Capítulo 3

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Naquele momento, ainda continuava descrente dos ocorridos que tinha acontecido nesta casa. Agradeço a Deus com todas as minhas forças que esse pesadelo acabou.
Era o 10° dia de 15 dias que iria passar junto à minha tia, e a mesma continuava com conversas estranhas sobre aquele grupo de bingo. Falava sobre coisas sem nexo, como "Aquele grupo de negras não vai atrapalhar nossas ações e nem nos separar, não adianta parar as coisas em nossa coméia pois sempre continuarão por bem ou por mal". Do que ela tanto falava? E afinal, o que era a senhora Lunar?
Depois de tanta coisa que ocorreu naquela casa, eu ja ficara muito receiosa com qualquer coisa que minha tia falava. Muitas das vezes saía com intuido de ir para aquele grupo, conversar com aquelas senhoras bem vestidas e bem formosas. Não a impedia, afinal ela era independente e ainda não mostrava que estava completamente louca da cabeça; fazia suas coisas como uma mulher madura que era e sempre cumpria suas tarefas. Normal. Porém, este 10° dia foi o marco para eu sair de vez daquela casa, nunca mais voltar e me indago até hoje o que se passou.
Era de noite, acho que era 2:00 da manhã. Noite fria, e como a gente estava em uma fazenda, o vento que corria pelo campo sempre fazia barulho pelos matos e pelas árvores que ali havia. Meu pesadelo começou novamente quando escutei aquele vocal de cabra. Já estava me perguntando "Essa cabra não tem o que fazer? Sempre me atormenta!". Levantei da cama e fui até a sala para ver se tinha alguma movimentação estranha por parte da minha tia, e sim, ela estava acordada em frente à porta principal que estava aberta chamando "Lunar! Ó Lunar cadê você?!". Eu vendo aquela cena, já com muito medo, me aproximei dela e vi uma movimentação no meio daquela escuridão; vi aquela mesma cabra de antes, extremante branca, se aproximando da porta. Puxei minha tia, e fechei aquela porta com muita rapidez sem ao menos pensar duas vezes. Aquela cabra já estava me dando raiva e ao mesmo tempo muito, muito medo.
Minha tia, reclamou comigo e me perguntou o por quê estava a afastando de sua melhor amiga, e eu, tentando ser realista, falei que aquilo não era dona Lunar, que esta senhora poderia muito bem estar em sua casa e dormindo tranquilamente naquela hora da madrugada. Porém, aquela senhora insistia que essa cabra era a sua melhor amiga, contudo, como que um ser humano pode se transformar em uma cabra? Impossível não é? Era o que pensava. Enfim, em meio a insistência, escutamos algo batendo em nossa porta, mas não era uma batida normal, era como se alguém tivesse com uma marreta batendo insistentemente naquela porta; confesso que naquele momento estava trêmula, aquela coisa continuava batendo e batendo e batendo sem se cansar. E para deixar tudo mais assustador, aquela coisa batia e tentava falar alguma coisa. Gritava e falava, gemia e tentava arranhar a porta. Eu já estava ficando louca e nessa altura minha tia ja estava com medo daquela situação, e eu só podia gritar na minha cabeça "Só acordou agora sua Juruscreuza?". Após momentos de batidas e mais batidas, tudo se acalmou. Silêncio na casa e so se escutava o vento no campo. Contudo, momentos depois, bruscamente o silêncio foi trocado por um choro horripilante. Um choro alto e que poderia ser escutado em toda a casa. Enquanto aquele choro era escutado, escutava-se em meio aquele choro de lamentação (eu acho) gemidos muito difíceis de entender, porém pude entender "Por que você esta fazendo isso comigo Flávia? Sua melhor amiga não pode entrar?". Naquela hora me arrepiei, aquela voz em meio aos gemidos, mesmo distorcida, parecia com daquela dona, a dona Lunar. Minha tia nada falava, abraçava o travesseiro e tentava não fazer nenhum barulho. O choro cessou, mas isso não foi o fim. Até o dia amanhecer aquela coisa gritava desesperadamente, ainda tentando abrir a porta e andando em volta da casa. Podia se escutar os cascos amassando o mato em volta da casa.
Quando finalmente acabou, arrumei minhas malas e decidir ir embora; não ficaria mais nenhum segundo naquela loucura. Enquanto fazia minhas malas, minha tia continuou no sofá, abraçada com aquele travesseiro e não falou comigo até eu me despedir dela. O que aquela senhora toda descabelada e com sua roupa de dormir falou foi "Lunar me assustou muito essa noite. Ainda bem que você esta indo embora... você seria a próxima...". Disse "tchau" meio assustada e fui embora daquele inferno. Eu seria a próxima cabra branca? Por quê? Será que sua morte teve haver com isso? Porque pelo que me falaram, seu corpo foi encontrado nu numa mata e foi-se visto pequenos volumes em sua testa. Seus olhos estavam estranhos, sua cabeça quase saindo de seu corpo e finalmente pelos brancos em algumas partes de seu corpo. Ela foi a próxima cabra por ser a mais bonita? O que teria acontecido se eu não tivesse saído daquele lugar? Teriam me amaldiçoado?

A Cabra LunarOnde histórias criam vida. Descubra agora