Amores carnais

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Minha cintura era envolta pelos braços dele, ele me abraçava tão forte que eu conseguia muito bem sentir cada palpitação de seu coração, seu nariz estava tão próximo de meu pescoço que a cada segundo eu sentia sua forte - e quente - respiração batendo em minha pele. Minha destra estava levemente posicionada em sua nuca, fazendo leves afagos em seus fios castanhos encaracolados, com a canhota eu acariciava suas costas, percorrendo por toda a linha de sua coluna. Estávamos juntos, nos acariciando mas não nos amando.  Quer dizer, eu o amava mas ele amava a outra. 

Toda vez que meus lábios tocavam os dele eu tinha certeza de que era ele quem eu queria ali mas também tinha certeza de que não era eu quem ele queria. Toda vez que nossos corpos aqueciam um ao outro eu sabia que a mente dele estava nela. Eu me sujeitava a ser uma espécie de consolo e tudo isso porque eu o amava. 

Quer dizer, por deuses, ele me usava, e como usava, e eu achava que estava tudo bem por ele ter me escolhido como brinquedo e não ela, eu achava que um dia ele poderia desenvolver qualquer tipo de sentimento romântico por mim. Uma tola. 

Eu me contentava com caricias falsas, beijos meia boca e tudo isso para ter alguém do meu lado, alguém que não queria ficar e isso era tão óbvio. Mas eu estava enfeitiçada, eu estava viajando na ilusão de que eu havia encontrado o amor da minha vida em um "melhor amigo".

Mas chegou em um tempo que eu cansei, peguei minhas declarações, meus textos no quais ele era o foco principal, minhas roupas e sai pela porta da frente para nunca mais voltar. 

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