Amor Fugaz

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Entrei na pequena sala de escritório e achei alguns cadernos que separei para ela, ia voltando com eles nas mãos quando me encontrei com ela subindo as escadas com um pano de pratos no ombro e o avental a frente de sua roupa

-Eu encontrei esses cadernos antigos 

-Deixa ai que depois eu vejo.. Any.. nós..

Não sabia o que ela queria me dizer mas sua voz pronunciando meu nome era motivo para meu coração acelerar afinal não estava totalmente recuperada do incidente da cozinha, ela não continuou a frase, pegou o pano nas mãos e foi amassando como uma folha de papel, parecia inquieta senti sua respiração mudar quando veio se aproximando de mim a passos curtos, eu fui chegando para trás a medida que se aproximava, fiz até que não restasse espaço. Acabei encostada na estante e ela parou bem na minha frente com olhar pedinte 

-O que você quer Maria? Não me olhe assim por favor

-Any eu..- ela se aproximava mais e nossos corpos começavam a se tocar 

-Não faz isso comigo Maria - minha voz trêmula clamava que parasse com aquela tortura. Meu corpo parecia explodir a qualquer momento

-O que você sente Any? - susurrou no meu ouvido

-Sinto meu coração esquentar, meu sangue ferver e meu corpo pulsar de desejo

-Conseguia sentir isso com o Manuel?

-Por que está falando dele?

-Só responde.. - colou seu corpo no meu com violência e apertou minha cintura

-Eu só consigo sentir isso com você - ela me soltou e desceu as escadas a passos rápidos. Levei alguns minutos para me recuperar não esperava por nada disso e não entendi sua reação, desci cuidadosamente e a encontrei olhando pela janela com olhar distante.

-Esta tudo bem?

-Porque só o seu cheiro me causa isso?

-Do que está falando? 

-O que você faz comigo não é justo.. 

Acho que aquele incidente na cozinha mexeu com ela, não foi só eu que ardi de desejo, penso ser um bom momento para falar de amor. Aproveitei que ela não se virou para mim e fiquei atrás dela, toquei sua mão e encostei minha cabeça em suas costas, senti o perfume que tanto me faz falta nas noites frias e com os olhos fechados me declarei 

- Eu te amo Maria, volta pra mim?

-Eu não consigo.. não vou suportar te perder outra vez

-Eu não vou a lugar algum, não sem você

-Você sempre vai embora no final .. não consigo viver assim

Ela se virou para mim e seus olhos castanhos um tanto emocionados num contraste com seu sorriso apaixonado diante dos meus olhos também marejados, tocou meu rosto e senti a alma acariciada 

-Eu sou o teu destino Maria - susurrei com a voz rouca e falhada enquanto descia meu olhar a sua boca rosada, tentei beija-la mas ela desfez o clima e foi andando na direção da cozinha, se recompondo.

-Vamos continuar como amigas, assim ninguém se machuca - parecia tentar se convencer 

Não fiz questão de responder e não tentei criar outro clima, precisava acalmar todas essas emoções que vinham a tona toda vez que se aproximava. Meu coração se sentiu aliviado por saber que seu amor ainda sou eu, mesmo depois de todos esses anos o calor da nossa paixão prevalece em nós. Ela começou um assunto totalmente aleatório sobre comida e senti o cheirinho do nosso biscoito saindo do forno. Colocamos em um recipiente plástico e fomos para o quarto, não estava combinado era força do hábito, admito que não conseguia pensar em nada além de nós duas nos beijando nessa cama, ela escolheu o filme de forma tão rápida que nem percebi que já tinha começado.

Adormeci em determinado momento do filme, ela colocou os travesseiros para eu me sentir mais confortável e me cobriu, senti quando acariciou meu rosto e despertei mas permaneci com os olhos fechados, senti que seu rosto se aproximava do meu e podia ouvir meu coração se agitar, implorei mentalmente que me beijasse, ela ainda acariciava meu rosto contornando o desenho da minha boca com os dedos, senti as pontas de seu cabelo caindo ao meu redor e minha alma ardeu de paixão quando finalmente seus lábios encontraram os meus em um selinho tímido e rápido, esperei que acabasse e então abri os olhos

-O que você quer de mim Maria? - ela não respondeu apenas me deu outro selinho, dessa vez mais demorado. Eu não pude mais me conter, levei as mãos a sua nuca trazendo seu rosto para perto e o beijo que se fez foi apaixonado cheio de amor e lingua, interrompido apenas pela ausência de ar que logo foi devolvida, quando me dei conta ela já estava com seu corpo nu beijando minha pele também nua. Fizemos amor na nossa cama que a tempos não testemunhava nossos susurros mais chulos e gemidos trêmulos de prazer, apenas aqueles lençóis encharcados de orgasmos podiam sentir enfim o sabor do nosso amor fugaz.

Hoy Que Te Vas (Portiñon) Onde histórias criam vida. Descubra agora