Sonho

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Estou dentro de uma floresta, a luz do sol quase não aparece por causa das enormes árvores em minha volta. O som dos galhos batendo contra o vento é a única coisa que consigo ouvir quando a ventania parece vir em cima de mim como se estivesse me empurrando, quanto mais sou arrastada vejo que uma luz aumenta em um ponto distante. Não sei porque mas corro até ele, é como se algo estivesse me atraindo.

A luz me cega quando chego ao local, aos poucos vejo que estou em frente a minha casa só que ela parece recém construída e a área bem mais desmatada. Há uma menina pequena perto da varanda, conversando com uma boneca de pano.

Me aproximo dela, que está usando uma blusa branca de manga larga com um vestido bege por cima, e um pequeno pano branco em volta de seus cabelos longos lisos e negros, eu quase chego a toca-lá quando ela vira os olhos para mim e diz:

- Oi, quem é você? Me chamo Vanessa - Ela fala me observando, de cima a baixo, com seus olhos brilhantes e negros, quando de repente, ela repara que estou flutuando. - Você é um fantasma? - Eu tento responder para a menina que não sou, afinal eu não havia morrido, porém sentia como se algo me impedisse de falar.

- Tudo bem, eu sei que vocês não falam muito.

Quando finalmente consigo abrir minha boca para falar, escuto uma voz raivosa de uma mulher chamando a menina, que larga tudo o que está fazendo e corre para dentro da casa e eu sinto meu corpo flutuar para acompanhá-la.

Dentro do que deveria ser a minha casa vejo uma mulher de meia idade e robusta berrando perto da lareira.

- Vanessa, o que lhe falei sobre falar sozinha?
- Eu não estava mãe, eu juro.
- Mentirosa, eu vi com meus próprios olhos! Eu lhe avisei o que aconteceria se fizesse isso denovo.
- Mas mãe eu não tenho culpa, eles aparecem para mim. Olhe! Tem um deles ali, na janela. - Vanessa diz as lágrimas e apontando na minha direção.

Sinto um frio subir pela minha espinha quando a mãe da menina vira os olhos na minha direção, porém ela rapidamente volta seu rosto furioso para Vanessa, que se ajoelha no chão, aos prantos, e devagar começa a tirar a blusa enquanto a mãe pega algo em cima da estante.

- Estou fazendo isso pelo seu bem. - Diz a mulher já se preparando para chicotear um cinto grosso nas costas lisas da menina.

✖✖

Acordo com alguém batendo na porta, toda suada procuro pela menina mas estou sozinha.. Que horas será que é? Vou em direção a porta antes que quebrem de tanto bater.

- Bom dia, Tatá ! Nossa, você acordou agora. Esqueceu que eu iria vir hoje para te ajudar a arrumar a casa? - Diz Paloma usando meu apelido e segurando uma caixa cheia de produtos de limpeza que parecia pesada.

- Me desculpa, não ouvi meu celular despertar. Pode entrar vou só me trocar rapidinho.

Enquanto subo as escadas para o quarto fico pensando no sonho que tive, sinto pena da menina ainda bem que ela não existe.

O QuadroOnde histórias criam vida. Descubra agora