préciosité · changki.

maybe destiny?

olá, galero. a maior parte dessa fanfic foi escrita pela minha belíssima namorada @utopcxx. total crédito à ela. ganhei de presente e foi tão fofinha a ideia que resolvi terminar e também postar. boa leitura, xuxus.

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Fevereiro de 2017 às 14:40. Em algum bairro qualquer de Seul.

A teoria do caos é uma das leis mais importantes do universo e está presente na essência de quase tudo que nos cerca. Ela consiste na ideia de que uma mudança ━ mesmo as que nos soam insignificantes ━ no ciclo inicial de um evento qualquer pode trazer consequências desconhecidas e catastróficas no futuro.

Changkyun não sabia das consequências de suas escolhas no começo enquanto marchava decidido nas calçadas molhadas pela chuva fraca que caia dos céus como castigo. Ele certamente não escolheu se apaixonar por Jeongyeon. Uma garota mais velha com todos os preceitos básicos de uma vadia fria e egoísta. Também não foi sua escolha cair tão desesperadamente nos lábios vermelhos e amargos esperando ser amado intensamente quando seu contrato com a loira não passava de diversão, de sanar o calor que ambos sentiam enquanto trocavam olhares nada discretos durante as aulas. Se pudesse voltar no tempo, com certeza escolheria o momento em que a ouviu falar que o amava pela primeira e se negaria acreditar. Mais do que isso, abdicaria todas as suas convicções de que o amor era uma experiência que merecia ser experimentada. Changkyun nunca havia odiado tanto um sabor em seus quase 20 anos. Não. Jamais escolheria ser trocado ou ignorado, e principalmente não aceitaria a relação doentia de dependência cíclica entre os dois. Mas é claro que ele não podia determinar o fim de tudo, caso contrário estaria em sua casa onde era quente e seguro. Longe de todas as gotas de chuva que embaçavam sua visão. Longe da ventania que bagunçava tudo que ele lutou para organizar por anos. Longe da frente fria que era o olhar de Jeongyeon em suas costas, velando seu caminho de volta.

Fevereiro de 2017 às 14:40. Em algum bairro qualquer de Seul.

Kihyun gostava de dias chuvosos porque condiziam com seu humor sombrio na maior parte do tempo. Gostava do som produzido pelas gotas finas e impiedosas como uma praga de agulhas diretamente dos céus, castigando todos os erros como uma profecia bíblica. Tinha preguiça em sua alma como maior pecado, mas sabia muito bem que o banho que sua alma necessitava durante o temporal nada tinha a ver com seus péssimos ━ não que isso fosse exatamente um pecado do qual ele se envergonhava ━ hábitos de gato. O seu maior pecado era desconhecido. Acreditava que seu karma era a sequência quase surreal de amores falidos em sua vida. Mesmo agora que seus lábios tinham o gosto de outros lábios. Mesmo quando seus dedos passeavam sobre a pele recentemente tocada e ainda úmida, ele desacreditava de tudo. Não havia um gosto doce no beijo de Jooheon. Não havia um gosto amargo no beijo de Jooheon. Pior que isso, não havia gosto algum no beijo do loiro. Sua boa amizade com o rapaz de feições infantis e olhos pequenos havia se transformado numa bolha de tensão reprimida que culminou no corpo de Kihyun sendo apertado contra a parede de seu apartamento por poucos minutos porque talvez ele não se sentisse "daquele jeito". Porque depois de superar uma traição recente ele estivesse apenas procurando se aventurar como o solteiro que era, ou o chifrado dependendo da perspectiva. Enquanto Jooheon tinha explosões esporádicas, Kihyun implodia sequencialmente. Eles sabiam bem no fundo que estavam se usando mutuamente para superar seus desastres amorosos.

Fevereiro de 2017 às 14:45.

Assim como o bater das asas de uma borboleta pode ocasionar uma ventania, os passos apressados de dois corpos com massas diferentes em velocidades diferentes só poderiam ocasionar atrito. O forte estalo de dois ombros se chocando por míseros segundos. Mudando a trajetória de suas caminhadas por milímetros. Mudando o curso de seus olhos que se cruzaram tão lentamente enquanto seus sussurros simultâneos de "desculpas" foram rápidos demais para aceitar. Changkyun e Kihyun haviam se esbarrado ocasionalmente. Apenas coincidiram em pegar a mesma via no mesmo horário. Ou talvez, só talvez, existisse muito mais do que acaso nas gotas de chuva do céu de Seul.