// Zoe //
"Ele, hum...O Harry veio apenas fazer uma visita." Eu respondo com voz trémula, o que faz o meu melhor amigo olhar para mim com cara suspeita.
A minha postura quando o meu pai está é muito diferente de quando ele não está. Eu nunca esperei que Harry presenciasse a minha postura fraca e medrosa, mas eu mais tarde arranjo alguma desculpa para lhe dar a volta.
"Eu não quero este paspalho aqui, Zoe, manda-o para o caralho." O meu pai ordena, uma voz dura e rude enquanto ele olha ameaçador para o rapaz dos cabelos encaracolados.
Permanecemos em silêncio. Eu não digo nada, a casa também é minha e eu tenho direito de trazer cá quem eu quero e bem me apetece. Harry também não se mexe, ele parece perceber que eu não vou de maneira nenhuma fazer o que o caralho que eu chamo de pai quer.
O meu pai caminha lentamente para Harry, eu posso ver uma expressão assustada cobrir o seu rosto lentamente. Ariana apenas de afasta, não intervindo. A mão grande do meu pai dirige-se ao peito de Harry, empurrando o rapaz contra a parede. Mesmo sabendo o que se vai suceder, eu decido não fazer nada, porque depois irá sobrar para mim. Por muito que eu goste do Harry, eu quero evitar a máximo que o meu pai me magoe mais do que ele já faz.
Antes que o meu pai possa fazer algo mais grave, um pequeno grito faz-se ouvir. Eu olho na direção do som, agradecendo à burra da minha irmã que resolveu tropeçar nas escadas. Apesar dela ser realmente uma burra, aquelas escadas são realmente perigosas. Eu já a avisei bastantes vezes do perigo que aquelas escadas são para nós - do tipo assassinas em série, mas ela insiste em descer as escadas a correr e depois fode-se. Isto serve para aprenderem uma pequena mas importante lição: tomem sempre, repito, sempre atenção às palavras de Zoe Adams. Repito uma última vez: sempre.
"Au..." ela geme com aquela voz irritante dela e coça os cabelos. Olho de relance para o meu pai, que mantém uma expressão irritada no seu rosto de cão rafeiro. Ele rola os seus olhos e volta a olhar para Harry que continuava exatamente na mesma posição. Enquanto Chloe se ajeita nas escadas a massajar o seu tornozelo esquerdo. Um instante um som irritante soa vindo do bolso do otário a que chamo de pai.
O meu pai desliza o telemóvel do bolso e caminha feito irritante para o escritório.
"Nós vamos ter uma conversa mais tarde." Harry aponta o dedo para mim, falando como se fosse meu pai. Eu reviro os olhos.
"Mas o que é que vocês vieram fazer aqui?" eu pergunto, olhando para Harry e seguidamente para Ariana.
"Viemos buscar-te, vamos a uma festa." Ariana responde com um sorriso, à qual eu me esforço para retribuir. Não gosto de sorrir.
Assinto e subo as escadas para vestir algo mais próprio para sair de casa, apesar de não me importar de ir de pijama porque ninguém tem nada a ver com a maneira como saio à rua. Sinto-me a ser seguida durante todo o caminho, mas apenas quando chego ao quarto é que me viro para encarar quem quer que seja que me tenha seguido.
"O pai ia fazer alguma coisa ao Harry?" a minha irmã pergunta, os seus braços cruzados sobre o seu peito enquanto ela se encontra encostada na ombreira da porta.
"O pai fez-te alguma coisa a ti?" eu mudo de assunto, simplesmente porque não me apetece responder à sua pergunta. Ela é sempre tão curiosa.
"Eh..." ela começa a falar mas não chega a dizer nada, pelo que concluo que ele lhe fez o mesmo que me fez a mim. Nojento de merda.
"Eu vou a uma festa, se quiseres vai vestir-te ou assim." Eu digo, virando-lhe costas e caminhando para o armário. Sem querer saber se Chloe se encontra no quarto ou não, eu retiro de lá uns calções pretos e um tank top com o símbolo os Nirvana. Calço umas vans pretas e dou um pequeno retoque no cabelo, não o alterando muito. Dou uma última olhada ao meu reflexo e sinceramente até gostei do que vi. Preparo-me para descer as escadas mas não sem antes me agarrar no corrimão, para não ter um pequeno - grande - encontro com o chão como a burra a que chamo de irmã fez.
Quando acabo de descer as minhas queridas amigas assassinas encaro Harry encostado na porta. É impressionante como ninguém me ouve, se me ouvissem elas não tinham cometido um quase homicídio com a Chloe. Sim, porque qualquer dia eles vão matar alguém e rezem para que esse alguém não seja eu...Ou então não. Tanto faz , também pouco me importa porque sinceramente era uma boa maneira de sair da porra deste mundo. Morta pelas escadas que eu acho que sempre tiveram uma espécie de conspiração contra mim. Enfim. Dava uma boa história para um jornal sinceramente. 'Escadas assassinas matam pobre rapariga que apenas as queria descer para poder aproveitar uma festa e fugir do pai' Não, eles não acreditavam...eu não sou uma pobre rapariga. Podia ser, mas não sou e vamos admitir, que ninguém ia ter pena de mim.
Sabem o que é que eu tenho? Fome. Isso é o que eu tenho. Quero pizza, será que estou grávida? Quer dizer, estou com desejo de pizza. Eu estou sempre com o desejo pelo meu amor pizza. Acreditem, nós ainda vamos casar um dia.
Paro o meu corpo junto das escadas - assassinas, que estão a preparar a minha dolorosa e fria, futura morte - olho para o camelo de caracóis com cara de quem me quer enfiar o guarda chuva, que está ao seu lado, pela narina esquerda acima, se bem que eu preferia a direita. Não perguntem porquê. Apenas....direita.
"Nós vamos ter uma conversa séria Zoe" Harry sussurra mal eu me aproximo dele.. Aceno lentamente com acabeça, como se concordasse. Já se sabe que lhe vou dar a volta no fim de contas.
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Insane «Pausa»
Fanfiction- i think if met myself, i'd hate me - All rights reserved © copyrigth 2014 ew_psycho