27. Doutrinado

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Cheguei em casa psicologicamente exausta, deixei algumas coisas na residência dos Carbones na pressa de me esvair-se daquele lugar. Eu me recusava a tornar a Valerie medrosa e patética de anos atrás, ainda mais deixar novamente que um homem controlasse a minha vida, eu estava cansada disso. Henry, meu pai... Arturo.

Eu sabia que era arriscado vir dormir em casa tendo virado alvo de um psicopata, mas eu preferia por hora acreditar que meu sistema de segurança e a 9 mm que tinha na gaveta do móvel próximo a minha cama fossem suficientes. Tirei toda aquela maquiagem e a roupa, tomei um banho refrescante e depois de mais algumas higienes eu resolvi dormir.

...

Chegando no escritório dei de cara com uma Yllana de braços cruzados em frente a porta da minha sala que estava entreaberta. Ela apenas me lançou um olhar confuso e carregado de temor, olhei para dentro da sala e percebi que tratava-se de uma mulher morena.

— Valerie me desculpe é que... — Entrei na sala e ela me acompanhou junto, olhei para Megan que estava sentada de forma jogada na cadeira e com os pés em cima da minha mesa.

— Não tem problema. — Falei indicando que ela podia deixar a sala, pousei minha bolsa em cima da mesa de vidro e coloquei as mãos na cintura encarando Megan.
— Claro, sinta-se em casa! — Falei ironicamente, ela abriu um sorriso divertido.
— E eu achava que havíamos nos dado bem! — Concluiu tirando os pés de cima da minha mesa e ajeitando sua posição na cadeira.

Soltei um longo suspiro e me sentei na minha cadeira.

— Não existe a menor possibilidade de você ter entrado aqui armada. O que disse para a minha assistente? — Questionei.

Megan me olhou de maneira curiosa.

— Eu apenas disse que trabalhava para o seu noivo, a pobrezinha ficou assustada. — Ela explicou ainda com a expressão de diversão.
— Provavelmente deve ter feito alguma pesquisa sobre Arturo agora que o noivado se tornou "público e oficial"! — Concluiu sarcástica.

— Então ele te contou que veio outro dia?

Ela gargalhou — Ele é meu melhor amigo Valerie — Constatou — Eu avisei pro idiota não invadir o seu escritório daquela maneira mas quem disse que ele me escuta?

Dessa vez quem riu foi eu — E você não é o braço direito dele? Pensei que ele te escutasse.

Ela levantou-se e me encarou.
— Eu gosto de você. — Disse de forma estranha me analisando — Você não é só um rostinho bonito — Falou dando alguns passos pelo escritório e também analisando o ambiente.
— Você é uma mulher admirável. — Me elogiou.

— Bem... obrigada, eu acho... mas mudando de assunto, por que o Carbone te mandou?

Volkov?! — Me respondeu com um sorrisinho irônico — Você acha mesmo que ele te deixaria desprotegida? Você é um alvo gigantesco Valerie!

Soltei um longo suspiro de frustração. — Então você veio me vigiar?

— Olha, não é que eu não ache que você não saiba se proteger... mas eu conheço Volkov e ele não deve ser subestimado!

— Conhece? — Repeti dando a entender que gostaria que ela me elaborasse mais essa história.

Ela continua me olhando sorrindo, resolveu tornar ao lugar e sentar-se novamente.

— Ele foi aprendiz do meu pai. — Relatou me deixando mais curiosa ainda.
— E saber em que, me implicaria de alguma forma?
Ela gargalhou — Quanto a você eu não sei... já eu...

Assenti com a cabeça.

— Esta familiarizada com o termo: "Pintar paredes?" — Questionou sugestivamente, concordei com a cabeça, um termo bastante usado na mafia "Ouvi dizer que você pinta casas."(Jimmy Hoffa). Tal termo era usado para contatar e contratar um assassino, pelo menos nas décadas dos anos 60.
— Volkov é um grande pintor mas sequer compara-se ao meu pai... que o doutrinou Valerie. — Explicou — Arturo deve ter lhe dito o quanto Volkov é bom no que faz mas a verdade é que um aluno nunca superará seu mestre, bem, de qualquer forma eu conheço esse little wolf, acredite em mim quando lhe digo que não é exagero e que ele é bastante perigoso.

Era claro que Megan ia me explicar em código, ela não era descuidada ao ponto de basicamente admitir crimes para uma advogada dentro de uma empresa de advocacia, não pelo menos sem um contrato de confidencialidade por exemplo.
Sobre ela tê-lo chamado de pequeno lobo, eu havia feito uma busca pelo google no trajeto ate o escritório, era claro que eu só seria capaz de obter o tipo de informação que eu queria com meu detetive particular e não com uma busca idiota na internet. Entretanto, eu havia pesquisado o significado de seu sobrenome e sabia que era uma variante da palavra lobo em russo.

— Ele te fez alguma coisa?
Nope — Ela respondeu tranquilamente — Éramos competitivos apenas isso.

— Quando você revelou que ele foi aprendiz, notei um certo conflito no seu tom de voz. — Constatei e ela voltou a sorrir — Sabe como é... meu pai tem princípios ou alguma coisa norteadora enquanto Volkov... Volk é sinônimo de imprevisibilidade e desequilíbrio, misture isso com arrogância e terá a fórmula perfeita de caos.

— Basicamente está me reiterando o que Arturo e Malvino me disseram?

Ela acenou positivamente com a cabeça.

— E você não tem nada melhor parar fazer do que ficar me guardando?

Ela riu — Ate tenho mas eu recebo ordens, apesar disso, ainda acho que seremos grandes amigas.
— Não se preocupe, vou manter a discrição, caso não me veja, com certeza um de meus dois homens da mais alta confiança estarão vigiando-a.

Perfect Trap  (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora