Adeus, Johann...

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O sangue estende-se sobre o piso da sala, junto com a carcaça do gato e os restos de nossa carne, espalhados pelo piso. As feridas preenchem todo corpo, com suas dores intensas e cicatrizes perpétuas. Esse pesadelo não cessa, tenho apenas a desejar a nossa morte.

Eles me botam sentado, apoiando-me na mesa de vidro quebrada, como se quisessem que eu visse algo. Eduardo e Daniel me seguram com força, mesmo sabendo que meu corpo não aguenta mais cada ação;

Bernardo está derrubado no chão, seu corpo e sua face estão irreconhecíveis. Grandes arranhões e o rosto inchado, ele parece estar morto. Mesmo assim, Catarina puxa brutalmente seu cabelo, obrigando-o a olhar para mim, com aqueles olhos que perdem vida aos poucos.

— Eu sou uma serva de nosso senhor, e vim aqui para consertar os pecados que se abrangem pelo mundo... — Prega ela, botando a faca contra o pescoço dele. — Para assim, tornar os homens justos de herdar o reino de Deus!

— Não, por favor! Não faz isso!

Daniel me dá um forte tapa, fazendo minha cabeça doer mais.

— Pois, como está escrito no livro sagrado, em Mateus 15:18, esse povo honra-me com os lábios; mas o seu coração está longe de mim...

Thales pega ligeiramente seu celular, porém o bota de volta em seu bolso, deixando apenas com a câmera a mostrar. Ele quer recordar essa tortura, escondido de seus aliados, talvez por diversão ou por pela adrenalina que se mostra em sua face. Ele mira para a face de Bernardo, que chora de dor, com aquele rosto inocente.

Catarina senta sobre o chão e coloca Bernardo em seu colo, deixando-o com a cabeça em seu ombro. A garota acaricia o cabelo dele, cantarolando em seu ouvido, em máximo sussurro:

— "Eu ouvi que havia um acorde secreto,

Que Davi tocou e agradou o senhor,

Mas você não se importa com música, não é?

É assim... a quarta, a quinta,

O menor cai, o maior sobe

O rei confuso compondo aleluia

Aleluia, Aleluia, Aleluia..."

Olho para meu amor, sentindo a dor e o medo como seus últimos momentos. Ele já está fardo e não expressa nenhuma expressão de angústia, seu semblante revela um sentimento de cansaço, como se ele estivesse dormindo com os olhos abertos.

Após isso, Catarina fala a última frase de sua canção, já posicionando a faca no pescoço de Bernardo.

— Aleluia... — Finaliza ela, com um olhar de paz.

— Adeus, Johann... — São suas últimas palavras, antes de dar o seu último suspiro.

O movimento foi rápido, porém vejo tudo como se fosse uma câmera lenta. A pele sendo cortada e o sangue escorrendo de seu pescoço. Seu olhar a cada segundo perde vida, ele partiu... O ódio e luto lutam dentro de mim, meu grito de lamento pode ser ouvido no inferno e céu. Perdi meu amor e sei que eu era o próximo. Continuo aos berros, enquanto fito seu rosto morto no chão, com um olhar triste que nunca sairá de minha mente.

— Calma, tolo homem. Ele está em um lugar melhor e está curado de todos os seus pecados... — Sussurra ela em minha frente, tocando meu rosto. — Ele alcançou a eternidade, ele ganhou seu perdão.

— Vai se fode, sua piranha! — Grito, levando um tapa em seguida.

— Olha bem com quem está falando, irmão. Eu sou uma boa garota, vim aqui para salva-los de um erro que é contra o livro sagrado! Não reconhece meu valor, não vê que quero ajudá-lo?

Vingança Honrosa | Em Revisão |Onde histórias criam vida. Descubra agora