Cap. 2

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Capital Nortúmbria, ano 520

trecho narrado por Gael

Desde que me entendo como pessoa, minha mãe fala que devo ser cauteloso com minhas chamas. Não só eu como minha irmã que possui o mesmo atributo que eu.
Somos magos, é isto que somos. E embora sejamos de uma raça diferente não somos piores que ninguém por isso. Eu sei que minha mãe é humana, então meu pai quem deve ser o mago. Magos são uma raça abençoada pela natureza, magicamente podemos controlar um dos quatro elementos primordiais água, ar, fogo e terra alguns de nós nasceram com o dom de controlar a extensão de alguns desses elementos como por exemplo magos que controlam o gelo, extensão da água, ou magos que controlam larva, extensão do fogo. Apesar de ser uma bênção e de ser muito maneiro tudo isso, vivemos escondidos.. nestes 16 anos de vida eu nunca entendi bem o por quê de vivermos nos escondendo e escondendo nossos poderes. Afinal é uma dádiva da natureza, um presente dos deuses celestiais, não é? Poderíamos ajudar muito no reino, mas aparentemente quando se fala de magia em Nortúmbria a sociedade real e os sacerdotes abominam de todas as formas.. É como se fosse a própria heresia em forma de ação. Algo como um desrespeito e egoísmo para com os deuses.. mas eu nunca vi assim.
Minha mãe fala que minhas chamas podem causar coisas ruins por isso eu devo esconde-las e nunca usa-las; apenas em casos muitos extremos e específicos e sem deixar ninguém ver. Mas quer saber? Não é bem assim que eu faço as coisas. Eu odeio injustiça e minhas chamas sempre foram minhas aliadas para combater a maldade que desde jovem eu presenciei nesse mundo de cavaleiros.
Apesar de nos escondermos, somos uma comunidade unida. Os magos defendem uns aos outros e ensinam uns aos outros como controlar seus poderes e atributos desde muito antes de mim, temos nosso próprio esconderijo, onde lá magos mais velhos que já passaram pelo ensinamento ensinam à nós, os mais jovens a controlar, usar e esconder nossas habilidades que muita das vezes se manifestam sem nossa vontade consequente da nossa agitação emocional. É quase um templo pra ensinar a usar a paz interior e essas paradas idiotas aí.
Temos 2 reuniões no mês e hoje é dia de irmos ao esconderijo; ele fica praticamente na saída de Nortúmbria,  em um lugar no subsolo, protegido por um encantamento e selado por uma chave que só pode ser destrancada pela manifestação dos atributos mágicos. Reza a lenda que esse esconderijo foi criado pelo ancião protetor, escritor e crepúsculo e ele também criou os 4 princípios dos magos e o nosso lema. A única coisa que eu gosto nessas reuniões são as aulas de combate.
Sim, combate. Por algum motivo somos todos treinados desde criança.. acho que caso o reino descubra algo sobre nós.. teremos que nos defender a todo custo.

°°°
Naquela manhã Gael, Eloá e Miriã sairam escondidos de casa, a jornada era longa e arriscada, eles iriam por brechas e becos até chegar nos arredores dos portões da capital. Existia um lugar específico, o último tijolo de uma parede onde parecia não haver saída era uma das artimanhas das rotas de fuga para chegar às extremidades do arredor da cidade. Com a combinação certa de toques dos magos o tijolo se movia para trás e a parede se abria liberando assim uma passagem para um campo.

Passado pela parede e chegado ao campo a viagem duraria mais uma hora até encontrar o local com a chave encantada. O percurso desde sua casa durava pouco mais de duas horas de viagem. Eles corriam como podiam, camuflados com roupas da cor da paisagem e parando em arbustos e ruínas para se certificar que não estavam sendo seguidos nem observados.
Ao chegar perto de um arbusto que até então parecia comum, exceto por uma flor amarela no canto do mesmo, eles o tiravam de cima e varriam o chão com suas próprias mãos para tirar a poeira de cima da chave. Um círculo feito de metal cujo em seu interior havia símbolos dos 4 elementos dominados pelos magos. Gael se aproximou do círculo pequeno no chão e olhou ao redor, visto que não havia ninguém, incendiou a palma da mão, e as chamas até então baixas e gentis; as aproximou do círculo que  sugou o fogo de sua mão e preencheu sua borda circular por completo, e feito este rito uma passagem no chão se abriu e revelou escadas para o subterrâneo, eram muitos lances e o lugar era escuro, mas isso não era uma dificuldade para Gael.
Miriã que trazia consigo escondido um candeeiro de mão, ascendeu a chama em seu interior com o estalar dos dedos e deu para Eloá que guiou os filhos até uma enorme porta de madeira no final do escuro corredor.
Ela bateu 4 vezes em um ritmo específico e a porta se abriu.

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