Yo Sí Quería

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Acordei com uma forte dor de cabeça, e a claridade piorava ainda mais. Ela não estava na cama, fiquei uns minutos deitada achei que pudesse estar no banheiro, estranhei não ver suas roupas jogadas no chão junto as minhas, decidi ver o que estava acontecendo. Minha cabeça girava tanto, tropeçando em umas garrafas achei Chris tomando café com uma cara de ressaca igual a minha. Maria já tinha ido embora não se despediu, não me acordou para um beijo nem um bilhetinho ela deixou.

Tomei um café bem amargo e deitei no sofá, achei meu celular por acaso tocando enlouquecidamente embaixo da almofada, era Manuel me ligando e já haviam oito chamadas perdidas dele e absolutamente nada da minha ruiva. Acabei cochilando ali mesmo, olhando para o celular torcendo por um sinal dela, decidi ligar talvez tivesse acontecido alguma coisa

- Alô?

- Oi Maria, está tudo bem?

- Está, porque a pergunta? 

- Fiquei preocupada, você não se despediu..

- Você queria um buquê de rosas e café na cama?

- Maria! 

- O que você quer Any?

- Você pode vir aqui no Chris pra gente conversar?

- Estou cansada..

- Ok, estou indo aí

Antes que ela pudesse responder desliguei e sai apressada acenando de longe para Chris. O apartamento dela era a dois quarteirões, ela estava fazendo mais um joguinho comigo mas pro seu azar eu estava disposta a jogar. Quando cheguei seu apartamento estava escuro e parcialmente vazio, ela realmente estava partindo. Caminhei até seu quarto e o  cheiro de shoyu abiu meu apetite, quando ela me viu tentou esconder o que comia. 

-Não adianta eu já vi! Me dá um pedaço?

-Não vou te dar nada, é só meu - ela tentava cobrir com o hedredom 

Corri e dei um pulo na cama, me sentei confortavelmente e tentei pegar alguns rolls de kani mas ela não deixava eu me aproximar

- Maria me dá, eu estou com fome

- Come na sua casa ué

Me fiz de ofendida cruzando os braços e virando a cara 

- Psiiu 

-Que? - adorava fazer charminho pra ela

-Vem cá vou te dar, mas só um pedacinho

Ela abriu os braços para eu deitar em seu abraço, aquele era meu lugar favorito, quando terminamos de comer nos deitamos, ainda sentíamos o cansaço da noite passada. Maria parecia estar exausta pegou no sono tão rápido que nem sentiu meu cafuné. Como era bom estar junto dela, poder sentir sua respiração e proteger seu sono, preferi me manter acordada e aproveitar aquele momento.

Meu celular começou a tocar descontrolado, a primeira vista não tive vontade de atender mas fiquei com medo de que o som acordasse ela, levantei praguejando afim de desligar o aparelho Manuel tinha me ligado umas 14 vezes e deixado várias mensagens, fiz questão de retornar apenas a ligação da minha mãe mas me arrependi quando ela insinuou que eu estaria com a Maria, acabamos discutindo e ela desligou na minha cara. Voltei em direção ao quarto mas ela estava parada na porta com os braços cruzados

- Te acordei amor?

-Era seu marido no telefone? 

- Que marido? Era minha mãe

- Melhor você ir, não quero problemas

- Não tem nenhum problema, fica tranquila 

- Any, eu não fico com mulheres casadas - ela foi se desviando do meu olhar

- Do que você está falando? Eu não sou casada com ninguém

- Você está noiva! Essa porcaria de aliança está gritando isso para mim o tempo todo

- Você quer que eu tire?

-Eu quero que vá ficar com seu noivo - disse enquanto caminhava pela sala vazia

- Você está me expulsando?

- Outro dia você me escorraçou da sua mansão blindada, agora está aqui me chamando de amor, toda carinhosa só porque transamos ontem! 

-Você está sendo ridícula Maria

-Volta pro teu noivo e me deixa em paz Any.. eu não aguento mais isso..  - ela pronunciou como uma súplica havia dor em suas palavras

-Para de falar essas coisas, nós podemos..

-Você já tomou sua decisão, eu não sou a sua escolha - se virou e entrou no quarto, trancando a porta.

[...]

Faziam mais de duas horas que eu estava plantada na porta e nesse tempo ela não deu nenhum sinal nem emitiu qualquer som, chamei tanto por ela que fiquei cansada e acabei cochilando, quando acordei minhas pernas estavam com cãibras, levantei bastante dolorida, tomei um copo d'água na cozinha e observei que só tinha isso mesmo, nem um suquinho nem nada.

Sentei no banco da copa e me preparei para responder o bombardeio de mensagens do Manuel, caminhei até minha bolsa em busca do carregador e encontrei aquele papel meio amassado cheirando a bebida, era minha mais recente composição, ainda um pouco confusa pelas diversas anotações mas bem definida quanto a mensagem a ser transmitida. Voltei a porta do quarto com uma ideia em mente

-Maria eu sei que está chateada, mas me escuta por favor.. "puede que me ciegue la fe pero vuelvo a creer que esto no se acaba, sueño que te intento besar y me vuelvo a quemar la vida se me escapa, y aunque cada vez dueles más no te quiero olvidar.." 

Minhas lágrimas caíram sem minha permissão, aquela letra era minha alma gritando por socorro, pelo socorro dela e como num passe de mágica a porta se abriu, ela aos prantos me abraçou forte.

-Eu te amo tanto Any..

Hoy Que Te Vas (Portiñon) Onde histórias criam vida. Descubra agora