Entrelaçados

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Tive uma reunião aquela manhã. Havia um grave problema de adaptação com os meus velhos empregados e a comunicação atual. Cochilei durante a apresentação. Estava chata e eu cansado. A secretária trouxe o grande copo de capuccino que eu pedi. Segurei o seu braço e, entreguei o cartão da Joice.

_ Manda uma cesta de café da manhã e um grande buquê de rosas vermelhas para este endereço _ sussurrei para não atrapalhar a apresentação.

Comecei a mexer no celular para não voltar a dormir. Aquilo na minha frente, sendo apresentado, era uma campanha de marketing. Marketing não faz você dormir, faz você comprar. Levantei a mão para o cara que falava.

_ Estamos nesta reunião há quase uma hora. Da próxima vez, planeje uma reunião de cinco minutos. A campanha me fez dormir, refaça-a mais dinâmica.

_ Mas ainda não mostramos o vídeo.

_ Você quer que eu veja o vídeo?

_ Sim, senhor.

_ Na próxima reunião, o vídeo vem antes da falação.

_ Mas o seu pai.

_ O meu pai tinha mais de sessenta, senhores. Eu tenho vinte, como a maioria dos nossos clientes. Se vocês querem vender para eles, me convençam a ficar nesta reunião até o fim. Não me façam perder tempo. Com licença.

Cheguei em casa e deitei na minha boa cama depois de tirar a roupa.

O celular me acordou ao meio dia em ponto.

_ Obrigada pela cesta de café da manhã, Karl. O seu nome verdadeiro está no cartão que veio junto com a cesta.

_ Gostou?

_ Sim, muito.

Silêncio por um segundo _ Você quer sair comigo? Podemos... O que vc gosta de fazer? Cinema talvez?

_ Tem uma peça de teatro que só vai se apresentar amanhã na cidade.

_ Que horas?

_ As sete da noite.

_ Fechou. Manda o endereço neste mesmo número. Eu te pego onde você quiser.

_ Combinado.

_ Até amanhã, Thaís.

O clube começava sempre as onze. Dava para conciliar os dois.

Cheguei no clube um pouco mais cedo, por isso passei na copa para conhecer os meus colegas. Haviam muitas mulheres circulando, mais mulheres do que homens. Elas podiam fazer os dois trabalhos, o seu e o nosso. 

Conversamos a mesma ladainha dos que se encontram pela primeira vez. Nos apresentamos. Falamos sobre o que fazíamos e do que gostávamos. Descontraimos, falamos de nós sem revelar muito. O JP me chamou da porta interrompendo a conversa.

Segui para o corredor e caminhamos para o jardim lateral. Ele não falou nada. Quando chegamos, ele me olhou e eu lembrei de nós dois juntos, há um ano no passado, o seu rosto corado.

_ Eu pensei _ começou pausando _ Podemos sair.

Ninguém falou nada sobre sair, eu queria algo bem mais simples, o seu corpo. Mas ele queria sair comigo? Ele gosta mesmo de mim.

_ Pode ser.

Aproximei meus lábios dos seus e vi ceder-me um beijo. Que saudades eu senti deste beijo! Senti suas mãos tentando me afastar e, o prendi contra a parede do prédio, meus braços contra o concreto fazendo barreiras laterais, enquanto o meu corpo segurava o seu para minha disposição. O beijo agora ficou intenso. A situação era bem parecida com o que aconteceu entre nós no passado. Mas o fato é que eu sou assim mesmo quando quero algo, insisto. 

Sádica 2Onde histórias criam vida. Descubra agora