8 - DARKNESS

19 1 0
                                    


Estava em um sono profundo, quando escuto um burburinho vindo do primeiro andar, ignorei e continuei deitado. Pequei no sono novamente e de repente, sinto um peso sobre minhas costas, pessoas gritavam animadas e alguém balançava meu corpo contra o colchão.

    — Para, inferno! — resmunguei e a pessoa continuou — PARA. QUE PORRA! — a pessoa me ignorou completamente e continuou me balançando.

    Virei meu corpo e pude ver que meu melhor amigo, Aloísio, era quem estava sobre mim, joguei o corpo dele contra o colchão, invertendo as posições, e o balancei da mesma forma que ele havia feito comigo. Ele ria e me mandava parar, mas acordar alguém que estava dormindo tão bem, não tem perdão.

    — Morre, praga! — ele gritou e senti três pessoas se jogarem contra o meu corpo.

    Iniciamos uma mini luta e começamos a bater com travesseiros uns nos outros, pude ver de relance meus pais entrarem no quarto, mas continuamos a guerra de travesseiros assim mesmo.

    — Já chega crianças! — minha mãe nos repreendeu e nós ignoramos, meu pai estava escorado na porta e ela andou na nossa direção.

Minha mãe tomou o travesseiro de minhas mãos e bateu em todos nós com ele. Ok, talvez eu não esteja tão irritado com o fato de terem me acordado... Por mais que eu odeie admitir, acordar desse jeito alegra o meu dia de uma forma que nem sei explicar. Me levantei, indo em direção aos braços da mulher à minha frente.

    — Feliz aniversário, filho. — ela me deu um abraço apertado e eu andei em direção ao meu pai.

    — Feliz aniversário. — ele me abraçou com carinho e depositou um beijo rápido na minha testa.

    — Não acredito que deixou essas pestes entrarem no meu quarto. — cruzei os braços e me apoiei no batente da porta.

    — Olha como fala da gente! — Aloísio, andou na minha direção e me abraçou pelo pescoço. — Feliz aniversário! — ele deu um beijo na minha bochecha e bagunçou meu cabelo, o resto das pragas se levantaram e vieram me abraçar também.

    Aloísio, Constantino, Fúlvio e Ulisses, são meus melhores amigos, desde o primeiro ano do ensino médio. Meus pais dizem que parecemos um grupo de gêmeos siameses, foi tolice minha achar que teria paz logo no dia do meu aniversário.

Hoje é dia 23 de novembro, e nós combinamos de sair para comprar fantasias para minha festa, enquanto meus pais organizam a comida, bebida e decoração. Pegamos a minivan e seguimos em direção à uma loja de festas.

O lugar possui grandes janelas de vidro e luzes coloridas por todo lado, vou direto para a ala de fantasias e procuro por um capacete de astronauta, modelo clássico. Assim que visto o acessório, sinto o ambiente escurecer mais do que o esperado, escuto passos agitados e pessoas gritando logo em seguida, tiro a parte da fantasia que cobre o meu rosto, em busca de saber o que está acontecendo.

    Quando olho em direção as janelas, vejo uma fumaça preta cobrir todo o ambiente exterior, largo o capacete de astronauta no chão e logo vejo meus amigos correndo em minha direção, e Ulisses é o primeiro a se aproximar.

    — Precisamos dar um fora daqui! — ele parece afobado e logo os outros o alcançam. — Agora, AQUILES!

    Começamos à correr em direção em direção à saída, a fachada da loja possui um pequeno espaço que não está tomando pela fumaça. Um corvo surge da neblina e pousa no asfalto à nossa frente. Os outros parecem não saber o que fazer, mas por algum motivo... eu sei.

    Todos estão parados à minha frente, abro caminho com os braços e assim que meus amigos fitam os meus olhos, uma expressão de pavor toma suas faces.

RURSUSOnde histórias criam vida. Descubra agora