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[Kim Taehyung]

Jin me embalou em seus braços, o mais forte que conseguiu, e seu abraço-casa iniciou minha crise de choro. A sala continuava totalmente escura, enquanto a música ainda tocava baixinho no ambiente, um single qualquer de uma banda famosa durante minha adolescência, meus soluços harmonizavam-se com o refrão chiclete, mal conseguia respirar.

- Calma Taehyung - ditou Jin, afagando meus cabelos deliciosamente. - O que aconteceu? Foi o Jungkook? Calma... Tudo vai se resolver, vocês sempre se resolvem. Ou costumavam a se resolver - sussurrou a última parte, porém ainda consegui ouvir.

- Não Jin, não vamos ter mais qualquer tipo de reconciliação. - cuspi as palavras.

- Como assim Tae?

- Eu o mandei pra fora, e disse que meu advogado iria entrar o contato. Vamos nos divorciar...- Declarei, com um fio de voz. Meu amigo arregalou levemente os olhos, em um misto de prazer e surpresa, não era novidade para mim que Jin desejava isso desde que viu minha situação com Jungkook.

Mesmo se deliciando com a situação por dentro, o homem continuou a me acarinhar em consolo, sendo compreensivo o bastante. Não esperava que ninguém entendesse totalmente a dor que estou sentindo arder em minha carne, a única pessoa que poderia entender, com certeza não sente o mesmo.

Sem proferir uma palavra, ficamos no escuro, imersos no silêncio barulhento da sala, até que adormeci, apoiado nos ombros largos e fortes de SeokJin, aspirando seu perfume floral que me dava enjôos constantes. E, pela primeira vez após alguns meses, consegui sonhar:

Pétalas de todas as cores caiam do céu, e ao tocar minha pele, grudavam, me vestindo como um terno. Era uma belíssima peça, delicada demais para mim, mesmo assim, estava feliz de ser adornado daquela maneira. Estava em uma sala toda branca, invertida, o solo no teto e o teto no solo; ela era ampla, e ao seu final, havia uma enorme porta preta. Além das flores, e da porta, não havia mais nada na sala.

Então, fui caminhando em direção à porta. Nunca enxerguei muito bem e sempre resisti a usar meus óculos - que eram para estar grudados em minha face por 24 horas - mas, conseguia ver um monte de pétalas roxas crescendo ao lado da porta, a cada passo que dava. Quando cheguei à três metros da porta, o monte começou a se modelar e tomar forma de um homem alto e musculoso, a última coisa a se formar foi seu rosto, me arrancando um suspiro:Jeon Jungkook. Ele estava a minha frente, estendendo sua mão ao meu encontro. Sim, Jeon Jungkook, em pétalas e ar, na minha frente.

Sorri, extasiado. Jungkook parecia tão real, tão feliz ao me ver, despertando cada vez mais meu amor por si. Lhe dei minha mão e encaramos juntos a grande porta negra. Tentei alcançá-la com a minha mão, porém fui impedido por aquele homem lindo e seu sorriso de galã. Tentei falar alguma coisa, mas minha voz não saia. Ele riu, uma risada totalmente sem vida e sem som, para então abrir a porta.

Uma barriga começou a crescer em mim, enquanto o dedo anelar de sua mão esquerda possuía duas alianças, e seis anéis de plástico. Uma aliança era dourada, igual a que possuía em meu dedo, já a outra, era de um material esquisito, com um rubi incrustado. Seu sorriso doce se tornou em um riso selvagem e cruel, ao longo que da minha barriga saia uma rosa delicada.

Ele larga minha mão, retirando um lenço sujo do bolso, que logo se tornou um corpo masculino sexy, de bunda grande e cabelos vermelhos. O terceiro corpo na sala se virou para mim, sorriu cruelmente e sussurrou alguma coisa para Jungkook, que concordou, retirando uma arma do bolso. Fechei os olhos, agarrei minha rosa, a protegendo da melhor maneira possível, esperando o disparo.

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