— Uh, vocês vieram! — Tia Jane diz, ao abrir a porta. Dou um sorriso e entro rapidamente, subindo as escadas e me trancando em meu quarto.
Gostaria de ficar sozinha por pelo menos alguns minutos, somente eu, o silêncio e o buraco vazio que meu corpo já se familiarizou. É confortante, às vezes, não precisar sorrir quando não estou muito bem. Não quando estampo um sorriso sendo que estou oca por dentro.
Depois de um tempo, alguém dá três toques na porta. Fecho o livro que estava lendo, me levanto e abro.
— Oi... — Bradoock diz, ao abrir a porta meio nervoso. Respondo com um sorrisinho simpático. — Ah é, você não fala mesmo. — Ele coça a nuca. — Hum, só vim avisar que a pizza já chegou, caso você queira descer lá embaixo.
Balanço a cabeça que não. Não como muito, muito menos pizza. E talvez, se fosse qualquer outra coisa para o jantar de hoje, eu teria descido, até mesmo para ver o movimento lá embaixo. Mas estou bem assim.
— Ok, desculpa te atrapalhar! — Ele diz, quando já está no meio da escada e dá uma risadinha. Dou um sorriso. Depois que ele sai, fecho a porta e continuo a ler. A próxima que vem é Bárbara.
— Carol, quer ir lá embaixo? Minha mãe comprou sorvete, você quer? — Ela pergunta, do outro lado da porta. Eu a abro e faço que sim com a cabeça. Sorvete não substitui jantar, mas mesmo assim, de repente me deu vontade. Vou descendo junto com ela.
Todo mundo está sentado no sofá, alguns dos meninos espalhados pelo chão da sala, assistindo TV e conversando bem alto. O ambiente por mais barulhento que seja me traz uma espécie de aconchego. De relance, vejo uma das garotas que Crusher beijou no colo dele.
Eu passo pela sala e vou até cozinha com Babi, onde ela me coloca um pouco de sorvete de flocos em um pote. Vou até a sala e me apoio em uma parede, afundando a colher e a levando na boca enquanto presto atenção na conversa.
— O Bradoock não tinha passado a porra da bola pra mim, e achou que podia ser zagueiro sozinho... resultado? Fizeram um gol! — Victor diz. — E você, Bárbara? Deve ter ensurdecido todo mundo da bancada com seus gritos que eu ouvia lá do campo.
Risadas cobrem a sala. Babi fuzila Victor pelo olhar, depois muda de assunto.
— Mas depois o Crusher foi lá garantiu nossa vitória. — Babi diz, se jogando no sofá. Crusher dá uma piscadinha em resposta, mas não parece estar muito feliz com isso, então não prolonga o assunto. Sinto de novo, que ele está me olhando, então desvio meu olhar.
Quando acabo, volto para a cozinha e coloco o recipiente dentro da pia, começando a lavar. Crusher aparece na cozinha, e assim que acabo de enxaguar e colocar o pote no escorredor de louça, sinto seus braços sendo colocados na bancada, me deixando sem meio de sair. Ele está bem na minha frente.
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Talisman | Volsher. [Concluída]
Roman d'amourCarolina acaba de perder a mãe. Com seus traumas passados sobre o terrível acidente envolvendo aquilo que achava ser sua família, ela se vê obrigada a mudar-se para a casa da tia, onde conhece sua prima e seus amigos. Carol não fala - pelo menos, at...