Capítulo 05

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E ele não conseguia respirar!

Alguma coisa estava sufocando-o!

Quando finalmente abriu os olhos, se deu conta de que estava enrolado nos lençóis e tinha um bom pedaço deles em volta do seu pescoço.

Arrancou o pano e atirou-o longe, sentando-se na cama e passando as mãos pelos cabelos úmidos de suor e então ouviu o relógio na sala de estar informar, eram seis horas da manhã.

Pegou o celular na mesa de cabeceira ao lado da cama e confirmou, 6h00 da manhã. Será que ainda tinha tempo de fazer o que era certo? Será que ainda conseguiria salvá-los?

Procurou o contato do sobrinho e discou. Chamou o suficiente para fazer a ligação cair e o obrigar a pensar no pior, mas resolveu insistir mais uma vez. Na terceira tentativa de ligar, finalmente Cris atendeu!

– Oi tio! Aconteceu alguma coisa, você ta me ligando tão cedo... – queria gritar que sim, aconteceu, um milagre de Natal, ele se deu conta de que se preocupava com o sobrinho o suficiente para não deixar o menino morar na rua e ser estuprado e assassinado por um bando de homofóbicos doentios. Mas, não queria assustar o garoto ou fazê-lo pensar que seu tio idiota tinha passado a véspera do feriado em alguma farra alucinógena com todo tipo de porcaria, então, respirou fundo e apenas respondeu.

– Não, eu só achei que devia te ligar. Onde vocês estão? – não se deu ao trabalho de explicar quando o garoto perguntou como ele sabia que Henrique estava com ele. Não Havia tempo! Anotou o endereço e antes de desligar disse.

– Fiquem onde tem luz e não saiam daí, já estou chegando! – nunca em toda a sua vida dirigiu tão rápido. E agradeceu pelo feriado e a falta de policiamento nas pistas que pegou para chegar até o tal parque. Quando avistou os dois meninos, encostou, bem a tempo de ver o grupo de assassinos se aproximando e entrando no parque. Mas até onde viu, eles não estavam seguindo ninguém.

– Cristiano! Que bom que você está bem! – desceu do carro e abraçou o sobrinho com um pouco mais de força do que esperava, deixando o garoto um pouco assustado. E quando finalmente o soltou, voltou-se para Henrique, o qual também abraçou como se não o visse há anos.

"Eu os vi serem violentados e mortos bem na minha frente, tenho o direito de ser um pouco exagerado." Declarou mentalmente enquanto colocava os dois no banco traseiro do carro.

Deixou Henrique em casa, dizendo para que o garoto se aprontasse, pois eles iriam almoçar na casa de algumas amigas dele e não aceitava não como resposta. Enquanto isso levou o sobrinho de volta ao seu apartamento, onde fez o garoto tomar um banho, comer o café da manhã e então, ir dormir no quarto de hospedes. Mas antes de fechar a porta para descansar, o garoto perguntou.

– Tio, como sabia que nós estávamos lá? Minha mãe por acaso... – não, Jussara não tinha nada haver com isso, apesar de que ele deveria avisá-la de que o menino estava bem e a salvo.

– Acho que foi intuição de tio. Como intuição de mãe, só que mais fraca. – respondeu sorrindo e não sabia se era o cansaço ou o alimento que finalmente bateu na fraqueza, mas Cris aceitou a resposta e foi dormir.

Ainda tinha tempo até a hora do almoço e por isso, ligou para a cunhada. Ao ouvir a voz chorosa da mulher, sentiu seu coração apertar no peito. Futuramente ainda ia ajudá-la a sair daquele casamento abusivo, mas, precisava fazer uma coisa por vez. Primeiro salvava o sobrinho da morte iminente e depois salvaria a cunhada.

– Alô, Jussara? É o Augusto. Estou te ligando para dizer que fique tranquila, o Cristiano está comigo e se estiver tudo bem pra você, gostaria que ele ficasse aqui por mais algum tempo. Não diga nada pro Jonas, deixa a poeira baixar primeiro. – O que ele queria dizer de verdade era: "Não diga nada pro Jonas, porque ele pode te bater só por vingança." Os soluços e choro da cunhada do outro lado da linha eram torturantes e dolorosos e num sussurro quase inaudível ela perguntou.

Um novo Conto de NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora