Ni Una Palabra

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As três da manhã e eu novamente despedaçada no chão em prantos com o celular ao lado, me lembrava o tempo em que sofria por ela e me afogava em prantos novamente. As 4:32 quando fui me arrastando para o banheiro no intuito de tomar uma ducha que me resgatasse a sanidade, meu celular recebeu uma mensagem de texto daquele número aterrorizador. "Parabéns pelo show, você foi incrível como sempre". Tive mil ideias de respostas mas preferi não responder nada. Meu coração se acalmou porque sabia que ela não dava a mínima para o meu trabalho,na verdade ela não dava a mínima para nada.

Acordei com a claridade invadindo meu quarto, esfreguei meus olhos sentando na cama e me senti um tanto nauseada . Eram 7:08 e eu já estava vestida com a roupa mais confortável que encontrei. Coloquei meu fone de ouvido e pedi uma xícara de café sem açúcar. Guille me perguntou se eu estava bem, respondi que sim fazendo sinal com a cabeça. Nosso vôo seria longo mais ou menos umas 12 horas, tempo suficiente para descansar. Abri minha janela e admirei a paisagem, lembrei da última vez em que estive em Madri , foi a três anos e eu estava com Maria viajando de trem.. bons tempos, pensei sorrindo.

Já em casa na Cidade do México, minha família organizou uma pequena reunião para comemorar meu regresso. Foi bom reencontrar a todos, principalmente minha mãe.

- Vamos fazer um brinde, venham todos! 

-Seu show de encerramento da tour foi incrível, meus parabéns filha! 

- Obrigada mãe.

Peguei meu drink e fui até a piscina,meus sobrinhos estavam brincando e resolvi registrar aquele momento que eu não presenciava com frequência, em decorrência do trabalho eu pouco ficava com minha família, tirei algumas selfies com eles e estava gravando um vídeo quando meu celular tocou novamente recebendo uma ligação daquele mesmo número, fiquei tão irritada dessa vez que atendi

- Alô! Quem está aí? - ninguém me respondeu  - Responda! quem é? 

Só parei de insistir quando percebi que as crianças se assustaram com meu tom de voz, a ligação caiu e eu voltei a curtir o momento, mas não durou muito pois logo recebi uma mensagem "Eu estava lá também e gostei do que fez com nossa música". Meu coração disparou, eu corri para o banheiro precisava ficar sozinha para asimilar o que acabara de acontecer. 'eu estava lá' eu quem? 'nossa música' que música? Seria algum tipo de trote ou seria ela brincando com meus sentimentos, torci para que fosse ela mas minha cabeça tentava me negar. Eu precisava me livrar dessa dúvida de uma vez por todas, estava me fazendo mal.

Porque ela faria isso comigo depois desse tempo todo de silêncio, nem quando eu fui embora ela me procurou , então porque agora,e com essa desculpa esfarrapada para puxar assunto. Fui para a cozinha tomar um copo d'água e fiquei apoiada na bancada me convencendo a responder a mensagem como se eu soubesse quem era 'obrigada,a música realmente ficou muito boa' enviei e aguardei o retorno por alguns minutos, mas minha mãe veio me chamar para eu me despedir da minha irmã e sua família, enquanto íamos a sala minha mãe percebeu minha agitação

-Filha o que você tem? Está inquieta

- Não é nada mãe, estou bem - respondi olhando o celular

-Espero que não seja nada mesmo. 

Ela disse me olhando séria, dei um sorriso amarelo me despedi e corri para o quarto . Ela era ruim o suficiente para não me responder e eu trouxa o suficiente para achar que seria correspondida , eu pensei em ligar mas desisti desta ideia absurda. Só no início da noite tive retorno da mensagem 'Estou indo para o México e quero te ver, temos que conversar' li a mensagem umas quinze mil vezes e não acreditava que era ela falando comigo após três anos do nosso término.

Hoy Que Te Vas (Portiñon) Onde histórias criam vida. Descubra agora