Hoje é dia 29 de maio... aquele blá-blá-blá todo que vocês já conhecem. Não, não vou sair. Pretendo passar o dia inteiro jogado no sofá, assistindo filmes com a minha família e me empanturrando de comida.
Não acho necessário uma grande festa e nem aquela palhaçada toda aproveitar a maior idade. Tenho todo tempo do mundo para sair depois, mas não acho que vá, não sou das pessoas mais badaladas da minha idade, não vejo necessidade de ficar saindo de casa, minha casa é confortável e a comida é maravilhosa. Por que iria querer ficar saindo? Não, obrigado.
Eu e meu irmão mais velho estamos deitados no sofá assistindo um filme de ficção-científica, meus pais estão chegando da cozinha com tigelas cheias de doces e salgados.
— Cainã, pega o bolo na cozinha, meu filho. — Asafe pediu enquanto colocava as coisas na mesa de centro junto com Castiel.
— Não acredito que vamos assistir esse filme de novo! — Castiel reclamou enquanto senta ao meu lado e me abraça.
— Não fale assim! É um clássico! — Asafe sentou do meu outro lado e me abraçou também.
— Eu chamo de velharia. — Meu pai disse.
Nesse momento Cainã chegou com o bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro e duas velas indicando minha idade, ele começou a cantar parabéns e meus pais acompanharam. Ele parou na minha frente com o bolo e eu soprei as velas quando a música terminou.
Começamos a comer e Cainã deitou no espaço entre eu e Asafe para terminarmos de assistir à saga de filmes, Castiel continuou reclamando como aquele filme era insuportável e nós jogamos pipoca nele e o mandamos calar a boca, ele deu o dedo médio na nossa direção e nós voltamos a ver o filme enquanto riamos da cara dele.
Na metade do terceiro filme comecei a me sentir estranho, mas ignorei. Era como se uma corrente elétrica percorresse todo o meu corpo, olhei para meu irmão e ele prestava a atenção no filme assim como meu pai, Asafe, e Castiel estava quase babando no meu ombro enquanto dormia.
— AI! — Levei um susto quando Cainã gritou.
— Que foi, garoto? Tá maluco!?
— Eu levei um choque!? — ele parecia meio confuso, pois não havia nada que pudesse ter causado aquilo.
— Tá maluco. — revirei os olhos e Asafe me encarou de um jeito entranho.
— Mercúrio, seus olhos... — ele e Asafe carregavam uma expressão de incredulidade e eu corri em direção ao banheiro.
Fechei a porta com força por conta do nervosismo e olhei no espelho. Meus olhos estavam completamente azuis, um azul escuro e brilhante, é como de eu tivesse duas lâmpadas do lugar dos globos oculares. Olhei para baixo e era possível ver as correntes elétricas passando por meus dedos, meus pais e meu irmão abriram a porta do banheiro e todos pareciam assustados.
— Você está bem? — Castiel perguntou e nesse momento a realidade mudou.
O lugar parecia uma espécie de sala grande e vazia, a não ser pelo elevador de vidro no canto ao lado da grande porta de entrada, olhei para trás e uma mulher estava parada me encarando.
— Quem é você? — perguntei e ela levantou uma sobrancelha.
Ela andou na minha direção, ignorando completamente minha pergunta. A mulher me encarou de cima a baixo como se me analisasse, andou formando um círculo em volta do meu corpo e parou na minha frente. Ela olhou no fundo dos meus olhos e aproximou o rosto com o senho franzido, quando eu pude sentir sua respiração contra o meu rosto, e logo ela deu... um tapa na minha testa?!
VOCÊ ESTÁ LENDO
RURSUS
Science FictionPara manter Rursus (um planeta que surgiu milhões de anos após o fim da Terra) em harmonia, à cada trinta anos, oito jovens de 18 anos recebem o dever de manter o planeta em equilíbrio, até que os próximos indivíduos sejam escolhidos. Esses jovens...