soju.

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Eu queria entender o que se passava entre os dois, porque claramente não apenas um joguinho interno de casal, e minha desconfiança se confirmou quando Kihyun cerrou os lábios claramente envolvido na bolha de mistério implantada. Bufei impaciente desistindo de compreender qualquer coisa pelo resto da noite. Eu teria uma madrugada longa e escruciante que exigiria muito esforço da minha parte pra não foder com tudo. Retirei o blazer de Kihyun, o estendendo a peça sem trocar palavra alguma. O rapaz me devolveu a jaqueta com olhos curiosos cavando buracos em minha pele. Não olha de volta, não olha de volta. Encarei-o, tateando cegamente os bolsos internos em busca de meus cigarros e esqueiro, os encontrando amassados e levando um único exemplar aos lábios com a chama acesa na mão livre.

— Você fuma?! — Antes mesmo que um curioso poderia surgir com outras perguntas, fora logo interrompido por um Seokjin agitado.

— Not on my turn, bitch! — Seokjin berrou do volante, virando o pescoço pra trás assim como um de seus braços voando na direção da minha coxa em um tapa estalado quase perdendo o controle do carro. — Neste carro fumantes não são aceitos.

— Seokjin, a pista! — Kook segurou o volante com seus reflexos, nos alinhando de volta na faixa certa até que o namorado desespero voltasse sua atenção ao que importava; não bater, não nos matar, mas principalmente não ruir com a minha paciência.

— Viu, Changkyun?! Seu cigarro quase matou a gente. — Traguei um quarto da nicotina, expelindo a fumaça propositalmente na direção do motorista com um puta sorriso presunçoso. — Dá pra você pelo menos abrir a janela? — Tossiu falsamente, balançando a mão na frente do rosto. Ele mesmo abriu o vidro traseiro em um daqueles tantos botões do painel. O vento fresco circulando ajudou a espantar o cheiro forte.

Me voltei para Kihyun que assistia tudo entre o susto e o cômico, mordendo os lábios. O rosado não queria diminuir a moral de Jin dentro do próprio carro e nem iniciar uma discussão desnecessária, diferente de mim que já estava mais do que pronto pra rebater qualquer gracinha.

— Só quando estou irritado. — Respondi, atraindo sua atenção novamente. Lhe estendi o cigarro e ele aceitou gentilmente, repetindo meus gestos. Sugando e soprando a mistura venenosa pra fora do carro e devolvendo logo em seguida. Na imagem mental que eu criara de Kihyun, em nenhum momento conseguia assimilar sua figura doce com cigarros. Um erro. Jooheon deveria lhe conhecer melhor do que eu, é claro. Me peguei imaginando se o destino do mais velho seria se acertar com meu amigo aquela noite, e consequentemente, aquela merda – que ao meu ver já era grande o suficiente sendo dupla, se tornaria um encontro triplo.

Pelo comprimento da fila, o bar estava com lotação acima de sua capacidade. As pessoas competiam para entrar, esperando por horas em pé que uma ou duas meses vagassem e lhes dessem a bela oportunidade de apreciar uma noite tranquila, na melhor das possibilidades, jogando conversa fora. Hongdae nunca para, nem mesmo durante a semana. A maioria daquelas pessoas eu reconheci de vista como estudantes de Hongsik e da Yoonsey. Os garotos conversaram com alguns amigos, e eu outros. Seokjin nos pediu licença e sumiu, retornando pouco depois com pulseiras de um verde limão brilhante restrita à área vip e nos presenteou, argumentando que conhecia alguém; e esse alguém nos colocou pra dentro sem a necessidade de esperar assim como os outros. Me senti injustiçando quem realmente queria estar lá dentro, mas por outro lado, quanto menos tempo eu passasse no bar, mais rápido eu chegaria em casa e mais rápido aquele infortúnio chegaria ao final.

Passamos pelas catracas e os seguranças revistaram cada um de nós minuciosamente. Eu fui obrigado a abrir minha carteira de cigarros e lhe provar que eu não estava portando nenhum tipo de droga ilícita, e só então fomos liberados. O estabelecimento funcionava com três tipos de ambientação; sendo o primeiro uma grande pista de dança com uma cabine de DJ ao final. Ao meu lado direito uma cortina semi transparente com cores berrantes separava a balada de um bar estilo retrô, com um balcão extenso à moda antiga, torneiras de chopp e apresentações de malabares com garrafas de bebidas caras e drinks coloridos. Por fim, no mezanino que contornava os dois ambientes de uma ponta a outra, a área vip fervilhava com mesas e cabines exclusivas. Jin nos liderava pela escadaria até uma mesa vazia e mais reservada longe da grade de segurança. A batida forte de hip-hop estourava em meus ouvidos, me trazendo lembranças agradáveis de quando eu não tinha tantas responsabilidades, ou fingia que não. Nos sentamos lado a lado. Kihyun no meu banco enquanto o casal dividia o outro. Recebemos alguns brinquedos coloridos de uma garçonete ruiva, colares que brilhavam no escuro, coroas e flor e outros apetrechos que nos montaram como bonecos. Jeongguk tinha uma gravata laranja fluorescente, Jin dois corações desenhados as pressas em suas bochechas, Kihyun ajustava uma coroa de flores tropicais em seus cabelos e eu usava um arco com chifres vermelhos, piscando.

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