Louis

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Movo os meus pés pelo corredor enorme enquanto que resmungo coisas sem qualquer sentido para mim própria. Merda do telemóvel e merda da pessoa que me ligou e merda para quem me obrigou a vir para esta merda de faculdade a pé. Caralho de vida. Pois se eu já digo um monte de palavrões quando estou normal, imaginem só quando estou com um humor de cabra como o de hoje.

Abro a porta da sala que sopunha que estava vazia até o meu corpo parar a observar o corpo do rapaz que eu não lembro o nome, mas tenho quase a certeza absoluta de que é tão paneleiro como ele. Mas a questão aqui é o que caralho é que o abutre está a fazer no meu lugar.

"Que caralho é que tu pensas que estás aí a fazer?" O meu tom carregado faz o seu olhar azul cruzar-se com o meu, e um arrepio passa ao de leve pelo meu corpo. Foda-se agora não é uma boa altura. 

"Olha só se não é a Azulinha."

"Olha só se não é o camelo que se não sair do meu lugar vai levar com um giz pela narina acima." Sorriu cínica para o rapaz e observo-o levantar-se do lugar. O seu corpo de ornitorrinco azul suador de leite, move-se com toda a calma do mundo, que eu não tenho, até mim.

"Estou cheio de medo." Ele baixa o olhar para o meu corpo e ri a seguir. "Pensei que fosses mais alta." Oh não, ele não acabou de o fazer. Este bisonte dos imalaias não gozou comigo. Preparo a minha resposta não muito simpática, para a dizer mas a voz na minha cabeça obriga-me a parar. A voz. A voz voltou. Fecho os olhos e afasto o meu corpo do rapaz que me olha confuso.
Movo as minhas mãos para a cabeça quando mais vozes se juntam à primeira, a repetir coisas sem qualquer sentido. Calma Zoe, calma já sabes que isto passa...isto acaba por passar...espera alguns segundos. 

"Hey, Azulinha, estás bem?" a voz do meu "amigo" misturou-se com a voz na minha mente, tornando tudo mais confuso. Foda-se, intrometido.

Tentando manter a calma, eu sento-me na minha cadeira - antes ocupada pelo camelo intrometido - a voz a ecoar na minha mente, formando palavras confusas. Eu evito gritar para que não pensem que sou louca ou o caralho. Bem, eu sou louca mas ninguém quer saber. Pois insana. Eu sou insano e caralho isso deixa-me ainda pior do que aquilo que já sou. 

"Por favor." Deixo escapar num sussurro e escorrego da cadeira para o chão frio encolhendo-me por completo.

'Zoe...zoe...zoe...minha querida zoe.' Uma das vozes destaca-se num tom monótono. Uma voz baixa e rouca. Uma voz sem corpo. Os nervos apoderam-se por completo do meu corpo e deixo escapar um grito estridente pela sala. "Ajuda-me por favor ajuda-me." Uma pequena e solitária lágrima escapa-se do meu olho direito e eu encolho-me ainda mais.

"Mas que caralho..." O paneleiro decide dizer algo e eu ranjo os dentes quando percebo que não é algo minimamente aproveitador. 

"Faz com que elas se calem." Choramingo e deixo-me cair no chão ainda encolhida.

"Calar o quê? Foda-se Zoe ajuda-me." Ele baixa-se desta vez a falar com uma preocupação mais presente na voz. 

"Caralho ajuda-me tu." Soei desesperada mas não me importo, porque de momento tudo o que eu quero é que elas se calem. O barulho, tom e dimensão das vozes aumenta e eu deixo de ouvir o que quer que seja que alguém me possa dizer. Porquê? Porquê comigo? Parem...por favor parem...

Abro a boca e uso as minhas cordas vocais como posso, deixando que um grito agudo preenche-se tudo ao meu resor, enquanto que me agarrava à cabeça ainda com mais força. 

Assim que me encontro sem ququer ar nos meus pulmões fecho a boca e suspiro aliviada, assim que me apercebo que se calaram. Abro os olhos e respiro lentamente para me acalmar.

"Tu estás bem?" O rapaz aproxima-se e pousa a mão no meu ombro. Aceno afirmativente com a minha cabeça e ela acena. "Ótimo porque assim podes explicar-me o que caralho é que te acabou de acontecer." O tom de voz duro dele e o olhar reprovador fazem-me revirar os olhos, se bem que lá no fundo preciso de arranjar rapidamente uma desculpa para lhe dar.

"Um ataque de pânico...já ouvis-te falar anormal?"

"Já. E eu chamo-me Louis." E as minhas suspeitas do nome paneleiro confirmam-se. Vocês devem perguntar-se porque é que eu estou tão calma depois de tudo, mas a verdade é que eu tenho estes ataques à alguns anos por isso não fico traimatizada depois do "ataque" ou coisa do género, ou pelo menos não agora que cresci. Mas a coisa mais estúpida é que ela nunca acabam pelo mesmo motivo, por isso eu nunca sei como é que as hei-de calar, e temo que nunca venha a saber. Temo que isto continue e apenas pare quando eu for de ver para o inferno. Sim porque de certeza que é para lá que eu vou. Não sou uma pessoa boa.

"Tão paneleiro como tu." Sorrio assim que falo e olho-o atenta. "Seja como for adeus Louis." 

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Ah olá girinhas/os idk
Olhem espero que gostem e eu sei que está pequeno mas sry ey recompenso-vos depois okay? Okay ahahah

Well espero que gostem xau
Caylen xx

(btw tive de publicar again)

Insane «Pausa»Onde histórias criam vida. Descubra agora