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[ Jeon Jungkook]

       Naquele dia, continuei pensando em nosso casamento. Acho que foi uma das únicas coisas que deu um desgosto terrível a meus pais, na época e até hoje.. Foi logo quando a lei que autorizava o casamento homoafetivo havia sido aprovada, já fazia quase um ano que eu estava noivo de Taehyung. Para a supresa de todo mundo, a iniciativa para organizar o casório foi minha. Marquei o dia no cartório, arranjei um salão de festas, e tudo que tinha direito. De alguma forma, queria fazer de uma forma que não esqueceríamos nunca.

Era primavera, logo, as flores desabrochavam nas ruas e nos corações das pessoas, o momento era perfeito. Escolhi um arranjo de lírios brancos e rosas colombianas para decorar as mesas; as toalhas eram brancas, de linho, e possuíam alguns pequenos detalhes bordados; contratei o melhor dj, e não deixei nada faltar no buffet. Tudo estava perfeito, e a nossa relação não estava diferente. Poderia chamar aquele tempo de "tempos dourados", no auge dos meus 22 anos, estava vivendo o melhor momento da minha vida ao lado de quem mais amava no mundo: Taehyung. Acordar todo dia ao seu lado era como viver no céu. Não me lembro um dia que não foi regado a risadas e beijos.

Ah, e as noites... As noites eram sensacionais. Ele nunca mediu esforços, como tudo que fazia, sempre dava o seu melhor, e acabava sendo o especialista no que fazia. Taehyung me olhava de maneira totalmente maléfica enquanto abaixava minhas calças e puxava minha cueca com a boca. Se acordar do seu lado era o céu, dormir com ele era dar um passeio no inferno. O tatuado incarnava o próprio Asmodeus* em si, me levando a extrema perdição. O momento de pecar com Taehyung era o meu momento favorito do dia, além de todos os outros. Não seria um equivoco afirmar que minhas existência se resumia a seu obliquo sorriso retangular.

A época em que nos casamos coincidiu com o sucesso do primeiro webcomic de Taehyung, o que motivou mais celebrações. Tudo estava dando tão certo... Olhar para esses dias me faz perguntar como chegamos a esse ponto. É surreal, porque não consigo explicar o porquê exato que motivou as nossas traições. E eu também não faço questão de saber as motivações de Taehyung. Na verdade, depois que ele dormiu com aquela mulher, deixei de me importar com as motivações dele. Na verdade, enquanto não sabíamos da gravidez de  Min-Hyuk, simplesmente fingi não saber, ao mesmo tempo que ele ignorou que eu o traía. E era óbvio demais, além de tudo, nos conhecíamos tão profundamente que as vezes sabíamos o que o outro estava fazendo antes mesmo da coisa se concretizar.

       Ah merda... não quero pensar sobre isso.

        Engulo a última garfada da torta, saboreando completamente cada ingrediente, e sai do escritório. Preciso de um cigarro. Logo ao sair do prédio, minhas mãos tateiam os bolsos a procura de algum maço de Marlboro. Ao achar, dou a primeira tragada pensando sobre o que Jimin havia me dito hoje, de certa forma, realmente deveria falar com Taehyung para resolver a festa dos meus pais, sem envolver o meu secretário nisso. Mas sinto que... não é um bom momento.

Talvez nunca haja um bom momento.

No segundo seguinte, ligo para ele. Só me arrependo quando escuto um "Boa noite" e risadas ao fundo misturadas com gritinhos infantis. Bem, não poderia continuar hesitando :

- Boa noite, Taehyung- disse, me esforçando ao máximo para não cometer um vacilo. Dou outra tragada. - Fiquei que conheceu meu secretário...

- Ah sim, Jimin né? - riu. Mais risadas ao fundo. - Só um minuto Jungkook- um breve silêncio na linha - Min-Hyuk, não dê trabalho para o tio Jong Suk sim? O papai já volta! - outro silêncio. Taehyung riu. -... eu to falando sério! Pelo amor de Deus, Jin me ajuda! Não deixa essas duas crianças destruírem a casa... - chamou a batata. Mais risos e gargalhadas. Meu peito se aperta. - Oi Jungkook. Conheci o Jimin sim, na verdade, reencontrei.

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