou que o fizesse. Dessa vez ele foi derrubado em menos tempo ainda. Na terceira vez Tatasumi foi derrubado com um golpe.

"Não podia pegar um pouco mais leve com ele, Levi?"

— Cadete Suzuki, aproxime-se! – me chamou e eu caminhei até estar de frente para Levi. Vi ele sorrir minimamente para mim e eu retribuí o sorriso, fazia tempo que não lutávamos um contra o outro.
Erwin deu o sinal e eu me coloquei em posição de ataque mais uma vez. Não iria atacá-lo diretamente, sabia que ele me derrubaria se eu o fizesse.
Ele percebeu a minha estratégia e avançou em mim, se preparando para me dar um soco. Desviei dele mas vi sua perna se movimentando e não tive tempo de desviar da joelhada que atingiu meu estômago logo em seguida.
Caí de costas no chão e vi ele se aproximando para me imobilizar. Usei minhas pernas para afastá-lo e também para pegar impulso o suficiente e voltar a ficar de pé. Assim que me levantei dei um chute alto que senti passar de raspão em seu ombro. Levi pegou minha perna e a afastou violentamente de seu ombro, fazendo eu cair de joelhos mas também me dando a oportunidade de acertar um soco em seu estômago, que foi exatamente o que eu fiz.
No entanto ele pareceu simplesmente ignorar o meu soco e me empurrou até que eu estivesse com as costas coladas no chão e então usou suas mãos para segurar meus pulsos acima da minha cabeça e seu joelho me impedia de usar minhas pernas para escapar.

"Que droga, Ackerman!"

— É o suficiente – Erwin disse e Levi me soltou e se levantou. Ele estendeu a mão para me ajudar e eu a peguei prontamente – de novo! – Erwin mandou e nos colocamos em posição de ataque outra vez.
Levi avançou novamente, dessa vez ele focou apenas em me dar um soco no rosto, felizmente, eu consegui desviar e puxei o braço dele para baixo com força, fazendo ele abaixar a cabeça e me possibilitando dar uma cotovelada em seu crânio.
Ele olhou para mim como se pensasse em mil e um jeitos de me derrotar e eu me arrepiei com aquele olhar.
Esse meu momento de distração foi o suficiente para que ele se recuperasse e me desse um gancho de direita, que me fez ficar desorientada. Vi ele se afastar e vir correndo até mim novamente e, num momento de pura loucura e por puro reflexo, dei uma pirueta no ar e acabei acertando seu rosto com meu pé direito.
Se antes ele tinha vontade de me derrubar, agora ele queria me matar, seu rosto antes perfeitamente limpo e bem cuidado estava sujo de terra e com a marca da sola do meu sapato. Ele me olhou friamente e novamente eu me arrepiei, eu já poderia me considerar uma cadete morta.
Antes que eu pudesse perceber, ele já havia me dado uma rasteira e estava por cima de mim novamente. Ele segurava meus dois pulsos acima da cabeça com sua mão direita, usava sua mão esquerda para se apoiar e tinha seu joelho entre minhas pernas, me impossibilitando de fazer qualquer movimento.
— Basta! – o Comandante advertiu e nós nos separamos. Levi começou a se levantar e me ofereceu a mão para que eu me levantasse junto dele, ajuda que eu aceitei de imediato.
— Parabéns, pirralha, lutou bem – sussurrou em meu ouvido quando nossos rostos ficaram lado a lado por um segundo.

"Você também, Levizinho"

Me coloquei de pé e soltei sua mão, lhe dando um sorriso fraco que foi retribuído por ele com um meio sorriso convencido.
— É o suficiente por agora, daqui meia hora voltem aqui, treinaremos sua capacidade com arco e flecha – Erwin disse e se retirou dali, indo para algum lugar do QG que eu tinha certeza que não era o refeitório.
Voltei para meu dormitório e fui direto para o banheiro.
Eu estava um trapo, minha camisa estava amassada e suja, meu rosto tinha um roxo bem visível e terra grudada desde a minha testa até meu queixo.
Troquei minha camisa e comecei a lavar o rosto quando ouvi uma batida na porta.
— Pode entrar, Mine – disse e a porta abriu, revelando uma figura loira de olhos verdes entrando e parando do meu lado em frente ao espelho.
— Ah, Anna, eu esqueci de te perguntar, mas de onde conhece o Cabo Levi? – me perguntou enquanto eu colocava um esparadrapo em um pequeno corte em minha testa.
Terminei de me arrumar e fui em direção à porta do banheiro.
— Digamos apenas que ele me salvou – disse com um sorriso nostálgico no rosto enquanto me preparava para descer as escadas.
— Como assim salvou? – perguntou interessada – De que jeito? – pude notar um pouco de preocupação em sua voz misturada com interesse em saber o que tinha acontecido.
Sorri nostálgica mais uma vez e meu olhar se tornou distante, já que passei a lembrar de alguns fatos do meu passado.

De todos os jeitos que uma pessoa pode ser salva

Suddenly LeviOnde histórias criam vida. Descubra agora