Seria cômico se não fosse trágico a minha falta de sorte.
As ruas estavam mais cheias do que o costume, faróis pela cidade estavam todos vermelhos, pude contar um ou dois que estavam verdes o restante do caminho. Não fora do meu limite, acelerei o carro um pouco mais, fechando meus dedos ao redor do volante ao ponto de deixar cada junta esbranquiçada. Por fora, calma. Por dentro estava uma pilha de nervos que nem eu mesmo entendia. Meu estômago agia feito uma montanha russa, girava em descontrole e minha respiração falhava gradativamente. Revirei meus olhos tão forte ao estacionar o automóvel na garagem do prédio, fechando-os em seguida.Não era do meu feitio me envolver em circunstâncias que geravam estresse, desconfortos e uma bela de uma dor de cabeça. Desde que Jaebum havia ido embora, até mesmo após meu relacionamento conturbado com Jeongyeon, eu estava mais do que decidido evitar qualquer situação que me deixasse nervoso como eu estava naquele momento. Ri, mas sem um pingo de graça ao me lembrar de quando havia sido chamado de "monge" pela minha calma excessiva.
Subi correndo até pegar o elevador, me deparando com Jooheon sentado na porta da minha casa. Em todos esses anos o tendo como amigo mais próximo, jamais havia me sentido mal ao vê-lo, mas naquele momento tudo parecia totalmente diferente do que eu estava acostumado. Engoli a seco, umidificando meus lábios com a língua antes de caminhar até ele. Não demorou até que ele se levantasse e ficasse na minha frente. Quando gesticulei na intenção de abrir a porta do apartamento, fui interrompido por ele com a mão em meu pulso.
— Não precisa, eu não vou entrar. — Ríspido, mas com o tom mais baixo que o costume.
Minha cabeça estava a mil, mal conseguia pensar em uma resposta. Fora Wolfie que estava do outro lado da porta latindo, mostrando animação por me ver tão cedo em casa. Terei sorrido e aberto a porta de imediato, mas apenas fiz um "shh" com a boca. E por incrível que pareça, ele pareceu entender. Pude ouvir somente sua respiração embaixo da porta, demonstrando que ainda estava ali e ansioso por um carinho e, claro, ração.
— Quando você iria me contar que estava se envolvendo com o Kihyun? — Continuou sem ao menos esperar uma resposta minha. Conhecendo o temperamento de Jooheon, apenas deixei que ele continuasse sem pausas, que colocasse tudo para fora até que fosse a minha vez de falar. — Changkyun, você sabia que eu estava me apaixonando! Ou melhor, você sabia que ele estava me dando bola... Não, espera! Você é gay?
Ele repetiu a última pergunta mais uma vez, arrancando um riso sarcástico de mim. Eu não tinha noção da minha sexualidade até algum tempo atrás, tampouco fazia questão de me rotular hétero. Depois pensei em respondê-lo e explicar que bissexualidade também existia 'num mundo tão grande. Me vi respirando fundo mais uma vez, agora por saber que aquelas perguntas e afirmações vindas dele estavam longe de acabar. Levei os dedos até os cabelos, jogando-os para trás e bagunçando em seguida.
— Você não tem nem coragem de me responder, mas vejo que não foi você a sair ganhando com isso tudo. Vejo que criei uma imagem contraditória dele, pensei que fosse diferente, mas é apenas um garoto fácil da faculdade. Tsc. Você já se perguntou se ele não está fazendo o mesmo joguinho com outros colegas de classe, Im? Vai acabar ganhando um pé na bunda assim como eu acabo de ganhar. — Se eu não o conhecesse tão bem, eu até entraria no jogo e o deixaria vencer ao ponto de me irritar. Apenas balancei negativamente a cabeça, incrédulo do quão baixo ele estava tentando ser. — Estarei assistindo de camarote o queridinho Im Changkyun se apaixonar e ter seu coração partido pela nova vadiazinha de Yoonsey University.
Jooheon continuava tagarelando, ácido e com um tom extremamente irritante. Tateei meu jeans, alcançando o maço de cigarros junto ao isqueiro. Estava tão acostumado com aquilo que os gestos foram rápidos até acender o cilindro entre meus lábios e guardar o restante de volta no meu bolso. Me encostei na parede, observando o mais velho gesticular na minha frente. Traguei o cigarro com vontade, absorvendo a fumaça antes de soltá-la com lentidão para cima. Senti a boca secar com outra tragada. Respirei fundo logo após soltar o último resquício da fumaça para frente, tratando de continuar olhando o homem a minha frente. Em meu olhar: decepção. Estava decepcionado com o lado obscuro de Lee que eu não conhecia. Minha mão livre se fechou, cerrando o punho com firmeza. Meu lado passional se fez presente naquele momento, se não fosse por isso, teria o socado sem pensar duas vezes.
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préciosité · changki.
Fanfiction"Assim como o bater das asas de uma borboleta pode ocasionar uma ventania, os passos apressados de dois corpos com massas diferentes em velocidades diferentes só poderiam ocasionar atrito. O forte estalo de dois ombros se chocando por míseros segund...