Desafio

2 1 0
                                    

Pedi um capuccino grande e fiquei rolando com ele nas mãos, não sentia fome ou sede. O choque da notícia ainda não tinha passado, esperava acordar a qualquer momento e descobrir que tudo foi um pesadelo. O mundo iria acabar e recomeçar do zero se o pior acontecesse. Meu pai sempre cuidou de tudo sozinho.

_ Qual o nome do seu pai?

_ Raul Maldonado. Ele sempre pareceu ser feito de ferro bruto para mim.

_ Mas as pessoas são de carne, Karl. Você também é.

Por que essa colocação? 

_ Eu sei _ foi mais um lamento que uma informação.

_ Você ficou acordado a noite toda. Precisa comer _ apontou os pães de queijo intocados.

Desviei o olhar para o lado.

Continuou _ Precisa dormir também. A cirurgia vai levar oito horas. Vai para casa.

Gargalhei e encarei o moreno _ Eu não vou conseguir dormir, João Paulo _ falei o seu nome real pela primeira vez, me dirigindo a ele _ Obrigado por tudo. Você pode ir. Eu não vou ao clube hoje.

Essa foi a nossa despedida.

Um ano depois da morte do meu pai, recebi um convite da Hana. As lembranças daquele tempo voltou a minha mente. Era tudo tão simples. Agora que eu assumi o papel do meu pai nos negócios, vejo que eu era feliz. Durante este ano, aprendi a delegar tarefas e consegui dividir bem a minha responsabilidade com os administradores. Foi um ano muito corrido, cheio de obstáculos e superação. Mas venci cada uma delas. Desde me livrar de passar oito horas por dia atrás da máscara de empreendedor, até de me livrar das tentativas da Vera em me casar.

Este convite chegou na hora certa. Estou reduzindo o meu poder de tomar todas as decisões, para uma consultoria de assuntos realmente importantes que deve ser feita a distância. Abençoada seja a tecnologia que me livra da escravidão.

O convite da Hana era para ser seu mestre no clube que eu tanto amava. Finalmente mestre! Saí da sede principal do conjunto de empresas que constituiam os nossos mult-negócios, me despedindo de todos mais próximos.

Cheguei de helicóptero no Rio de Janeiro. O carro me esperava para me levar de volta para a casa de praia que, agora sim, era minha. Tirei o dia para descansar. 

A noite o despertador tocou. Tomei banho e me aprontei para a minha estréia como mestre da noite.

O clube havia mudado um pouco na decoração a Hana não estava. Tive que ir a sala do administrador que, com tantas mudanças, eu nem esperava conhecer. 

Bati na porta e a voz masculina mandou entrar. Achei ter reconhecido a voz, seria o JP? Abri a porta encontrando os olhos azuis sobre mim, mexia no computador, mas parou ao me ver. Recostou na cadeira incerto, em suspense.

_ Olá, como vai você? _ cheguei mais perto e lhe estendi a mão que ele apertou.

_ Bem, Karl _ fez um gesto para eu sentar _ Que pena pelo seu pai.

Baixei o olhar, ainda sentia sua falta. Sentei. Fomos muito próximos.

_ Recebi um convite, mas a Hana sumiu _ entreguei para ele.

_ Eu que enviei. Assumi o clube há seis meses. Não sou mais o puxa saco da Hana, como uns e outros diziam.

Encarei ele, entendi o recado _ Pensei que você me achava incompetente.

Sorriu _ Nunca achei isso. Nem a Hana.

_ Por que tinha toda aquela pressão em cima de mim?

_ Por isso _ levantou o convite _ Você vai pegar os casos especiais. Mulheres que não conseguem sentir prazer.

Sádica 2Onde histórias criam vida. Descubra agora