6 - EARTH

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    Hoje é dia 17 de julho do ano 4680. Minha mãe está super orgulhosa, pois eu entrei para a faculdade de engenharia mecânica, por isso vou poder passar o fim de semana acampando com minhas amigas.

    Estou terminando de arrumar minha mala e Ravena, Ully e Heidi estão na sala comendo sorvete com a minha mãe. Terminei de guardar meus últimos biquínis e desci as escadas, as quatro estava com colheres nas mãos, um pote de sorvete jazia no colo de Heidi e outro no de Ravena, minha mãe estava com o comunicador ligado e ele projetava um site de relacionamento na parede.

    — O que as senhoritas estão fazendo? — falei com um tom falso de acusação e elas não deram a mínima.

    — Estamos procurando um namorado para sua mãe. — Ravena foi a primeira a dizer.

    — Ou namorada. — Minha mãe disse, larguei a mala no chão e sentei ao lado delas para ver as opções também.

    — Desde quando a senhora liga para essas coisas? — perguntei e peguei a colher de Heidi.

    — Minha filha, eu sempre me preocupei demais com minha carreira, estou pensando em curtir um pouco.

    — Já estava na hora. — falei com a boca cheia de sorvete e aparece uma mulher lindíssima na projeção. — É ESSA!

    — Acalma o coração... já tenho muitos encontros para essa semana, não quero me sufocar. — ergui as sobrancelhas, impressionada com a mudança repentina, e dei de ombros.

    Olhei a hora e vi que já estava na hora de sairmos, dei mais uma colherada no sorvete e recolhi as colheres das meninas, coloquei-as na lava-louça e Heidi guardou um dos potes.

    — Quero ver todos os seus pretendentes quando voltar. Te amo. — dei um beijo apressado na bochecha dela e fomos para o carro.

    Guardei a mala e coloquei o carro no piloto automático, colocamos a música no último volume e fomos cantando até que o carro estacionasse na grande rocha ao lado da cachoeira.

Montamos nossa barraca e fomos aproveitar a luz do Sol, tirei minha blusa e short pretos — ficando apenas de biquíni marrom — deitei na rocha próxima à água e comecei a pensar na mudança repentina da minha mãe.

Ela já me contou que teve relacionamentos antes do meu nascimento, mas nunca durou muito tempo, pois ela não gostava de se apegar, dizia que isso poderia atrapalhar seus planos. Quando já estava com a vida estruturada o suficiente para ter um filho, ela resolveu engravidar.

Pude ler sobre gestação natural nos livros de história da Terra, as mulheres sofriam por nove meses e sofriam mais ainda no parto. Só de pensar já fico traumatizada. Mas graças à ciência, hoje as chamadas de: "barrigas artificiais" fazem esse trabalho.

As mulheres que sentem vontade de engravidar, retiram seus óvulos e fecundam com o espermatozoide, de seu parceiro ou doador. Vocês podem imaginar que o da minha mãe foi o segundo caso, o que é bastante comum em nossa sociedade.

Senti a água gelada ser arremessada contra o meu corpos dei um grito, entrei na água e nadei em direção às três palhaças, iniciamos uma lutinha e aparentemente, todas perderam. Começamos a rir e elas jogaram mais água no meu rosto.

De repente o lugar ficou extremamente silencioso. Ravena, Ully e Heidi mantinham os olhos presos nas minhas mãos. Olhei para baixo e uma luz verde atravessava minha pele sobe a água, olhei para as meninas e elas pareciam em choque ao fitar meus olhos, acionei a câmera do comunicador no meu braço e pude ver que meus olhos brilhavam como duas lanternas-verdes.

    Floresta ao redor das rochas foi completamente tomada por flores, transformando a paisagem do lugar ainda mais espetacular. Fiquei admirada com a beleza do que estava acontecendo, sei que a primeira reação geralmente é o medo e não vou negar, eu estou com um pouco de medo.

    Li o suficiente para saber que coisas ruins relacionadas à isso não acontecem à um bom tempo, mas também sei que isso não descarta as possibilidades de um catástrofe. Só que é muito difícil pensar nessas coisas, quando tenho uma paisagem tão estonteante à minha frente.

— Sou uma das escolhidas. — estava boquiaberta quando olhei para as meninas, e todas pareciam chocadas demais para responder.

    Andei em direção à árvore que se estendia até a água e estendi minha mão na direção dela, cipós começaram a crescer e descer em na minha direção, mas logo a realidade mudou e meu corpo foi lançado contra uma superfície rochosa.

Levantei-me e olhei ao redor, um homem forte de cabelo rapado me esperava próximo à uma piscina. Ele de repente apareceu ao meu lado, me dando um susto, segurou na minha mão e no segundo seguinte estávamos no meio de uma floresta.

— Por que mudamos de lugar? — ele soltou minha mão e parou na minha frente.

— O castelo dos governantes não tem uma boa instalação para seus poderes, lá será útil para você apenas quando houver reuniões.

— Pensei que lá fosse o centro de treinamento. — disse com o senho franzido e ele concordou com a cabeça.

— Para o resto dos governantes, sim. Tivemos problemas da última vez, o homem com suas habilidades destruiu todo o centro de treinamento, então resolvemos que isso seria melhor numa floresta. — concordei com a cabeça e ele fez menção de continuar, mas eu interrompi.

— Suponho que antes do treinamento, você precise me deixar a par de todas as regras. — ele concordou com a cabeça e eu não dei chance de responder. — Eros, certo?

— Como sabe? — ele tinha o senho franzido e parecia levemente surpreso.

— Suponho que a pessoa à me treinar possua as mesmas habilidades que eu.

— Pesquisou bastante, não é? — ele tinha um mínimo sorriso e eu discordei com a cabeça. — Não me diga que prestava atenção nas aulas, pois sei eles não ensinam tudo sobre nós.

— Tudo bem, eu pesquisei, então não perca seu tempo me explicando sobre coisas que já sei.

— Ainda preciso repetir todas as regras, mesmo que já saiba sobre elas. — sua feição era neutra.

— Não perca seu tempo.

Nesse momento, seu pé foi envolvido por um cipó, uma árvore cresceu, suspendendo seu corpo e o deixando de cabeça para baixo.

— Fez isso intencionalmente? — ele parecia impressionado e logo tinha seu corpo de pé novamente.

— Tenho um bom autocontrole. — dei de ombro e ele serrou os olhos. — Ok, talvez eu esteja tentando fazer isso desde que chegamos aqui, perdão. Inclusive, acho q matei um coelho.

— Espero que use suas habilidades com sabedoria, não gostaria de precisar te exilar.

— Já disse que sei sobre as regras, não precisa se preocupar com minhas ações. — rolei os olhos e ele parecia desconfiado. Ele se aproximou e parecia me analisar.

— Espero que esteja sendo sincera, Dakota. — seu tom carregava uma leve ameaça e eu estendi a mão para cumprimentá-lo.

— Não gostaria que tratasse minha inteligência como uma ameaça. — ele segurou minha mão e olhou no fundo dos meus olhos.

— Então faça por merecer minha confiança. — pude ver que ele era sincero em cada palavra e no segundo seguinte eu estava na cachoeira com minhas amigas de novo.

Elas superaram o choque só dois dias depois e aproveitamos o último dia do final de semana ao máximo. Nós comunicamos com a minha mãe, para contar a novidade e colocamos a música para tocar no volume máximo.

Testamos minhas habilidades com cuidado e no final ficamos nos laçando na água pelos cipós, criei um balanço natural na árvore que se estendia até a água e fiquei relaxando.

Sei que muitas pessoas ficariam preocupadas é um pouco assustadas, mas hoje não existem tantas obrigações e os governantes não lidam com problemas à um bom tempo. Não tenho motivos para estresse, pelos menos, não até conhecer o resto dos governantes...

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