Thales - Part. 2

47 7 12
                                    

Seus olhos remexem aos poucos, dando sinal de que irá despertar. Sua face está suja de terra, assim como suas roupas. Ainda existe o brilho do sol iluminando a floresta, onde estará aos olhos de todos, um futuro defunto. Isso terá que ser breve, esse é o jeito, mas não nego algo indolor, ele merece a pior das dores.

Lentamente, seus olhos vão abrindo-se, tentando entender o que está acontecendo, em profundo medo.

— Conheci seu irmão, que criança encantadora!

Ele vira-se, velozmente, ainda deitado com o choque em sua face. Seus olhos estão bem abertos, junto com sua boca que está prestes a escapar um grito. Há pouco sangue em sua testa, vindo do lugar que acertei com a pedra. É incrível que o medo de um plano incerto é o mais forte de sua cabeça. Ele começa a respirar ofegante, o som das voltas e vindas do ar em seus pulmões são altos, soa como ventos descontrolados.

Começo a andar mais perto dele, fazendo-o ser afastar pelo chão, em profundo pavor. Num momento em que ele está mais distante, o garoto levanta-se rapidamente e começa a correr, mas sua tontura impede-o de fugir, deixando o pobre rapaz cair sobre o chão.

— Sua tentativa é inútil!

Alcanço-o sem esforço e desespero ecoa pela floresta em voz de criança. Arremesso Thales contra um árvore, logo depois, dou soco em seu rosto. Agarro com força sua camisa e tiro uma faca do meu bolso, colocando-a em sua face, deixando a ponta afiada entrar em carinho com sua pele, como se a qualquer momento, eu fosse rasga-la.

— Confesso que não foi fácil te pegar, agradeço muito ao Adolpho por isso.

— O que você fez com ele, seu filho da puta?!

Chego mais próximo de sua face, dando um leve sorriso.

— O que você acha? — Dou uma breve risada, enquanto seus olhos transbordam-se em lamento.

— Ai meu Deus, não! Ele era apenas uma criança, seu monstro! — Grita Thales, deplorando-se ao extremo.

Empurro-o para o chão, deixando ele persistir em tormentos de culpa.

— Sabe, Thales... Se tem algo que aprendi nessas últimas semanas, é que qualquer um é capaz de tudo. Eu poderia mata-lo, é claro...

Aproximo do garoto, encarando com prazer seu olhar de desesperança. Por fim, lhe revelo a verdade:

— Mas ele tinha a pureza em seu olhar, diferente de você. Então, eu apenas o usei. Eu sei, não me orgulho disso, mas não tive escolha. Enganar um ser inocente é tão fácil quanto mata-lo, concorda?

Chuto sua face, que logo fica inchada, com um pouco de sangue escorrendo de sua boca. Ele parece estar atordoado.

— Imagine se fosse um maníaco sexual ou até mesmo um assassino em série? Teu irmãozinho iria tá todo pelado, no fundo de uma cova. Então, me agradeça, "filho da puta"!

Com a faca ainda em minhas mãos, eu viro-o de costas, mantendo seu corpo fixo no chão com meu peso. Seguro seu cabelo e levanto brevemente sua cabeça. Após isso, ponho a faca dentro sua boca, remexendo-a violentamente para todos os lados, consigo ouvir o som da sua carne sendo cortada e do sangue colidindo-se em seu interior. Thales grita, e ao mesmo tempo, afoga-se com seu próprio sangue. Logo após, só foi ouvido seus múrmuros de dor e socorro. É visível uma parte de sua língua cortada, espalhada pela terra.

— Socorro... — Murmura ele, com sua voz trêmula e falha.

Ando lentamente para um local perto, e retorno com duas pedras, uma para cada joelho do garoto. Ele ainda tenta pedir clemência:

— Por favor, não me mate... Eu sinto muito por tudo, me desculpe pelo seu namorado. Eu não queria, eu juro que não queria... — Suplica ele.

Cravo meus olhares aos dele por alguns segundos, sentindo o medo correr por sua pele. Sem pressa, pego meu celular no bolso, e lhe mostro seu maior segredo. Ele começa a lastimar-se, com as lágrimas que vinham como um tsunami. Ele entende o que é isso, afinal, foi o mesmo que gravou. Aquele vídeo será sua pior lembrança. Por causa dele, sua vida foi perdida.

— Me desculpe, me desculpe...

— Foi bom você ter vindo com seu celular. Enquanto você dormia feito a Bela Adormecida, eu aproveitei e mandei mensagem para o meu celular, insinuando que você estava pedindo minha ajuda, antes de uns revoltados te matar... — Digo em alto som, em misto com seu choro. — Apenas suas digitais estão naquele celular, até porque eu não seria idiota de deixar pistas.

Pego a primeira pedra e segurando a perna dele. Começo a bater de primeira em um joelho e faço novamente até sentir o osso quebrar. Depois, repito o mesmo processo com o outro. Agora, falta sua aclamada morte.

Vou para cima do garoto e agarro fortemente sua cabeça, levantando-o para próximo de mim. Seu choro continua, e ver aquele rosto jovem com medo do que iria vim, não me desperta nenhum remorso ou culpa. Eu simplesmente não sinto nada.

— Isso não irá te ajudar em nada, seu namorado não irá voltar. Você está sendo pior que a gente... Por favor, me desculpa. Não seja um monstro... — São suas últimas palavras, que parecem sinceras, mas já era tarde.

Boto sua face mais perto de mim, sentindo sua respiração e o cheiro do seu sangue.

— Eu sei... — Minha expressão demostra o mínimo de tristeza, mas continuo. — Mas já é um começo.

Foi rápido, seguro sua cabeça fortemente e viro-a. Sinto o osso do pescoço quebrando e o último sopro de sua respiração. Permaneço observando-o em silêncio, e depois largo ele no chão. Antes de levantar, pego um pequeno saco plástico no meu bolso e abro-o, revelando pequenos fios pretos de cabelo. Pego eles e ponho-os delicadamente dentro de seus lábios, não posso correr o risco de deixar o vento leva-los ou acabarem entrando dentro de sua garganta, creio que a saliva dele irá segura-los até alguém encontra-lo. Após terminar, fito mais uma vez o garoto, seu rosto de medo é a figura congelada de seu defunto. Foi uma morte rápida, mas não nego que fui menos cruel.

Saio caminhando pelo mato, deixando seu corpo com a natureza. Agora, preciso ser mais esperto, os últimos garotos saberão que ainda estou vivo. Entro no carro, voltando para casa, junto com uma chuva que significa mais do que mil dores.

Vingança Honrosa | Em Revisão |Onde histórias criam vida. Descubra agora