08 - Rafael

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Quando vi aquela mulher correndo pela rua, vestida de noiva, achei que estava vendo uma miragem. Levantei a câmera e obtive vários cliques, estava tão absorto que nem reparei que Tonta saiu correndo e pulou nela, ainda consegui duas fotos e por incrível que pareça ficaram perfeitas, pois ela estava sorrindo. Sorrindo não, rindo, e muito.

Luíza estava fugindo de um casamento fadado ao sofrimento, com um vestido de noiva caro, foi derrubada por um cachorro que estava deixando-a repleta de baba e mesmo assim sorria. Ela não deu um piti, não xingou o Tonta ou foi mal-educada. Ela simplesmente teve um ataque de riso.

Acho que naquele momento eu me apaixonei e nem percebi.

Um ano se passou e eu ainda acho a minha Luíza a mulher mais incrível do mundo. Um ano se passou e eu me apaixono por ela a cada dia novamente, com a diferença que percebo sempre que ela sorri o quanto o meu amor cresceu e cresce cada vez mais.

Nesse tempo nós nos tornamos melhores amigos, amantes, namorados, companheiros e agora eu quero me tornar seu noivo. Na verdade, eu queria me tornar logo o seu marido, mas digamos que a Luíza criou uma certa fobia de se casar depois do que passou. Eu a entendo, mas não vejo a hora de que a minha Lu seja a senhora Lima.

— Calma, meu filho, ela vai aceitar — dona Mariluce, minha sogra, diz ao parar ao meu lado.

Luíza foi trabalhar e eu pedi ajuda da minha querida sogra para preparar uma surpresa. Finalmente tomei coragem para pedir a Lu em casamento, mas agora que está quase chegando a hora, estou uma pilha de nervos.

— E se ela disser não?

Dona Mariluce se senta ao meu lado e pega as minhas mãos nas suas.

— Meu filho, eu conheço a minha menina e ela te ama. — Um sorriso involuntário se abre no meu rosto. — Você se lembra quando te procurei para bater aquelas fotos do cretino do João?

Assinto com a cabeça. A vida é cheia de surpresas, o fotógrafo que capturou as fotos que tecnicamente acabaram com o casamento da Luíza sou eu. Na época eu não sabia e foi um trabalho estranho, mas como minha mãe fez questão de me convencer a aceitar, acabei fazendo e só depois de um tempo que fui ligar os fatos.

— Eu sabia que a Luíza não seria feliz com ele, por isso fiz aquilo. Claro que na época não imaginei que além de me ajudar a abrir os olhos da minha menina para ver o quanto aquele casamento era errado, você também a faria enxergar a sentir o amor verdadeiro. Mas a questão é que agora eu sei que ela vai ser feliz e justamente por isso tenho certeza que a Luíza vai dizer sim.

— Obrigado, Mari. — Sorrio confiante, como não ficar mais tranquilo quando uma mãe, aquela que sabe de tudo, me diz isso.

Ela me puxa para um abraço e Lu desse as escadas bem nesse momento.

— Não basta conquistar o amor da filha, Rafael? Quer que toda a família se apaixone por você — a minha Lu zomba com um sorriso.

— O que posso fazer se sou apaixonante — retribuo no mesmo tom de brincadeira.

Dona Mariluce sorri, se levanta, vai até a filha e deposita um beijo em seu rosto.

— Você está linda, filha.

— Obrigada. — Segura o vestido e dá uma volta. — Vocês dois também estão de tirar o fôlego.

— Vou chamar o seu pai para irmos — Mari avisa e nos deixa a sós.

É aniversário do meu sogro e ele decidiu dar uma festa no sítio da família. Conversei com ele e vou aproveitar para pedir a Lu em casamento. É loucura fazer isso em público, mas minha esperança é que ela fique menos inclinada a negar com tantas pessoas olhando.

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