18. Melhor amigo

177 16 0
                                    

Ao deixar meu banheiro ouvi um barulho no andar debaixo, vesti meu robe e em seguida desci as escadas em direção ao cômodo barulhento para averiguar o que se tratava, encostei no batente da entrada da cozinha e observei Nathan assaltando minha geladeira, ele retirava os ingredientes perfeitos para fazer um sanduíche e os levava ate a mesa junto de talheres e um prato de vidro.

— Boa tarde pra você também! — Resolvi quebrar o silêncio chamando sua atenção para mim mesma, ele me olhou por meio segundo e tornou a fazer o que estava fazendo.
— Trago boas notícias... — Começou, me aproximei para sentar junto dele a mesa, nas horas vagas Nathan conseguia ser um excelente cozinheiro então aquele não seria um simples sanduíche. — O estado de Joan só vem melhorando a cada dia, estou bastante otimista! — Revelou com um semblante de esperança, respirei aliviada e em seguida tratei de colocar a minha cara mais animada possível tentando me esquecer do esbarrão casual com Henry mas era impossível.
— Eu disse que ela era forte. — O lembrei feliz mas ele me conhecia muito bem e logo percebeu que havia algo me incomodando.
— Sim, ela é... tirando você, ela é a segunda mulher mais forte que eu conheço, mas mudando de assunto, aconteceu alguma coisa?

Soltei um suspiro pesado.

— Eu esbarrei em Henry quando fazia minha corrida no Central Park! — Admiti enquanto algumas lembranças me acertavam em cheio, relutei em deixa-las invadir meus pensamentos e logo tornei a me concentrar novamente em Nathan.
— Quer dizer que aquele desgraçado voltou para Nova York? — Meu amigo deu uma risada sarcástica com resquícios de incredulidade e raiva.

Meu silêncio foi resposta suficiente para Nathan.

— Você deveria ter me deixado enterrar a reputaçãozinha dele Valerie, ele estaria acabado e jamais tornaria para NY. — Me relembrou de uma versão fraca e patética minha que costumava amar aquele homem tóxico e fazer tudo pra agrada-lo, como se concordar em virar amante não fosse suficiente Henry havia me humilhado de diversas formas sempre me culpando pelo seu comportamento babaca, restou a Nathan me ajudar a recolher meus cacos quando eu finalmente criei coragem para dar um ponto final naquilo e ao contrário de mim que não encontrava-me em juízo perfeito naquela época, Nathan era audacioso o suficiente para ameaçar aquele homem como só ele sabia, só sei que no final das contas o desgraçado acabou acatando a ameaça de Nathan pois ele não era burro e sabia que meu melhor amigo não precisava levantar um dedo para destruí-lo, o estrago que ele podia causar era real e irreparável.

Eu passei um bom tempo com raiva de mim mesma por ter me submetido aquilo, era inaceitável e no final das contas eu decidi que jamais me entregaria para qualquer outro homem da mesma forma que me entreguei para Henry, eu jamais me humilharia... na verdade, eu seria a encarregada de humilhar agora, fazer joguinhos e trata-los com meros brinquedos descartáveis pois no final nenhum homem era digno do meu amor, porque quando eu amo, eu amo muito mas quando odeio, eu odeio com força.

— O que você quer fazer? — Nathan questionou me lançando aquele olhar cúmplice de quem iria ao inferno e voltaria por mim, nosso laço era tão forte que eu faria o mesmo por ele sem questionar.
— Por enquanto nada — Informei cruzando meus braços — E caso ele venha a se tornar um inconveniente, eu mesma me livrarei dele, não se preocupe! — Avisei realmente destemida, se aquele homem entrasse no meu caminho novamente eu o esmagaria sem dó nem piedade, afinal, não passei todos esses anos consolidando minha reputação para que no desfecho ela fosse mentira.

Nathan que havia interrompido seu processo de fazer a comida mais saborosa possível ao ouvir o nome de Henry, tornou a fazê-la porém com um leve semblante de preocupação.

— Você ainda sente algo por ele? — Perguntou quase num sussurro, como se aquilo fosse proibido.
— Asco? — Questionei irônica, mas la no fundo eu sabia que ele ainda tinha um efeito sobre mim por mais que fosse um quase inexistente fragmento.

Nos rimos e Nathan concluiu o sanduíche para nos dois, comemos enquanto compartilhávamos as ultimas novidades daqueles dias, fazendo com que eu me esquecesse por meras horas o meu casamento forçado e a os imbecis dos sócios da empresa.

Perfect Trap  (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora