Sombrio

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Coincidentemente ao terminar de ler o diário, ouço passos pesados vindo em minha direção. Fico encarando as páginas escritas aleatoriamente, fingindo estar atenta a leitura, porém ainda me sinto nervosa por lembrar do incidente de alguns minutos atrás.

Você não tem medo de ficar aqui sozinha? — Lucas se aproxima, sentando-se ao meu lado. Ele está usando a mesma roupa de ontem. Seu cabelo molhado e arrumado por de trás das orelhas me faz recordar novamente da cena na banheira, e sinto novamente minhas bochechas queimarem. — Aqui é muito isolado, imagina se você fica doente ou tem um acidente. Seria difícil conseguir ajuda. — Ele comenta enquanto seu olhar parece procurar alguma coisa, olhando em meio a floresta infinita que cerca a minha casa.

No primeiro dia bateu um medo sim, mas agora já estou me acostumando e, é até um pouco reconfortante. Especialmente o cheiro de mato e terra, que é algo que eu adoro. — Digo tentando parecer mais convincente, porém acredito que meu rosto não está ajudando muito. Sou péssima em controlar minhas feições faciais. — E... Bom, ela é tudo que eu tenho hoje então sou grata por isso.

Lucas demonstra um semblante confuso, que some ao parece se recordar da nossa conversa na noite anterior. Ele lança um olhar para o diário em meu colo e entrego para que ele possa ver.

Ele passa o dedo delicadamente por entre as linhas que enfeitam a capa do diário, parecendo querer desenhá-las novamente.

Impressionado quando eu digo a data das escrituras, ele me pede para ir jantar em sua casa à noite. Assim, poderíamos ver se nos arquivos de seu pai há alguma pista sobre os antigos donos da casa.

Prometo ir, afinal seria legal descobrir mais sobre as minhas origens. Lucas então escreve seu endereço no bloco de notas do meu celular e não demora em ir embora, me dando um abraço do qual eu aproveito a sensação quente e agradável de seus braços antes que eles partam.

🎇🎇

Mergulho meu corpo na água da banheira, imersa em meus pensamentos. Tento esvaziar minha mente, mas não consigo parar de pensar que em um curto período de tempo Lucas e eu estávamos nus no mesmo lugar.

A água morna me envolve e sinto minhas partes inferiores pulsarem por desejo. Então faço movimentos lentos com as pontas dos meus dedos, e aumento conforme encontro o lugar certo, pensando na sensação que tive enquanto Lucas estava por perto. Não demora muito para meu prazer se intensificar e solto fortes gemidos ao chegar em uma forte sensação de quase êxtase. E então paro, respiro fundo e fecho os olhos, me sentindo relaxada e satisfeita comigo mesma por ter conseguido chegar tão longe assim.

É meio vergonhoso admitir, mas eu nunca consegui ao final, não por falta de tentativas, mas porque sempre que eu acredito estar chegando perto e sinto prazer, ele também acaba por se tornar angustiante e me faz parar. Porém, meu corpo, uma hora ou outra, sempre acabava desejando um pouco mais dessa agonia.

Meu momento de apreciação é interrompido por uma queimação na parte interior da minha perna direita. Devo ter me cortado um pouco com a unha enquanto me masturbava, sem perceber. Tento massagear a área com os dedos, em uma tentativa falha de interromper a queimação.

Dou um pulo dentro da banheira um choque percorrer minha perna, como se um gato tivesse me arranhado. Meus olhos ficam em choque quando vejo que a água inteira está preta. Um cheiro terrível de carne queimada sobe pelo meu nariz e tento me levantar, assustada e incrédula sobre o que estou vendo. Mais escorrego de volta para a banheira, como se algo tivesse me puxado. Tento mais uma e outra vez, e logo o chão está todo salpicado de uma lama preta enquanto sinto farpas me segurando para não sair. Começo a gritar e a chorar desesperada, quando uma dor insuportável se inicia, parecia que uma forma espinhosa tentava se penetrar em meu ventre. As forças estão conseguindo me puxar para baixo e começo a me afogar na água densa. Parece que não tenho mais controle do meu corpo pois não sinto força alguma e por um momento, senti que era o fim.

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